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Jogador que fugia aos estereótipos dos boleiros, o ex-volante Emerson Cris hoje é o técnico da equipe sub-20 da Chapecoense. | Jales Valquer/Estadão Conteúdo
Jogador que fugia aos estereótipos dos boleiros, o ex-volante Emerson Cris hoje é o técnico da equipe sub-20 da Chapecoense.| Foto: Jales Valquer/Estadão Conteúdo

Parte crucial do processo de reconstrução da Chapecoense passa por um ex-jogador ligado ao Paraná . Emerson Cris Hartkopp, volante revelado no Tricolor e que atuou na Vila entre 1998 e 2005, é o treinador da equipe sub-20 que acaba de alcançar o melhor resultado da história da Chape na Copa São Paulo de Futebol Júnior, a Copinha.

Eliminados nas quartas de final, os garotos da Arena Condá esperam atrair os olhares do técnico Vagner Mancini. Técnico do sub-20 desde 2014, Emerson ressalta a importância destes jovens para o futuro da Chape, descreve o ambiente vivido atualmente no clube após a tragédia aérea na Colômbia e relembra os tempos de Tricolor. Confira a entrevista.

Você jogou na Chape como atleta. Como foi o processo de identificação com o clube e o retorno como treinador?

Como atleta, criei uma identificação com clube e dirigentes. Quando me aposentei, em 2013, o pessoal da Chape sabia que eu estava fazendo cursos para ser treinador. Ainda em 2013, quando vieram [a Curitiba] jogar contra o Paraná na Série B, eu os ajudei a irem treinar no CT do Atlético e acompanhei a delegação durante a partida. Isso reacendeu a chama. Passados alguns meses, me ligaram e comecei a trabalhar aqui em 2014.

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Como está sendo a reconstrução do clube após a tragédia?

Passado o luto, o lema é olhar para frente. Tem sido um mutirão do bem. Todos unidos em um só objetivo: torcida, diretores, a cidade toda envolvida. Antes do acontecido, já era uma torcida diferenciada. Agora, mais ainda. Além disso, tivemos ajuda do mundo todo, de todas as formas.

Como você avalia a campanha na Copinha?

Desde 2014, ganhamos dois títulos estaduais e agora ficamos entre os oito melhores da Copinha. A nossa meta inicial era passar de fase. No primeiro jogo, ainda sentimos muito as homenagens, teve uma certa pressão, e não deu certo. Mas isso tirou um peso dos meninos, tivemos uma conversa muito boa, e a partir dali entendemos que tínhamos de transformar tudo aquilo em algo bom e não em um peso. E eles entenderam.

No Tricolor

Prata da casa, Emerson, apelidado de “bandido” pelos companheiros de Paraná, em ação pelo Brasileiro de 2003.Valterci Santos/Gazeta do Povo

Qual a importância destes meninos para o futuro do clube?

Em curto prazo, esses meninos não podem ser considerados a salvação, porque a Chape passa por um processo de reestruturação. Mas eles já estão inseridos no sistema e ganhando espaço a cada ano. A tendência, num futuro próximo, é de a Chape ter muitos atletas da base no elenco.

Quais suas memórias do Paraná? E como você encara o declínio do clube?

Na minha época, o Paraná era um clube em ascensão, com história muito parecida com a da Chape nos últimos anos. Tudo sério, pés no chão, usando bastante a base. Tanto que permanecemos muitos anos na Série A sem cair. E hoje acho que o clube perdeu um pouco dessa identidade. Não pode. Quando os atletas perdem a identificação com o clube, perde seriedade e tem más administrações, a tendência é dar errado. Espero que retome os anos de glória e aproveite a base. Confio muito no trabalho do Carlos Werner [investidor do Paraná e homem-forte das categorias de base do Tricolor], um cara sério, que está tentando fazer a retomada do clube.

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Pensa em trabalhar no Tricolor?

Sou de Curitiba, a maior parte da minha família é paranista, temos uma identificação muito grande. Mas hoje sou Chapecoense, é o clube que me abriu as portas e sou totalmente grato. O Paraná e a Chape são os dois clubes que me abriram as portas no futebol, os que tenho a maior gratidão.

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Seu apelido no clube era ‘bandido’. Você lembra disso? E fala com seu sobrinho, o meia Leandro Vilela?

Falo direto com o Leandro, é um dos meninos que o Paraná precisa valorizar, identificado, formado na base. O apelido tinha várias coisas envolvidas. Eu tinha um estilo de jogo mais agressivo, tinha um Opala e não um carro importado, ouvia rock e não pagode, fugia aos moldes do futebol. E também pelo meu bairro, a Vila Osternack, onde mantenho residência até hoje. Todo mundo ia para bairro nobre e eu para a periferia. Tudo isso gerou o apelido.

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