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"Futebol é varonil, não homossexual". Essa foi uma das argumentações feitas pelo juiz Manoel Maximiniano Junqueira Filho ao arquivar a queixa-crime aberta pelos advogados do volante são-paulino Richarlyson contra o diretor palmeirense José Cyrillo Júnior.

A polêmica entre o jogador e o dirigente começou no final de junho. Indagado no programa "Debate Bola", da Record, sobre a possibilidade de haver um atleta homossexual no elenco palmeirense disposto a assumir publicamente sua opção, Cyrillo acabou sendo infeliz em sua resposta."O Richarlyson quase foi do Palmeiras". O detalhe é que ninguém havia tocado no nome do atleta tricolor. Com base no artigo 22 da Lei de Imprensa, por se tratar de uma injúria feita através da mídia, Renato Salge , advogado do jogador, entrou na justiça contra o cartola.

No início de julho, entretanto, Junqueira Filho rejeitou o pedido de queixa-crime, alegando que o caso é "insignificante perto da grandeza do futebol brasileiro".

- Ele arquivou o processo e proferiu uma decisão onde ele se fundamentou em seu prórpio pensamento, esdrúxulo e homofóbico. Esse cara tem um desassossego na alma.

Posso garantir que a queixa irá prosseguir e já entramos com um processo contra esse juiz no Conselho Nacional de Justiça, lá em Brasília. Pelo menos ele já foi afastado desse processo - explica Salge.

A reportagem teve acesso ao conteúdo completo da sentença do magistrado.

Confira alguns trechos:

"Se fosse homossexual, melhor seria admití-lo, ou omitir. Nesta hipótese, porém, seria melhor que abandonasse os gramados"

"Quem se recorda da Copa de 70? Quem viu o escrete de outo jogando, (Pelé, Tostão...). Jamais conceberia um ídolo homossexual"

"O que não se mostra razoável é a aceitação de homossexuais no futebol brasileiro, porque prejudicaria a uniformidade de pensamento da equipe, o entrosamento, o equilíbrio, o ideal...

A reportagem tentou entrar em contato com o juiza e foi atendido por um assessor. Com grosseria, ele responde que o juiz não daria entrevistas e que se nossa reportagem tivesse alguma dúvida jurídica, que fosse sanada por algum advogado.

- O juiz não vai falar nada. Ele pediu para dizer que o que ele decidiu já está à disposição. Quem quiser que leia. E seu nome permanece nos autos do processo. A decisão de arquivamento permanece e não estamos sabendo de processo nenhuma contra o juiz. Agora o Tribunal de Justiça que vai analisar o recurso movido pelos advogados do Richarlyson. Isso é só mais um casinho - explica.

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