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Experientes, Marcos e Lúcio Flávio dão conselhos para o Tricolor sair da crise: salários em dia e fim do clube social | Giuliano Gomes/Gazeta do Povo; André Rodrigues/Gazeta do Povo
Experientes, Marcos e Lúcio Flávio dão conselhos para o Tricolor sair da crise: salários em dia e fim do clube social| Foto: Giuliano Gomes/Gazeta do Povo; André Rodrigues/Gazeta do Povo

Ninguém dúvida que se existem dois jogadores identificados com o Paraná atualmente, são o goleiro Marcos e o meia Lúcio Flávio. Amigos de longa data, criados desde cedo no Tricolor, os velhos companheiros se reencontraram no ano passado com uma missão espinhosa: devolver o clube aos bons tempos, aqueles da década de 90, quando o caçula da cidade teimava em bater nos irmãos mais velhos, Atlético e Coritiba, e enfileirar títulos.

Tarefa árdua, coisa para heróis, já que o atual Paraná coleciona problemas. Um deles, a péssima colocação na Série B – é apenas o 17.º colocado com 13 pontos, dentro da zona de rebaixamento, mesmo com a vitória apertada de sábado por 1 a 0 sobre o ABC.

"Fico triste de ver o clube na situação em que se encontra. Esse foi um dos motivos para eu ter voltado. Mesmo em final de carreira, me sinto útil para ajudar. É muito fácil culpar alguém e criticar de fora. Como paranista, é meu dever ajudar", cravou Marcos, 38 anos, que retornou ao clube em 2013, após longa passagem pelo futebol português.

"Notei uma torcida mais apaixonada. Mas, no contexto do clube, infelizmente, pouca coisa mudou. A infraestrutura, as condições, são as mesmas de antes, o Paraná não teve nenhuma progressão, com exceção do Ninho da Gralha. Hoje vemos um clube que tem esse grande CT, mas que em função dos problemas financeiros não tem condições de cuidar do local", emendou Lúcio Flávio, cuja volta se deu um ano antes de Marcos, após se destacar em grandes times do futebol brasileiro e algumas passagens pelo exterior.

Experientes, eles dão conselhos para o Tricolor amenizar a crise e colocar a casa em ordem: reestruturação, liquidez financeira, fim das contratações por atacado e do braço social do clube.

"Temos de atrair investidores, acabar com as dívidas e colocar os salários em dia. Para isso, o Paraná tem de ter cuidado nas contratações, para diminuir ao máximo o risco de erro", pregou Marcos — apenas neste ano o clube contratou 36 atletas. "A única saída que o Paraná tem é negociar a sede da Kennedy [social] e pagar todas as dívidas. Resumindo, ser um clube apenas de futebol, como a maioria dos outros do país", fechou, enfático, Lúcio Flávio – dando eco a uma sugestão feita na semana passada pela torcida organizada Fúria Independente.

As dificuldades não impedem declarações de amor ao Paraná, que ambos acompanhavam mesmo quando estavam longe. "Sou paranista de coração, bate forte isso no meu peito. Para mim, quando a gente perde, dói demais: é uma dor dobrada, de atleta e torcedor", revela Marcos.

"Mesmo em outros clubes, sempre acompanhei e sempre torci, muitas vezes ficando muito triste com as derrotas. Hoje, estou aqui para ajudar o clube a alterar seu panorama", completa Lúcio Flávio.

Trajetórias

Três anos separam o nascimento do goleiro Marcos, 38, do capitão Lúcio Flávio, 35. Natural de Siqueira Campos, Marcão, como é conhecido, mudou-se com a família ainda aos 12 anos de idade para a capital. Instalados no bairro Boqueirão, na região sudoeste do município, eram vizinhos do estádio da Vila Olímpica, então campo do antigo Pinheiros.

"Era o clube mais próximo e eu fiz o teste para entrar, ainda aos 12 anos. Passei, e aí já no final de 89, no mesmo ano, houve a fusão com o Colorado e no ano seguinte já estava no Paraná", conta Marcos. Mais que um time, o recém-fundado Tricolor se tornou também a casa do jovem goleiro que, devido às dificuldades financeiras da família, passou a morar no clube. "Dois ou três anos depois de entrar passei a morar na casa do atleta, onde ficavam os meninos da base, até para ter uma alimentação adequada", relembra.

O relato de Lúcio Flávio tem origens no outro braço da fusão, no então Colorado. Sobrinho do ex-jogador Ney Santos, o camisa 10 nasceu praticamente ao lado do estádio do antigo Britânia, na Av. das Torres — clube que, em 1971, uniu-se ao Palestra Itália e Ferroviário para dar nascimento ao Colorado. "O meu tio, Ney Santos, já jogava na base do Colorado e eu e minha família acompanhávamos direto os jogos dele. Depois, quando completei dez anos de idade, fui levado por ele para as categorias de base do Colorado, onde treinei até o momento da fusão, que ocorreu no mesmo ano", lembra.

Inícios de carreira que coincidem com o surgimento do Paraná. Histórias que se cruzam quando ainda garotos, nas categorias de base, e se reencontram anos depois, no retorno de já consagrados atletas profissionais ao clube que os revelou. As primeiras partidas juntos se deram ainda em 1996.

"Apesar de eu estar sempre uma categoria acima, nós nos víamos todos os dias no clube. Desde muito jovem dava para ver que o Lúcio era diferenciado e até por isso tivemos a oportunidade de sermos campeões estaduais juntos ainda nos juniores, apesar da diferença de idades. O Lúcio hoje é um irmão", narra Marcos. Ele se refere ao título estadual da categoria, conquistado em 1996, em Bandeirantes.

"Era o último ano de juniores do Marcão e o meu primeiro na categoria. Eu já era titular e este título foi algo que nos marcou bastante, até pelo elenco que tínhamos. Além de mim, do Marcos, tinha também o Perdigão, entre outros. Deste então, até nossas saídas do clube, trabalhamos sempre juntos. Por isso ficou marcada nossa relação", completa Lúcio Flávio. Marcos deixou o clube rumo ao Marítimo, de Portugal, em 2003. Lúcio Flávio ficou até 2001, quando se transferiu para o São Paulo.

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