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Pierre Boulos e André Macias pediram afastamento da vice-presidência do Coritiba. | /
Pierre Boulos e André Macias pediram afastamento da vice-presidência do Coritiba.| Foto: /

Os vice-presidentes André Macias e Pierre Boulos pediram licença dos cargos no Coritiba na noite desta segunda-feira (31), antes da reunião do Conselho Deliberativo. Cerca de 50 torcedores foram até o Couto Pereira pressionar os dois dirigentes para que renunciassem, além de cobrar uma resposta sobre os R$ 200 mil doados pelo clube à campanha frustrada de Ricardo Gomyde à presidência da Federação Paranaense de Futebol (FPF), em março.

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A dupla estava nas conversas de WhatsApp que vazaram para o público e chacoalham os bastidores do Coxa desde a última sexta-feira (28), quando dois funcionários que também estavam envolvidos com as mensagens foram demitidos pelo presidente Rogério Bacellar: o coordenador de comunicação Adriano Rattman e o gerente de patrimônio Christian Gaziri, que também é conselheiro vitalício do clube.

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Domingo (30), o presidente alviverde, que é um dos criticados nas mensagens do grupo Indomáveis FC, chegou a declarar que, se Macias e Boulos fossem funcionários do clube, estariam demitidos. Ao saber da decisão de Macias, que seria o líder do grupo, Bacellar publicou uma nota oficial no site do Coritiba.

Vejo a atitude do vice-presidente Macias como honrosa, de um homem, de um grande coxa-branca. Como presidente, cobrei esclarecimentos, como vice-presidente ele mostrou seu envolvimento buscando o melhor para o Coritiba. Serão levantados e avaliados os fatos.”

Rogério Bacellar Presidente do Coritiba

“Vejo a atitude do vice-presidente Macias como honrosa, de um homem, de um grande coxa-branca. Como presidente, cobrei esclarecimentos, como vice-presidente ele mostrou seu envolvimento buscando o melhor para o Coritiba. Serão levantados e avaliados os fatos”, afirmou o cartola.

Na carta também publicada no site do Coritiba, Macias afirmou que pretende ver todas as denúncias apuradas pelo Conselho de Ética. “Quero dar liberdade total para que sejam apuradas todas as questões. E eu mesmo quero provocar o Conselho de Ética do clube para que seja aberto um processo sobre o assunto”, declarou o vice-presidente agora licenciado.

Em sua defesa, Macias diz que vai acionar a Justiça para responsabilizar o integrante do grupo Indomáveis FC que vazou as conversas. “Um grupo de WhatsApp é um grupo entre amigos – com a garantia constitucional da intimidade e da privacidade. Ninguém imagina que essas conversas, no ambiente da intimidade e da privacidade, possam ser ‘vazadas’, por um dos ‘amigos’”, reforçou.

Eu trabalhei 14 anos pelo Coritiba, sem ganhar um centavo. Estou muito decepcionado e quero pensar com calma depois de tudo isso.”

Pierre Boulos Vice-presidente licenciado do Coritiba

Boulos, por sua vez, cogita até se afastar de vez do Alviverde. “Eu trabalhei 14 anos pelo Coritiba, sem ganhar um centavo. Estou muito decepcionado e quero pensar com calma depois de tudo isso”, disse à Gazeta do Povo.

A saída temporária da dupla deixa o presidente Bacellar e o vice Gilberto Griebeler como os únicos membro originais remanescentes do G5 eleito no pleito do final do ano passado. Antes, os também vices Ernesto Pedroso e Ricardo Guerra, além do diretor executivo João Paulo Medina, renunciaram por discordâncias sobre a gestão. Guerra e Pedroso também foram alvos das críticas do grupo no WhatsApp.

Reunião

Na reunião do Conselho Deliberativo nesta segunda-feira, os conselheiros aprovaram a criação de uma comissão para apurar a conduta dos vice-presidentes André Macias e Pierre Boulos, além do 1.º vice-presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Eduardo Vianna, e do diretor institucional e conselheiro Arthur Klas, diretor institucional do clube.

Além disso, por pressão da torcida que foi ao Couto Pereira protestar a respeito do teor das conversas vazadas pelo WhatsApp, foi permitida a presença de três torcedores “não conselheiros” na reunião – a primeira vez na história do clube.

Estiveram presentes 138 conselheiros, que aprovaram por sugestão de um deles a convocação de uma sessão plenária, na qual os sócios poderão acompanhar o desenrolar dos fatos envolvendo os dirigentes envolvidos na polêmica.

