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Lima, o herói em uma das noites mais felizes da história rubro-negra: dois gols contra o Chivas no Jalisco. | Antonio Costa/Gazeta do Povo
Lima, o herói em uma das noites mais felizes da história rubro-negra: dois gols contra o Chivas no Jalisco.| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo

Chivas 2 x 2 Atlético

Chivas

Sánchez; Francisco Rodríguez, Javier Rodríguez, Salci e García; Medina (José Vieira), Morales (Vela), Alfaro (Peralta) e Sol; Palencia e Omar Bravo. Técnico: Benjamín Galindo.

Atlético

Diego; Jancarlos, Danilo, Durval e Marcão; Alan Bahia, Cocito (Thiago Vieira), Fernandinho (André Rocha) e Fabrício; Aloísio e Lima (Ticão). Técnico: Antônio Lopes.

Estádio: Jalisco, Guadalajara.

Árbitro: Carlos Torres (Paraguai).

Auxs.: Nelson Cano (Paraguai) e Nelson Servián (Paraguai).

Amarelos: Marcão, Danilo e Ticão (CAP); Morales, Alfaro e Sol (C).

Gols: Palencia (24/1º); Lima (23/2º e 35/2°), Palencia (40/2º).

Todo o torcedor atleticano dormiu um pouco mais tarde na noite de 30 de junho de 2005. Eles tinham um compromisso obrigatório com o clube do coração: acompanhar o jogo de volta da semifinal da Libertadores, contra o Chivas, em Guadalajara. A vantagem construída no confronto de ida, com a vitória por 3 a 0 na Arena da Baixada, dava a segurança de que só uma tragédia evitaria a classificação para a final.

Ainda assim, os rubro-negros só foram explodir no início da madrugada de 1º de julho, quando Lima, aos 23 minutos do segundo tempo, empatou o jogo. Doze minutos mais tarde, Lima virou a partida, reforçando uma festa que nem o gol de Palencia conseguiu aplacar. O empate por 2 a 2 no história Estádio Jalisco fez os atleticanos dormirem – aqueles que conseguiram dormir – finalistas da Libertadores. Façanha que completa dez anos neste 1º de julho de 2015.

A Gazeta do Povo esteve in loco em todas as partidas, da estreia em Medellín à finalíssima no Morumbi. Acompanhe a cobertura da história partida em Guadalajara. Os textos são de Marcio Reinecken e as fotos, de Antonio Costa. O material foi publicado na edição de 1º de julho de 2005.

A um passo da glória

Fernandinho, o camisa 10 rubro-negro em 2005.Antonio Costa/Gazeta do Povo

Palavras já não exprimem com precisão o sentimento do torcedor rubro-negro: o Atlético está final daCopa Libertadores da América!

Em mais uma atuação marcada pela superação (raça e vontade se juntaram no bico da chuteira de cada atleta), o time comandado por Antônio Lopes empatou por 2 a 2 com o Chivas, no Jalisco, e levou heroicamente o futebol paranaense pela primeira vez a uma decisão continental.

Literalmente contra tudo e todos – até a cúpula atleticana chegou a declarar o seu descrédito com a equipe no início da competição –, o Atlético chegou ao topo.

Hoje, o torcedor acordou com o gosto único de ser, entre milhares, uma das duas melhores equipes do continente americano. Na quarta-feira, contra o São Paulo, na inédita final brasileira, ainda em local indefinido, ele busca o lugar só para ele.

Ontem, o olhar atônito dos 65 mil mexicanos presentes no estádio consagrado pelo tri de 70 ficou para trás como tantos outros, de outras nacionalidades, quando Fabrício correu pela esquerda, esperou Marcão passar mais pelo centro (quase na grande área), receber e não ser fominha: a bola sobrou sozinha para Lima tocar para dentro do gol.

Foi o gol de empate do Atlético, daquele grito de alívio que agitou milhares de casas curitibanas. Ali – enquanto Lima curtia o seu momento de Pelé atrás do gol (ainda viria outro melhor) – os jogadores do Atlético se abraçavam no meio-de-campo.

Pelo placar de 3 a 0 construído na Arena, o 1 a 1 daquele momento obrigava os mexicanos a marcarem mais quatro gols para se classificarem – e já se iam 23 minutos do segundo tempo.

