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Prova mantém a origem militar

Em seus primeiros anos, a Corrida do Facho era uma prova noturna, em um percurso de 40 km em es­­trada de chão. Para iluminar o ca­­­minho, cabia a cada corredor carregar uma tocha – o facho – por um quilômetro, até entregá-lo ao colega. As equipes eram formadas por 40 militares. No escuro, sem enxergar os buracos e pedras do caminho, a maior dificuldade era o incômodo das fagulhas caindo pelo braço.

Na década de 1960, trocou-se a noite pelo dia e as equipes foram reduzidas. Hoje, cada uma é formada por 12 corredores. Destes, oito devem estar na ativa e quatro podem ser ex-militares. O facho foi substituído por um bastão. No início, a largada era em Quatro Bar­­ras e chegada no Passeio Público. O percurso foi alterado várias vezes e atualmente é no Centro Cívico. A partir de 1982, abriu-se espaço para que grupos formados por civis disputassem a prova, até hoje exclusiva para os homens. Na edição de amanhã, dos 786 participantes, 500 são militares. (AB)

Amanhã é dia de clássico. Não se trata de Atletiba, mas pela tradição, a comparação não é exagero. Às 8h30 será dada a largada da 72.ª edição da Corrida do Facho, a mais tradicional corrida de rua de Curitiba, disputada entre os batalhões do Exército, com 11,6 km (970 m por atleta).

A primeira disputa foi em 1937 e teve como campeão o 15.º Batalhão. Em 72 edições ininterruptas, foi realizada durante anos no dia 25 de agosto, no Dia do Soldado. Este ano, o evento marca o início das solenidades da Semana da Pátria.

Participar da Corrida do Facho era uma honra para os corredores. Um "fachista" era admirado não só dentro do quartel como também em toda a cidade. Mais do que admiração, no entanto, os militares-atletas queriam a vitória sobre seus companheiros de armas. A sede de pódio permanece. Tanto que a formação e a preparação da equipe começam meses antes da prova.

Em busca do tetracampeonato consecutivo, o 5.º Grupo de Artilharia de Campanha (5.º GAC, no Bo­­queirão), inicia a formação do time em março, com os novos reservistas. "Fazemos a Taça Alvorada, uma competição interna, para afunilar a seleção. Um fachista é notado por todo o quartel. Todos se mobilizam para apoiar", conta o coronel-co­mandante Richard Fernandez Nunes.

Time escolhido, os treinos são diários. Além da parte física, há a preocupação com o psicológico: incentivo do comandante, de ex-fachistas, palestras motivacionais e concentração 48 horas antes da prova. Tudo para garantir o melhor desempenho. Afinal, a corrida é contra outros 14 batalhões.

Tradição

A"rivalidade" vem de longa data. O subtenente do 5.º GAC Manoel Francisco do Nascimento disputou a prova em 1956, ano em que seu batalhão foi vice-campeão. "Perdemos para o 20.º BIB. Sem­­pre foi uma guerra", diz.

Aos 72 anos, o subtenente Nascimento lembra que "quase toda Curitiba acompanhava a corrida. Eram ainda só 50 mil habitantes. Um grande evento". A prova de 1956 foi sua primeira corrida de rua. Até hoje participa de provas, inclusive maratonas.

Serviço

Corrida do Facho – largada da categoria principal às 8h30, em frente ao Palácio Iguaçu, no Centro Cívico de Curitiba. A chegada também está marcada para o mesmo local.

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