O clima na reunião era de condenação aos vice-presidentes agora licenciados, indicando que a comissão deve tomar atitudes enérgicas em especial sobre dois integrantes do G5 coxa-branca. ”A gente sentiu dos conselheiros uma insatisfação muito forte. Vários conselheiros pediram o afastamento dos envolvidos”, contou José Carlos Mazza, um dos torcedores que foi convidado a acompanhar a reunião.

A reunião também teve como objetivo a eleição do substituto de Ernesto Pedroso, um dos personagens centrais do vazamento de mensagens. O ex-ministro da saúde, Alceni Guerra, foi eleito por uma votação apertada e passa a fazer parte do G5 ao lado do presidente Rogério Bacellar e do vices Gilberto Griebler e dos licenciados André Macias e Pierre Boulos.

Leia a carta do vice-presidente André Macias: 

Curitiba, 31 de agosto de 2015

Um pedido de licença para o bem do Coritiba.

Para o bem do Coritiba peço licença. A licença com prazo necessário para apurar aquilo que estão qualificando como denúncia contra mim e alguns outros que mantinham um grupo de WhatsApp. Faço questão que todos estas denúncias sejam apuradas, mas já adianto, aqui, que me sinto vítima disto tudo. E injustiçado por colocar em segundo plano todo meu esforço pessoal em favor do clube. Afinal, pergunto-me, qual é mesma a acusação?

Faço questão que todos estas denúncias sejam apuradas, mas já adianto, aqui, que me sinto vítima disto tudo. E injustiçado por colocar em segundo plano todo meu esforço pessoal em favor do clube. Afinal, pergunto-me, qual é mesma a acusação?”

André Macias Vice-presidente licenciado do Coritiba

Como muitos, participava com amigos de um grupo de WhatsApp. Quem hoje não participa? Este grupo, em especial, era composto por poucos amigos supostamente interessados no Coritiba. Um grupo de WhatsApp é um grupo entre amigos - com a garantia constitucional da intimidade e da privacidade. Ninguém imagina que essas conversas, no ambiente da intimidade e da privacidade, possam ser “vazadas”, por um dos “amigos”. E porque ninguém cogita o crime do “vazamento”, a privacidade e a intimidade permitem certa liberdade para expressar opiniões. Foi o que fiz nesse grupo que teve as conversas divulgadas criminosamente, por um dos supostos amigos: Bruno Kafka.

Meus amigos advogados me explicam que o que ele fez foi um crime. Equivale a divulgação de uma gravação clandestina (sem autorização dos interlocutores) de uma conversa telefônica. Vou acionar a justiça para responsabilizar este rapaz. Não abro mão disso. Quem gostaria de ter suas conversas por WhatsApp ou telefone devassadas? É legal ou ético integrar um grupo de amigos e, depois de estimular conversas reservadas, vazar para a imprensa? Sofro ao constatar que nessa história eu seja o acusado e o tal Bruno Kafka esteja sendo tratado com seriedade ou, no mínimo, condescendência. Ponham-se todos no meu lugar. Qual é o conceito que vocês teriam de amigos que vazassem conversas privadas de grupos de WhatsApp? Eu sou vítima de uma barbaridade.

Muitos amigos me ligaram para dizer isso. Outros, no entanto, preocupam-se com o conteúdo. Não é por acaso que a Constituição preserva a intimidade e a privacidade. As pessoas não podem responder publicamente pelo conteúdo de conversas privadas, entre amigos. Apesar disso, estou disposto a responder. Disponho-me a explicar cada uma das minhas opiniões ou posições que esse sujeito vazou. Sempre lembrando que foram ditas no ambiente da intimidade própria de um grupo de amigos. O problema é que Bruno Kafka fez mais do que vazar. Além de vazar, manipulou as conversas. Vou demonstrar isso em perícia. Bruno Kafka é um criminoso e por esse fato vai ter que responder.

E pior. Além de editar as mensagens, Bruno não divulga mensagens que não interessam. Todas as que tratam dos mais legítimos interesses do clube. Em milhares de mensagens de mais de oito meses do grupo, Bruno Kafka selecionou uma ou outra que poderia constranger e, ao omitir a maioria das mensagens, desconsiderou o verdadeiro objetivo do grupo: trocar ideias sobre o Coxa.

Estou triste com tudo isso. É realmente “Kafkaniano” estar sendo acusado pelo autor do crime. Sobrenome apropriado tem esse Bruno, a proposito. O resto é conversinha de WhatsApp, convenhamos. Farei minha defesa fora do cargo que eu ocupo, evitando mais constrangimentos.

Sobre a questão da Federação, eu mesmo pretendo apresentar minha posição na próxima reunião do Conselho - para a qual o tema está pautado.

Saudações Coxas-brancas,

André Luiz Macias.

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