Mas antes disso, foram tantas bolas alçadas na área rubro-negra, tanto sufoco, o gol de Palência (aos 24’ do primeiro tempo) e mais uma dezena de outros perdidos tanto pelo Chivas quanto pelo Atlético que se pode afirmar que a partida fez jus ao palco.

E a torcida mexicana também. Mesmo após gol de empate o torcedor continuou acreditando no Chivas, chegou a se animar até um pouco mais quando Lima olhou para o banco de reservas e pediu para sair, mas “quedó” de vez quando o atacante arrancou para cima do zagueiro, gingou e chutou no canto esquerdo do goleiro, aos 35’ – Palência ainda empatou de pênalti, aos 40’.

No novo quadro pintado pela equipe paranaense na Libertadores (com os alto-falantes do estádio tocando “We are the champions” – Nós somos campeões), Lima poderia aparecer como destaque, talvez junto de Diego – novamente fez milagres.

Mas quem viu o aquecimento, o abraço de todos unidos no gramado, antes do jogo, sendo xingados pelos mexicanos, entenderá que esse time não tem estrelas. Talvez seja esse o segredo do Furacão.

À procura de abrigo

O torcedor rubro-negro se concentrou nos bares da Arena para assistir à semifinal.Hedeson Alves/Gazeta do Povo

O Atlético afirma que só começará a definir onde o Rubro-Negro jogará a primeira partida da final da Libertadores, quarta-feira, contra o São Paulo, a partir de hoje.

Quando chegar em Curitiba no começo da tarde, os dirigentes já têm bem adiantada a estratégia para uma ação rápida. Extraoficialmente, a cúpula do clube tra balha com três hipóteses: jogar na Arena, no Couto Pereira ou no Beira-Rio.

Na primeira delas, e preferida (a Arena), o Atlético já teria iniciado os contatos com a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) argumentando que a capacidade de seu estádio só é menor pelas leis vigentes no Brasil (leia-se o Estatudo do Torcedor). Pela norma, em vigor no país desde novembro de 2003, exige-se que as praças esportivas com mais 20 mil lugares tenham cadeiras numeradas.

Na manga, os dirigentes ainda argumentariam que alguns estádios da Alemanha, por exemplo,

onde foi realizada a Copa da Confederações e será a Copa do Mundo de 2006, também não têm capacidade para 40 mil pessoas. O Rubro-Negro acha que poderá seduzir os membros da Sul-Americana, pois confia que a exigência só existe para evitar que a final ocorrerá em estádios sem condições, o que não seria o caso do Joaquim Américo. Por outro lado, o São Paulo poderia ser o maior empecilho para isso, afinal (conhecendo a força do “Caldeirão”), se posicionaria contra a alteração da regra.

Caso o Atlético não obtenha sucesso com a Arena, ao menos aumentariam as chances de atuar no Couto. Mesmo com as declarações em contrário do presidente do Coritiba, Giovani Gionédis. O Rubro-Negro (assim como a Federação Paranaense de Futebol) acredita que se houver uma imposição da Conmebol, não precisará sair de Curitiba para disputar a partida mais importante de sua his tória – essa parece ser a opção com mais força entre os atleticanos. Mas se tudo falhar, não haverá outra forma senão o Atlético sair da capital paranaense e do colo de sua torcida.

Chegou-se a cogitar, antes mesmo do jogo de ontem, a possibilidade de se mudar para o Morumbi, em São Paulo, cidade mais acessível ao torcedor atleticano. A opção foi abortada já na noite de quarta-feira, na mesa do restaurante do Hotel Hilton (onde o Atlético estava hospedado), logo após a vitória do São Paulo sobre o River Plate.

Assim, o Beira-Rio, estádio do Internacional de Porto Alegre, virou a terceira opção atleticana. O anúncio deverá ser feito hoje à tarde.

Jogadores fizeram a festa no Jalisco

Marcão com a bandeira do Brasil no gramado do Jalisco.Antonio Costa/Gazeta do Povo

Ainda dentro do gramado do Estádio Jalisco os jogadores do Atlético desabafaram e explodiram com a histórica classificação para a final da Copa Libertadores. Comemorando junto com os cerca de 30 atleticanos na arquibancada a euforia tomou conta da equipe que sempre correu por fora para chegar à decisão.

