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 | Cesar Machado/ Valepress
| Foto: Cesar Machado/ Valepress

Formação

Início em Curitiba foi infrutífero

Na primeira experiência em Pan-Americanos de Angélica, em 2007, as seleções ligadas à Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) treinavam na concentração permanente, em Curitiba. A ginasta não hesita em dizer que a experiência não foi boa para o desempenho na competição. "Eu era muito nova. Ficar longe de casa, com técnicos que eu não conhecia... Não, não funcionou. Sou contra o regime de concentração. Acho que o técnico de cada atleta tem de ser valorizado", diz.

Depois da Olimpíada de Pequim-08, o sistema de preparação da CBG foi alterado: os atletas das ginásticas artística, rítmica e trampolim permanecem treinando em seus clubes. Angélica treina em Toledo, perto da família e com a técnica com quem aprendeu as primeiras acrobacias, aos 9 anos, a paranaense Anita Klemann, que também é uma das técnicas da seleção individual da modalidade.

Juntas, as duas criam e aprimoram as séries que Angélica apresenta nas competições. "A Anita escolhe a música, me apresenta. Se eu gosto, começamos a incluir os elementos que vou executar. Este ano, mudamos bastante minhas séries, com as indicações feitas pela Galina", conta.

Entre tantos treinos e viagens, em 2011 Angélica começará, pela terceira vez, o primeiro ano da graduação em Educação Física. "Em 2008, fiz até o terceiro semestre, mas, por estar competindo, perdi a semana de provas do quarto semestre. Este ano foi tanta viagem que mal coloquei os pés na faculdade", diz a ginasta.

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2010 seria o melhor ano da carreira da ginasta Angélica Kvieczynski, se não fosse um susto em outubro. Quem viu a garota sorridente, na entrega do Prêmio Brasil Olím­­pi­­co, em que foi eleita melhor atleta da ginástica rítmica na temporada, na segunda-feira, não diria que se recupera de uma trombose na perna direita. Muito menos a foto que estampa esta reportagem dá in­­dícios de que passou há pouco por uma cirurgia no joelho direito para retirar o pedaço do menisco que lhe causava dor durante os exercícios.

Aos 19 anos, a garota de Toledo supera com tranquilidade o susto da trombose – coágulos sanguíneo nas veias que podem causar danos sérios. "Minha sorte é que fui operada por um médico muito competente. Em outros casos, poderia ter avançado para uma embolia pulmonar. Ainda tomo injeções diárias, parte do tratamento, mas já tenho data para voltar a treinar", conta a jovem, com um jeito tímido de falar e a voz baixa – perfil distante da expressão convicta e confiante que apresenta nos tablados.

Até 21 de janeiro, quando volta à rotina de atleta com potencial olímpico, quer aproveitar para des­­cansar, algo raro em 2010. Além dos treinos intensos e diários, foram muitas viagens e competições. E muito saldo positivo. A ginasta sagrou-se pentacampeã brasileira individual. Em março, impressionou ao ganhar seis das dez medalhas brasileiras no Cam­­peonato Sul-Americano de Gi­­nás­­tica Rítmica, na Colômbia. Todas de ouro. Angélica venceu as disputas nas maças, fita, bola, corda, arco e o geral individual.

No Mundial de Moscou, em se­­tembro, ficou entre as 20 melhores. Longe do pódio, mas um ótimo resultado para a brasileira que enfrenta a supremacia e tradição das ginastas do Leste Europeu.

Por causa da cirurgia no joelho, não participou da seletiva classificatória para o Pan-Americano do México, em 2011. Mas, pela qualidade da equipe nacional, tem presença garantida em Guadalajara. Presença também desejada: o ouro no Pan garante a vaga na Olimpíada de Londres, em 2012.

Será o segundo Pan que An­­gé­­lica vai disputar. O primeiro foi em 2007, no Rio de Janeiro. Se esta semana a visita à Cidade Mara­­vi­­lho­­sa foi para selar um ano triunfante, pode ter servido também para amenizar uma lembrança nada agradável. "Foi uma competição que não fui nada bem. Em parte porque eu ainda era muito nova", avalia. Na época, aos 15 anos, era a caçula da equipe. E foi a única a ficar fora do pódio da ginástica rítmica: o melhor resultado foi o 5.º lugar no arco.

Mais madura e ciente da sua capacidade, a descendente de po­­lo­­neses – vide o sobrenome complicado (Kvieczynski) – comemora outro feito deste ano: a parceria de sucesso com a técnica russa Galina Bokaeva.

Por intermédio de sua treinadora, Anita Klemann, a ginasta fez parte do seu treinamento de 2010 na Rússia por duas vezes: no início do ano e às vésperas do Mundial. Foi lá que comemorou, em 1.º de setembro, seu 19.º aniversário. O presente foi a melhora da técnica nas dificuldades.

"Essa é uma característica da ginástica russa: precisão dos movimentos. Já as ucranianas primam pelo aspecto artístico das sé­­ries, enquanto as bielo-russas mostram uma criatividade nas coreografias incomparável", explica, so­­bre as principais escolas da modalidade. "No Brasil, temos buscado incorporar o que esses países têm de melhor para evoluirmos".

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