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Um dos campos do Ninho da Gralha, área de 240 mil metros quadrados em Quatro Barras. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Um dos campos do Ninho da Gralha, área de 240 mil metros quadrados em Quatro Barras.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

O Paraná está muito próximo de perder uma de suas propriedades na Justiça: o CT Ninho da Gralha, em Quatro Barras. O empresário e torcedor Carlos Werner ingressou com ação contra o clube na 5.ª Vara Cível de Curitiba, no dia 23 de fevereiro deste ano, cobrando a execução de um título extrajudicial no valor inicial de R$ 10.381.581,67.

O montante é referente a empréstimos feitos por Werner para a agremiação, sem juros, entre setembro de 2015 e janeiro de 2016. Segundo as partes, estes valores emprestados impediram que o Tricolor paralisasse suas atividades.

Carlos Werner durante uma rara aparição em entrevista coletiva do departamento de futebol.Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Conforme o contrato firmado entre clube e Werner, o Paraná se comprometeu a pagar a dívida em 20 parcelas mensais de R$ 519.079,08, com a primeira delas tendo vencido em fevereiro de 2016. O clube ofereceu o Ninho como garantia em caso de não pagamento do débito.

Caso juridicamente o Ninho não pudesse ser utilizado para a quitação, o Tricolor deu ainda como garantia os recursos de verbas de televisão recebidos pelo clube a partir de 2016.

Como o Paraná não pagou a primeira parcela do acordo, em fevereiro, Werner obteve a execução integral do título extrajudicial na Justiça, com juro de 1% ao mês e correção monetária com Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O valor atualizado da causa está em R$ 11.647.864,10.

Diante da indisponibilidade de recursos, o Tricolor confirmou no processo que irá utilizar o Ninho para quitar o valor com Werner. A propriedade foi avaliada em R$ 11.647.710,00, montante praticamente igual ao do valor atualizado da causa.

O clube explica que as decisões envolvendo a utilização do Ninho da Gralha na quitação da dívida com Werner foram aprovadas pelo Conselho Deliberativo, em janeiro, época da aprovação do acordo da dívida com o empresário Léo Rabello, do caso Thiago Neves. Procurado, Werner preferiu não se manifestar.

Parceria

Apesar da iminente transferência do imóvel para Werner, a reportagem apurou que o Paraná não corre o risco de ser desalojado: as partes já estariam costurando um acordo de comodato para que o Tricolor possa seguir utilizando as estruturas do local pelos próximos 50 anos. Em setembro, o clube confirmou a mudança de sua sede administrativa da Kennedy para o Ninho.

Imóvel “recuperado”

A possível transferência do Ninho da Gralha para o investidor Carlos Werner teve início com outra dívida do Paraná. O clube devia R$ 36 milhões na Justiça para a empresa Systema, do empresário Léo Rabello, do caso Thiago Neves.

Além da perda iminente do Ninho para Rabello, o Tricolor seguiria devendo um valor considerável para o empresário — tendo em vista que o CT está avaliado em cerca de R$ 11 milhões, montante insuficiente para quitar o total do débito com Rabello.

Em janeiro deste ano, entretanto, Werner representou o clube para negociar a dívida com Rabello, que aceitou reduzi-la para cerca de R$ 4,5 milhões. O próprio Werner emprestou R$ 2,6 milhões para o clube fazer o pagamento. O restante teria sido retirado dos cofres do Tricolor.

Além desta dívida, Werner emprestou mais R$ 2 milhões para pagamento de débito para a empresa BASE, do empresário Renê Bernardi, cuja execução também atingia o Ninho. A argumentação, portanto, seria de que Werner “salvou” o Tricolor de perder o imóvel para estes credores.

Segredo de Justiça

Antônio More/Gazeta do Povo

Carlos Werner solicitou em mais de uma oportunidade que o processo que move contra o Paraná transitasse em segredo de Justiça. A juíza responsável da 5.ª Vara Cível de Curitiba, Lilian Resende Castanho Schelbauer, indeferiu todos. A consulta do processo (0003977-20.2016.8.16.0001) é pública.

Werner e o Ninho

A relação do empresário Carlos Werner com o Ninho da Gralha teve início em 2014, quando o torcedor assumiu as responsabilidades pelo local, então praticamente abandonado — uma área de 241 mil metros quadrados.

Werner investiu na manutenção das estruturas, assim como no pagamento dos salários de funcionários. Inicialmente, as benfeitorias do investidor não estavam atreladas a nenhum contrato com o clube.

Em março de 2015, Werner foi um dos líderes do grupo Paranistas do Bem, que acabaria substituindo Rubens Bohlen na presidência, após sua renúncia. Em 14 de dezembro de 2015, o grupo de Werner se legitimou no poder do clube com a eleição de Leonardo Oliveira para a presidência.

Outros imóveis

Enquanto o Ninho da Gralha está perto de ser transferido para o nome de Carlos Werner, o Paraná luta para manter outros imóveis. O clube tenta um acordo com a União para manter a posse da Vila Capanema. Já a sede social da Kennedy tem parte de seu terreno à venda. Por fim, a Vila Olímpica do Boqueirão está abrigando as categorias de base do clube, mas parte do imóvel pode ser envolvida no acordo com a União pela Capanema.

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