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Cláudio Tencati, desde 2011 no Londrina, conversa com o time antes da partida com a Anapolina | Roberto Custódio/ Jornal de Londrina
Cláudio Tencati, desde 2011 no Londrina, conversa com o time antes da partida com a Anapolina| Foto: Roberto Custódio/ Jornal de Londrina

Ambiente

Cautela em campo e apoio fora dele são as armas do Tubarão

Um revés sofrido há poucos dias pelo time mais popular da cidade e o apoio da torcida são as principais armas do Londrina para administrar a vantagem sobre a Anapolina, pelas quartas de final da Série D. O LEC venceu por 2 a 0 em Anápolis. Sobe — e passa às semifinais — mesmo com derrota. Vantagem similar à que se desmanchou nas mãos do Corinthians, time do coração de um em cada quatro londrinenses. Na quarta, o Timão foi eliminado da Copa do Brasil ao perder por 4 a 1 para o Atlético-MG, em Belo Horizonte, após ganhar por 2 a 0 em casa. "Mesmo tendo uma das melhores defesas do país, o Corinthians sofreu quatro gols e perdeu a classificação. O confronto está em aberto", alertou o zagueiro Dirceu. O aviso vale para conter a euforia do time, mas também a da torcida. Desde ontem dirigentes e torcedores têm percorrido as ruas de Londrina para convocar o público. Uma campanha na internet, com o mote "Todos somos um", reforça o plano de levar 20 mil torcedores ao Café, hoje. A média de público é de 3.478 pagantes.

O técnico mais estável do país tenta levar o Londrina, hoje, de volta à Terceira Divisão do Campeonato Brasileiro. Sob o comando de Cláudio Tencati desde 21 de abril de 2011, o LEC garante o acesso até com derrota por um gol para a Anapolina, hoje, a partir das 17 horas, no Estádio do Café, pelas quartas de final da Série D. Se a Xata vencer por 2 a 0, devolvendo o resultado de Anápolis, domingo passado, a decisão vai para os pênaltis.

Os 1.278 dias de gestão Tencati são uma aberração no futebol brasileiro. Nenhum treinador das outras 101 equipes que participaram das quatro divisões nacionais em 2014 está há tanto tempo no mesmo emprego. O caso mais próximo é o de Marcelo Oliveira, campeão da Série A em 2013 e líder na edição atual pelo Cruzeiro. São 685 dias de Toca da Raposa, pouco mais da metade de Tencati.

Campeão da Série A por três anos seguidos, com o São Paulo, Muricy Ramalho resistiu 1.264 dias no Morumbi, entre 2006 e 2009. Tite ganhou um brasileiro, uma Libertadores inédita e um Mundial pelo Corinthians, entre 2010 e 2013, mas resistiu "apenas" 1.150 dias no comando.

A comparação com os principais clubes do estado é ainda mais desigual. Ao longo dos quase três anos e meio em que a prancheta do LEC teve o mesmo dono, o Coritiba teve sete técnicos efetivos, o Paraná dez e o Atlético, 11.

Trabalho de longo prazo alimentado por resultados. Logo no campeonato de estreia, garantiu o retorno à Primeira Divisão do Paranaense. Na elite estadual, foi quinto colocado em 2012, terceiro em 2013 (mas com o melhor campanha da fase de classificação) e campeão em 2014. Ano passado, ficou a um jogo da promoção à Série C. Perdeu a vaga para o Juventude nos acréscimos. Momento mais doloroso — e de maior contestação — na caminhada de três anos e meio.

"Fácil não é. Não são tudo flores. Houve momentos de muita cobrança, não só da imprensa ou torcida, mas também do próprio clube e do Sérgio Malucelli. Achei que em um certo momento o projeto seria interrompido. A diferença é que eu trato os assuntos direto com o Sérgio, e somos muito honestos um com o outro. Isso ajudou muito para que eu permanecesse esse tempo todo" , diz Tencati.

A sintonia com o patrão é uma das chaves da estabilidade. O trabalho com o empresário começou ainda em 2009, nas categorias de base do Iraty. Quando a SM Sports assumiu o Londrina, ele foi junto. Agora, parece estar próximo de seguir a rotina dos colegas de profissão e "criar um fato novo" em outro clube.

"É o treinador que está há mais tempo trabalhando comigo, o que mais me aguentou, o que já é um trunfo para ele. Mas não podemos segurar o Tencati para sempre", disse Malucelli, dias antes de o Londrina decidir com o Santos uma vaga nas oitavas de final da Copa do Brasil. O LEC caiu, mas a moral do treinador não foi arranhada. A missão do técnico mais estável do país termina hoje, no Estádio do Café.

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