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Rubén Magnano, campeão olímpico pela Argentina, aposta na modificação da mentalidade do time brasileiro para ter sucesso no Mundial da Turquia, que começa hoje | Gaspar Nóbrega / CBB
Rubén Magnano, campeão olímpico pela Argentina, aposta na modificação da mentalidade do time brasileiro para ter sucesso no Mundial da Turquia, que começa hoje| Foto: Gaspar Nóbrega / CBB

17ª colocação

A situação que vive o basquete brasileiro em termos internacionais é delicada. No Mundial anterior, no Japão, em 2006, a seleção nacional não passou de um modestíssimo 17º lugar – obviamente não passou nem da primeira fase. Em termos olímpicos, a seca é maior ainda, já que o time não se classifica para a competição desde os Jogos de Barcelona, em 1996. No currículo, o Brasil tem dois títulos mundiais, em 1959 e 1963. A antiga Iugoslávia tem cinco, EUA e Rússia (ainda como União Soviética), 3.

  • Veja que o Mundial de Basquete da Turquia começa neste sábado

Ao entrar em quadra para enfrentar o Irã, hoje, em sua primeira partida pelo Mundial de Basquete disputado em Istam­ bul, na Turquia, a seleção brasileira será observada com uma ponta de esperança que há tempos não se via, pois reuniu suas maiores estrelas para a competição. Mas ao mesmo tempo o time é encarado com certo ceticismo por ter adotado um estilo de jogo bem diferente do de costume: o modelo argentino.

A esperança, é bem verdade, era maior quando os treinamentos começaram. Diminuiu com os resultados negativos nos amistosos de preparação (nos últimos seis, quatro derrotas) para a estreia desta tarde e com a condição física deficitária de atletas importantes.

Nenê, a grande força no garrafão, foi cortado –Leandrinho e Varejão não estão 100%. O desafio será grande. Ainda que conte com atletas da NBA, o time precisará de mais do que o talento individual de Tiago Splitter, Anderson Varejão e Leandrinho, para sobreviver ao grupo B da tradicional competição, que ocorre entre hoje e 12 de setembro.

"O basquete é um esporte muito equilibrado. Se o Brasil chegar ao final entre os oito primeiros já vai estar de bom tamanho, mas isso é muito difícil. As seleções europeias são equipes fortes e sempre despontam como favoritas", opina Rolando Ferrei­ra Junior, paranaense que em 1988 foi o primeiro brasileiro a jogar na NBA, e que também participou de dois campeonatos mundiais, o último em 1994.

O estiramento muscular na panturrilha direita que tirou Nenê do torneio foi o mais duro golpe na confiança. "O time terá de trabalhar muito para superar a ausência dele – o que compromete o desempenho geral e distancia o Brasil da briga contra as grandes equipes como EUA, Espanha e Argentina", diz Byra Bello, ex-atleta e comentarista de basquete do canal a cabo SporTV.

"Essa não é a seleção que esperávamos ter. Sem Nenê perdemos um pouco a condição de disputa: ele é um jogador forte, um pivô que faz o trabalho pesado dentro do garrafão e tem uma grande experiência de NBA", nalisa Zé Boquinha, outro ex-jogador da seleção e agora comentarista (na ESPN Brasil).

"O Varejão pode suprir algumas lacunas, mas ele não é um atleta de decisão, é mais de defesa, além disso, tecnicamente, não é um grande jogador. A equipe vai acabar dependendo da bola de três", complementa.

Vice-campeão do mundo em 2002 e campeão olímpico em 2004 com a seleção de seu país, o técnico Rubén Magnano revolucionou o estilo de jogo da seleção brasileira desde janeiro, quando assumiu o cargo. Trocou as saídas rápidas e a dinâmica típica da equipe nacional pela cadência e a paciência ofensiva dos hermanos.

Exigiu mais dedicação na defesa como ponto crucial. "O objetivo [de Rubén Magnano] era desenvolver um jogo mais parado, quando a cultura do basquete brasileiro é o jogo em velocidade, mas ele teve pouco tempo para implantar esse novo sistema. Para jogarmos como ele quer, teríamos de contar com uma outra geração de atletas", analisa Zé Boquinha.

Apesar de o técnico argentino ter conseguido conquistar o grupo, que se mostra comprometido em quadra, Zé Boquinha é cético quanto às chances de uma surpresa: "Não acredito que o Brasil passe da primeira fase. Pelos jogos que vi, não sinto que podemos competir com os mais fortes". O problema, aponta, é a irregularidade: "De vez em quando fazemos dois ou três minutos espetaculares, depois ficamos o mesmo tempo sem pontuar. Alterar a forma de jogar é um processo que leva décadas".

Ao vivo

Grécia x China, às 10 horas, no SporTV2; EUA x Croácia, às 13 horas, no SporTV2; Brasil x Irã, às 15h30, no SporTV e ESPN Brasil.

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