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Um funcionário da Fifa e outro da empresa Match Services, responsável pela venda de ingressos da Copa e que tem ligação com o sobrinho de Joseph Blatter, presidente da Fifa, são suspeitos de participarem da quadrilha internacional que desviava bilhetes para cambistas. Além deles, um chinês atuaria em São Paulo negociando tíquetes para o grupo. A informação é do delegado Fabio Barucke, da Polícia Civil do Rio, que investiga o caso.

A Fifa, por sua vez, classificou um susposto envolvimento de um membro como "rumores". "Eu não sei de nada disso. Eu não me ocupo de ingressos. Eu lido com política", declarou Blatter. Além disso, o organismo voltou a afirmar que aguarda ser procurada pelas autoridades brasileiras para auxiliar na investigação do caso.

Na última terça, a polícia do Rio prendeu 11 pessoas envolvidas com um esquema que lucrou, pelo menos, R$ 1 milhão por jogo – cada ingresso chegava a custar R$ 35 mil. A quadrilha teria comercializado entradas para todos os jogos do Mundial até as oitavas de final. Entre os envolvidos (e presos) está o franco-argelino Mohamadou Lamine Fofana, 57 anos. Segundo o delegado, ele seria o contato com a Fifa para a obtenção de ingressos. "Temos uma informação sobre um integrante da Fifa que participaria do esquema e está hospedado no Rio para a Copa. Tentamos confirmá-la para chamá-lo a depor", disse Barucke.

As apurações sobre o esquema começaram há três meses. São 50 mil registros de gravação. A Polícia Civil ouviu até o momento 25 mil, o que indica que outras pessoas ainda podem surgir no esquema.

Ex-jogadores

A polícia deverá chamar ex-jogadores e empresários de futebol para depor na investigação. Inicialmente, eles serão convocados como testemunhas – o objetivo é esclarecer se há ligação com a rede. Lamine Fofana tinha livre acesso a eventos da Fifa e fechou um bar na Zona Sul carioca, no último dia 17, para uma festa em homenagem aos ex-jogadores da campanha de 1970. Atletas de várias gerações, como Dunga (campeão mundial em 1994), Jairzinho e Carlos Alberto Torres (campeões em 1970), estavam entre as personalidades – por isso, deverão ser chamados para depor.

Na festa, Lamine Fofana gastou R$ 9 mil em uísque para presentear seus convidados. Entre os quais o ex-jogador, irmão e empresário de Ronaldinho Gaúcho, Assis Moreira. Ele foi flagrado negociando ingressos da Copa com Fofana e também negociava uma possível ida de Gaúcho para o futebol do Catar.

Júnior Baiano será convocado porque alugou um apartamento para o argelino por R$ 12 mil na Barra, no Rio. "Ele (Fofana) é empresário no futebol, me levou para jogar na Chechênia. Não posso responder nada, porque até o momento não chegou nada para mim", desconversou Dunga, referindo-se ao amistoso na Rússia, em 2011.

O jogo homenageando os tetracam­peões de 1994 reuniu craques como Romário, Bebeto, Cafu, Dunga e Raí. Muitos deles aparecem em fotos ao lado de Fofana, postadas no site da agência do franco-argelino, a Atlanta Sportif International – que organiza amistosos e presta consultoria a clubes e jogadores.

O esquema de venda de ingressos funcionava desde a Copa de 2002, realizada no Japão e na Coreia do Sul. Suspeita-se que a quadrilha tenha adquirido bilhetes da cota da Fifa para meia-entrada e gratuidade. A polícia estima que o grupo pretendia faturar R$ 200 milhões neste Mundial. Os cambistas agiam via agências de turismo em Copacabana, uma delas de fachada.

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