Meu Paraná...

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Convidado pela Secretaria Estadual de Educação, este cartunista – e dublê de cronista esportivo – circulou pelo interior do Paraná em evento comemorativo ao centenário de nascimento da poetisa Helena Kolody, que estaria – está! – aniversariando no próximo dia 12 de outubro. Como uma trupe mambembe, nos engalfinhamos em um micro-ônibus – muito bem cuidado e pilotado por Júlio – e seguimos por alguns municípios do estado levando prosa e poesia para alunos da rede estadual de ensino, sempre muito bem recepcionados pelos núcleos regionais.

Com curadoria de Daniel Faria (faria não, faz!), a Caravana da Poesia, na última viagem (tem mais), teve como passageiros, além de Daniel, um bando de loucos (não necessariamente corintianos): Emílio Pitta, nosso anjinho do teatro; Navarro, poeta, professor de literatura e guerrilheiro nas horas vagas; João Bello, prosador, repentista e palhaço 24 horas (genial!); Ricardo Corona, poeta e performer – o que tem Pato Branco que me persegue?; Walmir Teixeira, músico de orelha a orelha (já tocou, jovenzinho, em coral para o Papa João Paulo II, no Vaticano, veja só); Aaron Ramathan, jovem poeta e músico – os suspiros das mocinhas ficaram todos para ele; Anaterra Engelhardt, flautista e cantora, cuja voz suave faria árabes e judeus largarem as armas; Caio Nocko (Guara Exakã), especialista em som, som, om, mmm. Se um poema tiver som, ele traduz.

As camisas de força para essa turma ficaram sob os cuidados de Rose Lobo e René. Paulo registrou tudo em fotos. Cada maluco citado acima levou seus apetrechos para oficinas; para mim, um pen drive na algibeira foi suficiente.

Esta "trip" me revelou muito das populações do interior. Embarquei para Paranavaí, Cianorte e Loanda; Umuarama, Goioerê e Campo Mourão. Vizinhas, são muito diferentes em infraestrutura, em particular as escolas, algumas com excelente manutenção, outras nem tanto. As verbas do estado destinadas a elas ou estão sendo usadas de modo distinto ou não chegam. Um mistério.

Em minhas oficinas falo sobre meu trabalho e suas particularidades; nada muito excepcional. Leitura de textos e interpretações gráficas dos mesmos, com ou sem humor, dependendo do olhar que se faz sobre eles. Apresento alguns haikais e poemas de Helena Kolody e peço que os desenhem. Os resultados são surpreendentes, lindos, em especial nas escolas cuidadas com mais carinho, onde as verbas e a boa vontade atendem à chamada.

Em determinado momento apresento aos alunos as charges de "Los 3 Inimigos" e pergunto se torcem para algum deles. Nada. E para o Flamengo? Gatos pingados. E Corinthians? Muitos dedos levantam orgulhosos. Ou invadimos o interior com nossa cultura – e futebol é só uma parte dela – ou continuaremos ilhados entre Cachoeira e Caximba.