Ela ainda estranha não ser assediada por fãs nas ruas e ter menos pedidos de entrevista que o habitual. Ainda assim, a lutadora de MMA (Mixed Martial Arts) Cris Cyborg se mostra feliz por estar em Curitiba.
Dona do cinturão da categoria até 66 kg no torneio Strikeforce, Cris não colocava os pés no Brasil há dois anos, focada na carreira. Mora em San Diego (EUA) e passa férias em Curitiba desde 15 de dezembro. "Sou família. É importante estar perto da minha mãe, ter almoço de domingo na casa da avó. Recarrego minhas baterias", diz.
A estadia na capital paranaense tem data para acabar: 13 de janeiro, quando retorna aos Estados Unidos. "Quero voltar mais vezes para o Brasil. Foram dois anos sem vir por causa de documentação. Agora, como ganhei o Green Card, posso viajar mais", conta a atleta de 25 anos.
Mas permanecer na cidade onde nasceu, viveu e começou a treinar muay thay há seis anos não está nos planos. "Minha carreira é o mais importante. Lá [nos EUA] estou mais presente na mídia, mais inserida no MMA", diz. Seu primeiro evento no Strikeforce em 2011será à beira do ringue: acompanhará a luta entre o marido, Evangelista Cyborg Santos de quem herdou o apelido , e o norte-americano Nick Dias, dia 29. O duelo vale o título dos meio-médios (até 78 kg). Se o brasileiro vencer, será a primeira vez que o MMA terá um casal dono de cinturões.
Cris não luta desde junho, em sua segunda defesa do título, conquistado em agosto de 2009, no combate histórico com a musa norte-americana Gina Carano. Um dos motivos é a falta de adversárias. De 11 confrontos no Strikeforce, a curitibana venceu 10, sendo que apenas dois por decisão dos juízes. Nas demais, nocauteou. "Já me pediram para tentar prolongar mais as lutas, mas não dá", ri.
Das veteranas que enfrentou, ainda não recebeu um pedido de revanche. Entre as novatas, falta um cartel mais rodado para confrontá-la. "Acho que devo lutar em março. Ainda estão negociando. Até lá, sigo treinando. Quero continuar com o cinturão por muito tempo, mas defendendo-o."
Incluir Cris Cyborg no hall da fama do esporte pode até parecer exagero no Brasil, onde o MMA está longe da fama que tem nos Estados Unidos, Japão e alguns países da Europa. Mas é realidade: em dezembro a lutadora foi a vencedora do World MMA Awards, espécie de Oscar da modalidade, organizado pela revista Fighters Only. É o segundo an o consecutivo que ela vence a categoria "Melhor Lutadora". "É claro que fico um pouco triste por esse reconhecimento ainda não chegar no Brasil. Defendo meu país, mas meu país não reconhece", lamenta.
Nada que a desanime. Ela diz acreditar que o esporte está crescendo por aqui, tanto no masculino quanto no feminino. "Já temos lutadoras com potencial para serem até melhores do que eu. Vejo, nas aulas e seminários que dou, o interesse das mulheres de experimentar."
Cris assume o papel de embaixadora do MMA e quer levá-lo para um público feminino cada vez maior. "Penso em abrir, este ano, uma academia com meu marido nos Estados Unidos. Eu ficaria com as aulas para crianças e mulheres. O Cyborg com o masculino e os treinos dos profissionais", conta, não descartando abrir academias também no Brasil.
Nos próximos dias, no entanto, ela quer apenas aproveitar o restinho da folga em Curitiba. "Senti falta de tanta coisa... Da comida, da família...", suspira.
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