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Alex posa ao lado de sua estátua de tamanho real em Istambul | Divulgação Fenerbahçe
Alex posa ao lado de sua estátua de tamanho real em Istambul| Foto: Divulgação Fenerbahçe

Duelo

Coritiba exalta o astro santista

Robson Martins

O Coritiba – a partir das 16 h, no Couto Pereira – terá um adversário para se preocupar: o "Neymar Futebol Clube". Se contar só os oito jogos com participação da estrela santista neste Brasileiro, o aproveitamento de pontos do Peixe é de expressivos 70%. Bem diferente dos 41% do Alvinegro em todas as 24 rodadas.

"Dentro da minha função na CBF [técnico da base], eu fazia essa análise das equipes da Série A. Realmente, o índice de aproveitamento do Santos quando tem o Neymar é muito maior do que sem ele", admitiu o técnico do Coritiba, Marquinhos Santos.

Mesmo assim, o treinador lembra que o Coxa não pode se preocupar só com a marcação se quiser chegar à vitória. Será necessário aproveitar a força do ataque que, mesmo sem um artilheiro de nome até a chegada recente de Deivid, fez nove gols a mais do que a equipe paulista na competição.

"Sabemos que o Santos tem o melhor jogador atuando no Brasil, mas nós também temos grandes atletas que podem resolver", aposta o treinador.

Entre os atletas do Coxa, os elogios ao camisa 11 do adversário também são recorrentes. Algo que ultrapassa até a partida de hoje.

"É o jogador que mais desequilibra no Brasil. Tem de ter atenção, pois ele dribla tanto para fora como para dentro. Esperamos parar o Neymar e fazer os gols lá na frente", conta Demerson. "Vai ser importante marcá-lo. Um dia vou poder falar para o meu filho que eu marquei o Neymar", acrescenta Escudero.

Outubro é o mês em que os clubes vão ao mercado atrás de reforços para a temporada seguinte. Ano passado, Lincoln era um dos nomes no topo da lista do Coritiba para 2012. Nove anos de Europa no currículo e fama de ter um perfil mais intelectualizado do que a média do jogador brasileiro, o meia mereceu uma abordagem especial do departamento de futebol alviverde.

Assim, um baú com as cores do Coritiba chegou pelo correio à casa em que Lincoln, então jogador do Avaí, morava em Florianópolis. Dentro havia três camisas personalizadas do clube, cada uma com um nome: Lincoln, Ra­­quel (mulher dele) e Lincoln Jú­­nior (filho de 2 anos do casal). Também estava lá um papel com o escudo do Coxa e o endereço "www.coritiba.com.br/ProjetoLincoln". Nesta página restrita estava a proposta alviverde.

A proposta conquistou Lincoln, que já em dezembro desembarcou no Alto da Glória como reforço mais badalado do Coritiba. É somente agora, no entanto, que o meia goza de uma condição equivalente ao seu status.

Hoje, contra o Santos, às 16 h, ele será titular pela segunda partida seguida no Cou­­to Pereira neste Brasileiro. Ves­­tirá a camisa 10, outro indicativo da confiança no seu futebol. Há um mês e meio, quando o departamento de futebol definiu a numeração fixa da equipe, o jogador era reserva com Marcelo Oliveira. Esperou pacientemente pela chance de virar titular.

A paciência foi uma qua­­­­­­lidade aprimorada por Lincoln na Alemanha, onde jogou entre 2001 e 2007 – três anos no Kaiserslautern, três no Schalke, eleito um dos cinco melhores jogadores da Bundelisga 2005/2006. Contratado aos 22 anos, se obrigou a ficar no país mesmo com as dificuldades que saberia que encontraria.

"Decidi que não voltaria por qualquer coisinha. Tive muitas dificuldades no começo, principalmente com idioma. Achei que nunca fosse falar o alemão. Mas enfrentei tudo isso e consegui vencer", diz o jogador.

Depois da passagem pela Alemanha, passou dois anos na Turquia. Voltou ao Brasil fluente em alemão e inglês. A paciência é quebrada com a dificuldade brasileira em cumprir prazos e horários. Mantém hábitos raros para boleiros. Gosta de alta gastronomia, ouve muita música eletrônica – especialmente os DJsTiesto e Gui Borato – e usa roupas da marca Reserva, grife que desde 2010 tem Luciano Huck como um de seus sócios.

Ao invés dos agitados Batel e Água Verde, preferiu alugar casa em um condomínio próximo ao CT do clube. "Sou muito simples e bem resolvido dentro e fora de campo. Um cara tranquilo, caseiro, totalmente família", define-se.

Sempre que possível saca do bolso o telefone celular para cuidar de seus investimentos, basicamente imóveis e uma rede de clínicas de medicina do trabalho em Belo Horizonte, da qual é sócio. Em viagens, várias vezes senta para conversar com o presidente Vilson Ribeiro de Andrade, ex-diretor de banco, sobre economia e investimentos.

Com trânsito ótimo dentro do elenco – apesar de uma afinidade maior com Willian e Pereira –, é bastante procurado pelos companheiros atrás de conselhos. Não apenas os garotos. Tcheco, parceiro de quarto no primeiro semestre, pedia várias dicas de investimento.

"Ele é uma pessoa preparada que usou o futebol não só para fazer uma carreira, mas também crescer intelectualmente. Tem um perfil de liderança que motiva os mais jovens e dissemina no grupo uma mentalidade vencedora", elogia o presidente.

Lincoln assume o papel de espelho com naturalidade. Sem impor sua liderança, mas fincando os pés no clube. Aos 33 anos, planeja encerrar a carreira no Coritiba quando seu contrato chegar ao fim, em 2014. O futuro, porém, pode ser dentro do próprio Alto da Glória. "Tenho uma grande dúvida quanto a isso. Toco os meus negócios, o presidente já falou comigo sobre seguir no Coritiba. Quem sabe não posso ficar?", questiona-se, para depois lembrar. "Enquanto isso, vivo meu contrato intensamente para ajudar o Coritiba não só dentro como fora de campo."

Lance a lance: Coritiba x Santos, às 16 h, aqui no site da Gazeta do Povo.

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