“Nunca vi um time tão unido quanto esse. Esta aí o Atlético, muita gente desprezou nossa equipe e estamos aí; na final”, vibrou o volante André Rocha.

Enrolado na bandeira do Brasil, o capitão Marcão revelou um dos segredos do empate arrancado durante o segundo tempo da partida.

“Não jogamos no primeiro tempo, valeu a bronca que o Lopes nos deu no intervalo mexendo com nossos brios. É muito bom estar na final”, desabafou.

O goleiro Diego admitiu que não daria para relaxar. “Pela euforia não vai dar para descansar muito. Temos que nos tranqulizar, porque não conquistamos ainda o objetivo”, disse.

“Bicho” pelo título agita finalistas

Aloísio observa a saída do goleiro Sánchez,Antonio Costa

Caso o Atlético conquista a Copa Libertadores, irá faturar em prêmio US$ 1,4 milhão, valor total destinado a cada fase pela Conmebol. Desta fatia, boa parte – algo decidido antes da competição, mas mantido em sigilo no clube – será repassada aos jogadores e integrantes da comissão técnica.

Ao contrário do Furacão, o rateio são-paulino já veio a público. O título para o Tricolor deve engordar os bolsos da equipe em torno de R$ 700 mil. Esse deve ser o valor da premiação que será oferecida ao elenco pela diretoria do clube. Este dinheiro será dividido entre 44 pessoas – além dos atletas e equipe técnica, os médicos, nutricionistas, roupeiros...

Os jogadores do time paulista ficarão com a maior parte do bolo. Mas se fosse dividido igualmente entre todos, cada um receberia R$ 16 mil. Até agora, o São Paulo já pagou cerca de R$ 800 mil em premiações na Libertadores. O Furacão também tem repassado uma verba por degrau conquistado, outra cifra não divulgada.

O valores foram subindo progressivamente a cada avanço de fase da equipe do Morumbi. Na primeira fase, por exemplo, a classificação rendeu R$ 100 mil. A passagem pelos argentinos do River nas semifinais valeu R$ 400 mil. Reservadamente, tanto os jogadores são-paulinos quanto os atleticanos dizem que só pretendem falar sobre a premiação da final após o primeiro jogo, na próxima quarta-feira, ainda com local indefinido. A estratégia (apesar de arriscada) também é a mesma: fazer um placar no primeiro duelo e pressionar os dirigentes.

Carneiro Neto: No topo da América

Lima, o Falso Lento da Baixada.Antonio Costa/Gazeta do Povo

O Atlético entrou para a história da Copa Libertadores da América após o empate, em Guadalajara, assegurando a primeira decisão entre dois clubes do mesmo país. E caberá ao futebol brasileiro esta primazia, com o Furacão enfrentando o São Paulo nas finais.

Na partida de ontem o time atleticano encontrou dificuldades no primeiro tempo, diante da marcação falha na sua meia-cancha e da natural empolgação da equipe mexicana. Sofreu um gol e o técnico Antônio Lopes teve a capacidade de corrigir a marcação, substituindo o dispersivo Fernandinho pelo aplicado André Rocha. Naturalmente o time passou a jogar melhor e virou o placar com dois gols marcados por Lima, o grande nome da campanha rubro-negra nesta temporada.

Os outros destaques de ontem foram o goleiro Diego, os zagueiros Danilo, Durval e, sobretudo, Marcão. Finalista da Libertadores, o Atlético realizou o sonho da sua torcida que comemorou, ruidosamente, o feito. Agora, contra o São Paulo, todos reconhecem as dificuldades, especialmente pelo fato de não poder jogar na Arena da Baixada, fator de desequilíbrio a favor do Atlético.

Até agora a trajetória do Furacão foi admirável, contando com a sorte em algumas ocasiões mas se distinguindo, basicamente, pela garra, aplicação tática de todos jogadores, que em nenhum momento esmoreceram e certamente não será nas finais que mudarão o comportamento. A decisão promete grandes emoções ao torcedor brasileiro.

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