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| Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo

Proposta

Veja como nasceu a ideia de o Paraná abandonar o clube social:

• Torcida

A Fúria Independente, principal torcida paranista e que costuma ajudar financeiramente o clube, lançou a ideia de vender a sede da Avenida Kennedy, Vila Guaíra, por R$ 100 milhões, para quitar todas as dívidas do Tricolor. Assim, a diretoria poderia cuidar só do futebol e se livraria de custear a manutenção do complexo social – nos últimos anos o futebol teve de aportar em média R$ 1 milhão na área.

• Ídolo

Um dos jogadores do atual mais identificados com o Paraná, o meia Lúcio Flávio, criado nas divisões de base do clube, disse em entrevista publicada ontem na Gazeta do Povo, que a negociação do imóvel é a única solução para tornar o clube viável.

• Sócios

A possibilidade de se desfazer da sede social para quitar dívidas foi discutida ontem à noite em reunião do Conselho Deliberativo tricolor.

  • Visitada pela reportagem ontem à tarde, a sede social do Avenida Kennedy estava vazia: prejuízo médio de R$ 1 milhão por ano

Um anúncio com os atrativos da sede social do Paraná não seria curto: "35 mil metros quadrados de espaços esportivos, sociais e culturais, com salão de festas, quadras de areia, grama sintética, dois ginásios poliesportivos, academia, parque aquático com quatro piscinas e trampolim, além de sauna".

A proposta, lançada na semana passada pela Torcida Organizada Fúria Independente, de vender a sede da Kennedy – e tornar o clube totalmente voltado ao futebol, acabando com as atividades sociais – como solução para o fim da penúria financeira começa a ganhar corpo dentro do clube. Tanto que o tema foi citado ontem à noite na reunião do Conselho Deliberativo tricolor. Os membros, entretanto, decidiram adiar a discussão para um próximo encontro. O passivo do clube é estimado em R$ 43,8 milhões.

Antes da reunião, o presidente do Conselho, Benedito Barbosa, afirmou que uma possível negociação de qualquer um dos quatro patrimônios do Tricolor é uma hipótese que precisa de tempo para análise. "Tem de se verificar primeiramente o impacto no quadro social, se o valor arrecadado cobre as dívidas do clube e se sobra para o desenvolvimento de projetos. Tem de se levar em conta que o mercado imobiliário está entrando em baixa. Até o momento, não houve procura de nenhum investidor", ressaltou o dirigente.

"O grande erro que se comete na análise do Paraná é ficar indagando se o futebol cobre o social ou se o social bancaria o futebol. O clube é feito de despesas que, no final, são um caixa único", acrescentou. De acordo com os últimos balanços publicados anualmente pelo Tricolor, a área social dá um prejuízo médio de R$ 1 milhão ano – em 2013 foi coberto pelo dinheiro do leilão de outra sede social, que se localizava no bairro Tarumã, próxima ao estádio Pinheirão.

Parte do complexo da Kennedy, o salão de festas, foi arrendado pela Espaço Torres, que promove eventos no local, e poderia ser um empecilho para uma futura negociação. O dono da empresa, Ademar Pereira, diz não saber se uma troca de proprietário da sede o afetaria. "Quando arrendamos [em 2012, com contrato para 20 anos, estimados em R$ 20 milhões], procuramos fazer de uma maneira que fosse rentável para mim e para o clube. Quando decidirem o que vão fazer, terão de se posicionar e então vou poder ter uma opinião", disse.

Procurado pela reportagem da Gazeta do Povo, o presidente do clube, Rubens Bohlen, não retornou aos pedidos de entrevista.

A ideia de lançar a campanha, segundo o vice-presidente da Fúria Independente, João Luiz Carvalho, o Quitéria, é que esta reflete uma opinião de todos, de torcedores a funcionários. "Quem ainda não havia pensado nisso, pode agora definir sua posição", falou o torcedor, que ontem esteve na reunião do Conselho. Tornar o clube prioritariamente focado no futebol e ganhar um fôlego financeiro com a venda da sede da Kennedy é um argumento defendido pelo capitão paranista Lúcio Flávio, que na sexta-feira endossou a campanha da organizada:

"É onde o Paraná praticamente quitaria todas as suas dívidas e alavancaria para uma nova gestão, um novo conceito de clube e, a partir disso, iniciar uma nova era", cravou ele, em entrevista publicada ontem pela Gazeta do Povo.

Atletas e sócios em dúvida sobre negócio

Com um quadro estimado em torno de 5 mil sócios, a "parte social" do Paraná atualmente utiliza a sede da Kennedy para diversas atividades físicas e culturais. O local também abriga algumas equipes esportivas que usam os ginásios para treinamento.

A coordenadora de esportes do clube, Vantressa Ferreira, explica que cerca de 90% dos usuários da estrutura são sócios. A contar pelos que foram abordados pela reportagem da Gazeta do Povo, ontem, no local, poucos sabiam que se discute a possibilidade de se colocar uma placa de "vende-se" na entrada do local e tampouco tinham opinião se a iniciativa sobre se seria bom ou não para o clube.

"É claro que a tendência é não querer a mudança. Porque temos alguns projetos esportivos que terão verba incentivada para começar neste segundo semestre e, contar com a estrutura desta sede é algo que dificilmente os atletas encontrariam em outro local. Temo um projeto da Lei de Incentivo federal para mais de duas mil crianças aprovado e outro está em análise, de R$ 700 mil, via Confederação Brasileira de Clubes [CBC] para 590 atleta de alto rendimento", diz Vantressa.

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