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A baixa: a Honda, que nos dois últimos anos não estampou marca alguma de patrocinador no seu carro, foi a primeira vítima na Fórmula 1 da crise mundial | Ben Stansall/AFP
A baixa: a Honda, que nos dois últimos anos não estampou marca alguma de patrocinador no seu carro, foi a primeira vítima na Fórmula 1 da crise mundial| Foto: Ben Stansall/AFP

Cintos apertados

Veja como a crise afetou o mundo da Fórmula 1.

Honda

A montadora japonesa fechou as portas de sua equipe. A consequência da saída só não foi maior porque Ross Brawn transformou o espólio da Honda em uma nova equipe.

Patrocínios

Patrocinadores de peso, como a financeira holandesa ING e o banco escocês RBS, diretamente afetados pela crise, já anunciaram a saída gradativa da F-1.

Teto

A FIA e as equipes organizam um pacote de mudanças no orçamento para 2010. Quem se adequar ao teto de 30 milhões de euros/ ano terá benefícios na parte técnica.

Glamour

As dificuldades financeiras devem diminuir os gastos das equipes com promoções. Na pré-temporada, equipes como Toyota e Ferrari trocaram os pomposos eventos de lançamento de seus carros por comunicados e distribuição de fotos via internet. Nas corridas, a tônica deve ser motorhomes mais enxutos e funcionais.

Red Bulletin

Nem o irreverente jornal da Red Bull resistiu. Após ter sua extinção anunciada, o informativo foi reativado, mas agora para atender a todos as competições em que a empresa está envolvida – não mais apenas a F-1 – e com a sisudez editorial que tanto ajudou a combater.

  • Os reis da velocidade e os reis do riso - A montagem não é nova, já circula na internet desde o ano passado. Mas ainda assim traz uma visão bem humorada dos quatro principais pilotos da Fórmula 1 na atualidade: Kimi Raikkonen, Lewis Hamilton, Fernando Alonso e Felipe Massa. Ou, no caso da ilustração, Didi, Mussum, Dedé e Zacarias, a formação original de Os Trapalhões

Por pouco a F-1 não ficou reduzida a 18 – ou até menos – carros no grid de largada. Canadá e França não fazem mais parte do calendário. Os testes foram proibidos. Patrocinadores de peso esperam apenas o fim dos contratos para abandonar o barco... Como era de se esperar, a crise financeira mundial lançou seus tentáculos com tudo sobre a categoria mais nobre do automobilismo.

Os reflexos imediatos são a saída da Honda (compensada, quase em cima da hora, pelo surgimento da equipe Brawn GP) e a redução de 18 para 17 provas (saem os circuitos canadense e francês, entra o de Abu Dhabi). Entre a primeira e a última etapa, as escuderias, que só poderão utilizar oito motores por carro, perderam a chance de ajustar detalhes nos tradicionais testes.

Mas os efeitos da crise ainda vão acompanhar a categoria por algum tempo. As equipes Williams e Renault, por exemplo, tentam encontrar alternativas para a perda, no fim do ano, de seus principais patrocínios, o banco escocês RBS (US$ 55 milhões) e o grupo financeiro holandês ING (US$ 65 milhões), respectivamente. A escuderia francesa já anunciou a redução no salário dos seus pilotos.

O ING ainda distribuía cerca de US$ 21 milhões a 13 GPs do Mundial. E foi justamente por falta de um parceiro poderoso que o circuito de Magny-Cours, na França, saiu do roteiro. Se tivesse um, o de Montreal, no Canadá, não acabaria descartado pela FIA para dar lugar à milionária pista de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, onde a crise parece não ter chegado.

Para 2010, a Federação Internacional de Automolismo (FIA) pretende limitar o orçamento das escuderias a 30 milhões de libras (R$ 98,5 milhões) para toda a temporada. A Honda, que vinha gastando muito mais do que isso – cerca de US$ 350 milhões em 2008, abaixo apenas de Ferrari, McLaren e Toyota –, preferiu cair fora imediatamente. Considerando o investimento no esporte supérfluo, a montadora japonesa alegou a necessidade de "proteger o centro de sua atividade comercial" para colocar a equipe à venda.

Apenas no início de março o engenheiro inglês Ross Brawn, ex-diretor técnico da Ferrari e chefe da Honda desde 2007, efetivou a compra – valores não foram divulgados. Um alívio para os executivos da F-1, que temiam um efeito dominó gerando vexatória redução de carros no grid. "Com 16 já seria uma grande perda de credibilidade", admite o presidente da Federação, Max Mosley.

A Williams, por exemplo, só ganhou fôlego com o adiantamento de cerca de US$ 20 milhões por parte da FIA, além de se animar com o pacote de redução de custos. Maior fabricante de carros de passeio do mundo, a Toyota pensou seriamente em seguir o exemplo da Honda. O orçamento foi drasticamente reduzido, mas a renovação da parceria com a empresa de eletrônicos Panasonic garantiu a continuidade na F-1.

No fim das contas, dez equipes seguem na disputa. Todas aceitaram trabalhar em conjunto para diminuir os gastos, mas o polêmico teto está longe de ser unanimidade. Principalmente entre as maiores, que não gostaram da liberdade prometida apenas a quem se enquadrar na nova regra: menos restrições aerodinâmicas, asas móveis e motor sem limitação de giros.

"É como se o Coventry pudesse entrar com 30 jogadores contra 11 do Manchester United. Ou como se houvesse no tênis uma rede mais baixa para quem não tem uma raquete tão boa", compara o piloto australiano Mark Webber, da Red Bull.

Apenas uma das opiniões contrárias, o que deixa claro que será um ano de muito jogo político para definir o que entrará de fato em vigor na próxima temporada. Tudo enquanto pilotos e equipes tentam se adaptar às regras que já mudaram e à nova realidade financeira.

"A época na qual os milionários torravam seu dinheiro já passou", sentencia Mosley.

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