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Pugilistas estão se acostumando a lutar sem os capacetes: promessa de mais nocautes, mas também mais cortes. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Pugilistas estão se acostumando a lutar sem os capacetes: promessa de mais nocautes, mas também mais cortes.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

A cara do boxe masculino mudou na Rio-2016. E a tendência é ficar mais vermelha. Os lutadores, que começaram a subir ao ringue do Pavilhão 6 do Riocentro, no sábado (6), não utilizam mais capacetes, vigentes desde os Jogos de Los Angeles-1984. O acessório – adotado originalmente para evitar cortes – foi retirado pela Associação Internacional de Boxe Amador (AIBA) em 2013.

O motivo é um estudo que aponta o capacete como vilão das concussões cerebrais (perda da consciência de curta duração devido a trauma craniano).

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Desde então, de acordo com a entidade, o número de concussões caiu 43%. Diante disso, o Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu seguir a nova norma.

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“O número de cortes aumentou em 20% desde a alteração, mas agora começou a cair, já que os atletas estão se acostumando a lutar de forma diferente, de cabeça mais baixa”, diz o médico da Confederação Brasileira de Boxe (CBB), Bernardino Santi. “A ideia é acompanhar por cinco anos para saber o tamanho dos benefício”, emenda.

O capacete dá uma falsa sensação de segurança aos atletas, o que fazia com que eles fossem atingidos mais vezes na cabeça. Além disso, também não protegia contra a lesão mais comum: o sangramento nasal.

“Você não sente muito os golpes [com capacete]. Sem eles, dói mais porque é direto na pele. Então é preciso faze algo para fugir do perigo”, relata o atleta australiano Jason Whateley. “Você tem uma visão melhor de tudo. Não conheço ninguém que goste de lutar com ele”, defende o boxeador britânico Galal Yafai.

Para agradar a audiência

Apesar de a AIBA afirmar que a razão para a mudança tem relação com a saúde dos atletas, há outro componente na tomada de decisão.

Sem capacetes, o lutadores ficam mais identificáveis, fato que os aproxima do boxe profissional. A ação deve aumentar, assim como os nocautes. E isso significa mais audiência e, consequentemente, mais dinheiro. “É esporte para a televisão. Tentaram se basear em algo mais profissional, de ter essa conotação diferente do amador”, opina Santi.

Há outra polêmica, entretando. Se há a comprovação na diminuição de concussões, por que não implementar também para as mulheres, que estrearam no boxe em Londres-2012?

“Minha mãe adoraria que o capacetes fossem sempre obrigatórios para as mulheres. O único problema, para mim, é um corte que pode virar uma cicatriz. Mas a beleza do boxe feminino é essa. Você pode cobrir com maquiagem”, brinca a australiana Shelley Watts.

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