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Parte 1 - Entrevista com o piloto Felipe Massa | audio
Parte 1 - Entrevista com o piloto Felipe Massa| Foto: audio

Há cerca de duas semanas, Felipe Massa concedeu uma entrevista à imprensa brasileira. Por intermédio da assessoria da Ferrari, foram coletadas perguntas com diferentes jornais do país, entre eles a Gazeta do Povo. Os questionamentos – sobre o novo carro, Kimi Raikkonen, o Kers, a rival McLaren e outros assuntos – foram respondidos integralmente pelo piloto. Confira os principais trechos desta entrevista em pool.

Você teme que a crise continue a tirar patrocinadores da F-1 ou possa reduzir o salário dos pilotos?

Depende muito da crise. Se ela aumentar, vai afetar não só o salário dos pilotos como até o futuro da F-1. Quanto aos patrocinadores, sempre há empresas que precisam fazer propaganda. A F-1 é um esporte, um meio de comunicação muito importante para as empresas, principalmente de tecnologia.

A crise afetou a Ferrari também?

Um pouco. A Ferrari, apesar de ser uma equipe top, é uma empresa que tem carros de rua, e o setor automobilístico foi afetado. É mais um motivo para, mesmo uma equipe como a Ferrari, tentar economizar em todas as áreas.

Que mudança no regulamento deve proporcionar um grande passo à frente em termos de desempenho?

Hoje o carro tem muito menos pressão aerodinâmica. Lógico que com os pneus slick as coisas melhoraram, você tem mais grip (aderência) mecânico. Lógico que depois de um tempo, quando o pneu já não é mais novo, o carro perde aderência. Então a maneira de você controlá-lo é muito diferente do que no ano passado. É um carro muito mais solto, que escorrega mais. Mas eu acho que depois de alguns treinos a gente aprendeu rápido. Fora isso tem outras coisas como o Kers, que tem de usar perfeito, em todas as voltas no momento certo para ganhar o máximo de performance possível, sem perder nenhum décimo daquilo que pode ganhar. Tem também a asa dianteira móvel. É importante trabalhar nela, acertar o carro mais para as curvas de baixa velocidade e, ao chegar na curva de alta, aumentar a asa.

Como se adaptar a um carro tão diferente?

Com o treino você acaba se adaptando a cada mudança. Pode parecer uma coisa meio estranha, mas acho que todo piloto está acostumado a cada ano com coisas novas. Começar do zero em muitas coisas. Um piloto começa no kart, depois vai para a fórmula e começa do zero. Depois sai de uma categoria e vai para outra, você começa do zero. Aí vai para a F-1, encontra um ambiente totalmente novo, você começa do zero. Então a cada ano muita coisa muda, tem de se adaptar com regulamentos diferentes, com pneu diferente. Isso faz a diferença entre um piloto de F-1 e um piloto de outra categoria. Você está sempre aprendendo e sempre mais rápido do que os outros. As novas regras não mudaram muito o modo de trabalhar. Adaptei-me rapidamente a todas elas.

Pelo que você viu nos testes, é certo dizer que a McLaren vai começar o campeonato um passo atrás da Ferrari?

Acho que até agora sim. É difícil ter uma ideia clara, porque a primeira corrida é o que conta, mas a gente nunca viu uma McLaren tão atrás, tão em dificuldade como esse ano.

Gazeta do Povo – Como está sua adaptação ao Kers? O sistema será mais útil para ultrapassar ou se defender de ultrapassagens?

É necessário em qualquer ocasião. Para tempo de volta, você sabe que pode virar 3, 4 décimos mais rápido. E também é super necessário para uma ultrapassagem, para uma largada. Você tem mais potência do que quem não tem o Kers. É decidir onde usar. Entender se um carro que está na sua frente usou naquele ponto e você não e saber que no próximo você tem uma vantagem em cima dele.

Gazeta do Povo – Você é um dos pilotos mais leves da F-1. Mas também achou necessário perder peso após a adoção do Kers?

Não, porque já sou um piloto bem leve. Não sou alto, tenho 1,67 m. Peso, sem roupa, em torno de 60 kg. Com macacão, em torno de 63 kg. Continuo fazendo meu treino ainda mais intenso na parte física, sem perder peso, para ter a força necessária do começo ao fim da corrida.

Gazeta do Povo — A Fórmula 1 passou por uma renovação nos últimos anos. Mas neste ano o Sebastien Buemi é a única cara nova. Como a média de idade é baixa, você acredita que esse grupo de pilotos vai dominar por algum tempo a categoria?

Acredito que sim. A gente tem uma safra muito boa. Tivemos nos últimos anos pilotos jovens como o Hamilton, o Vettel, pilotos super talentosos que vão ficar aí para os próximos vários anos. Hoje na F-1, apesar de ter 20 carros, acho que não temos mais um piloto que ‘ah, ele tá lá sem merecer, ele tá porque tem dinheiro, ele tá porque tem patrocinador’. Acho que todos os que correm hoje na F-1 são extremamente talentosos, têm todo o mérito possível. Isso faz a categoria ainda mais competitiva.

Parece que o seu companheiro de equipe está encarando essa temporada de forma diferente. Ele aparenta estar mais em forma do que no ano anterior e, segundo a imprensa finlandesa, diminuiu o consumo de bebidas alcoólicas. Raikkonen ainda é um homem a ser batido ou você terá cuidado apenas com Hamilton?

Nem um, nem outro. Todos são o concorrente principal. Lógico que estar na frente do seu companheiro de equipe é um motivo concreto para você mostrar que fez o melhor possível com o seu carro. Mas acho que estou preparado para disputar e para lutar com qualquer tipo de competidor.

Está satisfeito com o novo F60?

Acho que fizemos o que deveria ser feito. O carro é competitivo, rápido, constante. A gente conseguiu andar bastante, fazer simulações de corridas nas quais o carro não apresentou problemas. Acho que a gente está pronto para começar o campeonato e espero que sejamos tão competitivos como nos últimos anos.

Após terminar a última temporada como vice-campeão, você afirmou que o título não foi perdido na última curva e o diretor-geral da Ferrari, Stefano Domenicali, reconheceu que você era uma vítima dos erros da equipe durante o ano. Já foi discutido internamente o que correu errado? Acha que estes detalhes podem fazer a diferença em 2009?

Sem dúvida. Acho que foi um motivo totalmente trabalhado dentro da equipe. A gente sabe onde errou. Sabe aonde perdeu ponto. Sabe de todos os motivos e, independentemente se foi um problema da equipe, do carro, do piloto, de quem seja, a gente sabe de onde veio e temos de trabalhar para que não aconteça mais, para que o carro seja sempre competitivo, confiável. Para que a equipe seja sempre eficiente no trabalho de pit-stop, no trabalho de desenvolver o carro, de eficiência. Infelizmente, perdemos um título. Eu poderia ter vencido meu primeiro campeonato, mas acho que serviu também como lição e experiência para que não aconteça mais.

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