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Walter Feldman , braço direito do presidente licenciado da CBF, Marco Polo del Nero. | /Davi Ribeiro/Folhapress
Walter Feldman , braço direito do presidente licenciado da CBF, Marco Polo del Nero.| Foto: /Davi Ribeiro/Folhapress

A crise da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a pior da história da entidade, fez emergir um personagem até então desconhecido do cenário esportivo. Médico, deputado federal, Walter Feldman hoje é um dos homens-fortes da bola no país.

Secretário-geral da CBF, o paulista de 62 anos chegou à entidade como assessor do presidente Marco Paulo del Nero. E ganhou importância, ao lado do diretor-executivo Rogério Caboclo, após a licença do “padrinho”, acusado pelo FBI de participação em esquema de propinas no escândalo de corrupção da Fifa.

Embora afastado, Del Nero mantém influencia sobre os rumos do futebol brasileiro e tem em Feldman um aliado. Antônio Carlos Nunes, o Coronel Nunes, eleito novo vice-presidente da CBF no final do ano passado, tem ação limitada.

Em entrevista à Gazeta do Povo, Feldman trata dos desafios de uma entidade que tem um ex-presidente, José Maria Marin, preso nos Estados Unidos, e outros dois, Del Nero e Ricardo Teixeira, acusados de corrupção pela Justiça norte-americana.

“A vida do futebol tem subidas e descidas. Estamos no caminho certo”, aponta Feldman.

O sr. é membro do Comitê de Reformas do Futebol Brasileiro, com a finalidade de efetuar “avanços significativos na estrutura do futebol brasileiro”. O que avançou até então?

Criamos o comitê a partir de um estudo da consultoria Ernest & Young, feito desde o início do nosso mandato, em abril de 2015. Estudamos questões relativas à gestão, a ética, a transparência e a efetivação de um sistema moderno contábil. Queremos começar a programar essas mudanças de modernização da CBF e do futebol brasileiro.

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Como funcionária o Comitê de Ética da entidade que tem um ex-presidente preso e outros dois investigados pelo FBI?

O código precisa ainda ser decidido, implantado e gerido por uma comissão. Exatamente para que no sistema do futebol não haja desvios, haja um sistema anticorrupção. Para que essas duvidas que abalaram o futebol mundial, não só o brasileiro, passem a ser um acaso da história. É um processo que está em debate e a proposta é para que todos que estão trabalhando para a CBF sejam enquadrados. Por solicitação, demanda, por um canal de denúncia, a pessoa poderia ser investigada.

A Primeira Liga travou uma guerra com a CBF para ser lançada. Como foi esse embate do ponto de vista da entidade?

Nós nunca vetamos a Primeira Liga. Foi realizada a assembleia que definiu somente que o torneio não poderia ter nenhum conflito com os estatutos e com os regulamentos gerais das competições. Esse é um tema usado de maneira indevida, mentira que passou a ser verdade. Nunca houve o veto.

Qual a perspectiva para a Primeira Liga em 2017?

Combinamos uma reunião para começo de março entre CBF, federações e a Primeira Liga, para um planejamento de mais longo prazo poder se realizar. Essa edição [de 2016] foi decidida em novembro, era muito difícil encaixar. O futebol não pode ser algo mais ou menos.

O senhor é favorável à extinção dos Campeonatos Estaduais?

Um dos problemas do futebol é se misturar com a politica. Venho da politica, sei como isso acontece, você compromete um país para manter posições políticas. Os Estaduais têm sua importância. As federações têm um papel importante no fomento do futebol. Tem a base, tem o amador, tem a questão das série C e D, que dependem de estrutura de fomento ou não sobrevivem.

O presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, Mario Celso Petraglia, teme que o clube possa ser prejudicado em campo por causa de posições políticas. O que o senhor pensa sobre isso?

Jamais, isso é uma ligação injusta, inadequada, porque nós consideramos que se tem algo fundamental na organização do futebol é fazer justiça. A arbitragem é absolutamente isenta e imparcial, não contaminada por nada a não ser o campo.

Combinamos uma reunião para começo de março entre CBF, federações e a Primeira Liga, para um planejamento de mais longo prazo poder se realizar. Essa edição [de 2016] foi decidida em novembro, era muito difícil encaixar. O futebol não pode ser algo mais ou menos.

Walter Feldman  secretário geral da CBF

O senhor é visto como um preposto de Marco Polo del Nero na CBF. O presidente licenciado ainda comanda a entidade?

O presidente Marco Polo está licenciado, mas é o presidente eleito. Está licenciado para cuidar de sua defesa. O presidente Nunes exerce de maneira plena suas atividades. Minha função é administrativa, institucional. Isso é mais parte da política do futebol e não da verdade.

O senhor atuou politicamente durante a elaboração da MP do Futebol (671), também conhecida como Profut. O que achou do resultado?

No geral, muito bom. Trabalhamos favoravelmente para aprovar e aperfeiçoar o Profut. Cometeu alguns excessos e nós achamos que devem ser corrigidos. A questão da apresentação imediata da certidão negativa de débitos impediria a participação de muitos clubes em 2016. A implementação imediata de medidas às vezes não é a forma mais adequada, os clubes precisam se adaptar.

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A CBF perdeu os patrocínios de Sadia, Michelin, Proctor & Gamble e Unimed. Há uma crise de credibilidade?

Isso é manifestação da oposição. Há fatores que na análise não são escolhidos como fundamentais, por exemplo, a reciclagem natural do mercado de patrocínios. Segundo, vivemos uma crise econômica, a questão do dólar, que é muito grave. Não há nenhum tipo de manifestação de nenhuma das empresas em relação à perda de credibilidade.

O senhor aponta o jornalista esportivo Juca Kfouri como um opositor sistemático da CBF. Qual o motivo?

Sempre fomos amigos, antes de entrar na CBF tive uma conversa propondo que ele compreendesse a mudança que íamos produzir e ele deixou muito claro que quem entrar lá vai sofrer sempre o ataque frontal dele. Na minha avaliação, ele não cumpre o papel de jornalismo de informação, de investigação, e sim de militância politica. É um personagem que se veste de jornalista, mas é um militante politico.

Quando Secretário de Esportes de São Paulo o senhor sugeriu que o pôquer deveria ser atividade nas escolas brasileira. Como o jogo poderia contribuir no ensino?

Fui acompanhar a experiência nos países nórdicos, que adotaram não o pôquer como atividade de cassino, como jogo de azar, mas como habilidade, inteligência e esporte mental. Trouxemos isso para o Brasil e ele é sucesso, é um esporte mental como xadrez, dama e gamão.

Por causa do 7 a 1 para a Alemanha na Copa do Mundo, o torcedor vê com desconfiança a seleção brasileira. Há algum plano para recuperar o time nacional?

A seleção está em um bom caminho, de ciência, investimento, dados técnicos, qualificados, trabalho de longo prazo de estruturação que foi confiado ao Gilmar Rinaldi e ao Dunga, que trarão rapidamente os resultados. A vida do futebol tem subidas e descidas.

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