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Além de Yelena Isinbayeva, lenda do salto com vara, outras estrelas podem ficar fora dos Jogos, | DBA//JG/KAI PFAFFENBACH
Além de Yelena Isinbayeva, lenda do salto com vara, outras estrelas podem ficar fora dos Jogos,| Foto: DBA//JG/KAI PFAFFENBACH

O Comitê Olímpico Internacional (COI) deve decidir neste domingo (24) se autoriza ou não a Rússia a participar dos Jogos do Rio, mas muitas questões ainda estão em aberto e o veredito deve ser seguido de vários recursos na justiça, a apenas 14 dias do mega-evento.

O Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) já confirmou na quinta-feira a exclusão do atletismo russo da Olimpíada, mas o país pode ser banido como um todo por conta de novas revelações sobre o “sistema de doping de Estado” divulgadas na última segunda-feira, no relatório McLaren.

O presidente do COI, Thomas COI, deixou claro as conclusões desse relatório, redigido por uma comissão independente da Agência Mundial Antidoping, “são um ataque chocante e sem precedentes à integridade do esporte e dos Jogos Olímpicos”.

“O COI não hesitará a tomar as medidas mais rigorosas”, avisou o dirigente.

Com a exclusão, outras estrelas podem ficar fora dos Jogos, depois de Yelena Isinbayeva, lenda do salto com vara.

A seleção masculina de vôlei, que conquistou o ouro em Londres-2012 ao superar o Brasil na final, ou a ginasta Aliya Mustafina, rainha das barras assimétricas, têm sua participação em risco.

“O esporte não está a um passo, mas a poucos milímetros do abismo”, resumiu na sexta-feira o jornal russo Komsomolskaïa Pravda.

“O COI tem uma decisão muito difícil pela frente”, comentou o ministro russo dos Esporte Vitali Mutko, que teve sua credencial para os Jogos do Rio vetada por ser acusado de envolvimento direto no esquema de doping do seu país. “Lemos o relatório McLaren, que é extremamente chocante, mas lamentamos que a Wada não tenha ido nos procurar na Rússia durante sua investigação”, completou.

Além da Olimpíada, a Rússia também corre sério risco de ficar fora dos Jogos Paralímpicos. Na sexta-feira, o Comitê Paralímpico Internacional (CPI) iniciou um procedimento de suspensão contra o Comitê Paralímpico do país, apontando uma “cultura de doping endêmico no mais alto nível”.

A decisão do CPI deve sair na semana que vem.

Rumo à exclusão total da Rússia?

Os 15 membros da comissão executiva do COI, liderada por Thomas Bach, presidente da entidade, não pode excluir de fato a Rússia como um todo, mas apenas “suspender” seu comitê olímpico (ROC). Esta suspensão não é aplicada automaticamente: o próprio COI precisa definir seus “efeitos”, que podem chegar ao banimento total de todos os atletas.

Isso já aconteceu com a suspensão dos comitês nacionais da África do Sul, de 1964 a 1988, por conta do regime do apartheid, e do Afeganistão, em 2000, quando o país era governado pelos talibãs.

O COI não vai necessariamente chegar a esse extremo, mas pode, por exemplo, proibir a bandeira russa nas instalações olímpicas ou o hino russo em eventuais medalhas de ouro.

O comitê nacional do Kuwait (KOC) já foi suspenso dos Jogos do Rio pelo COI. A decisão foi tomada em outubro de 2015, por “ingerência governamental indevida”. O KOC recorreu da decisão diante do TAS, que deve ser pronunciar na semana que vem.

Qualquer que seja a decisão, o COI já pretende admitir atletas kuwaitianos, desde que aceitem competir sob bandeira olímpica.

Haverá atletas russos no Rio?

A suspensão do ROC não significa necessariamente a ausência total de atletas russos no Rio. A cartilha olímpica estipula que “a elegibilidade dos atletas cabe às federações internacionais de cada esporte”.

No caso do atletismo, por exemplo, a saltadora em distância russa Darya Klishina foi repescada pela IAAF, por treinar na Flórida, onde é submetida a exames mais rigorosos do que no seu país.

O COI, contudo, ainda pode estabelecer critérios para direcionar a avaliação das federações internacionais que terão que julgar quais atletas merecem ser repescados por serem considerados ‘limpos’. “A admissão de cada atleta russo deverá ser decidida por sua federação internacional, baseada na análise individual dos exames antidoping aos quais foi submetido a nível internacional”, adiantou a entidade na terça-feira.

São critérios muito parecidos com aqueles que foram usados pela IAAF e resultaram na exclusão de todos os representantes do atletismo russo, menos Klishina.

A meio-fundista Yulia Stepanova também foi autorizada a disputar os Jogos, a título de ‘delação premiada’, por ter denunciado o esquema de doping sistemático do seu país em documentário do canal público alemão ARD.

As federações internacionais não são obrigadas a seguir esses critérios, mas o COI sempre tem a última palavra.

O que acontece depois da decisão do COI?

Se for suspenso, o ROC ainda pode recorrer diante do TAS, a mais alta jurisdição esportiva, em Lausanne, a mesma que confirmou a punição do atletismo russo.

Cada atleta que não seria repescado pela sua federação internacional também pode apresentar um recurso individual.

Nesse caso, o TAS teria que tomar uma decisão de emergência, que pode sair em quatro ou cinco dias.

Ainda existe a possibilidade de tomar “medidas provisórias e conservatórias antes que todos os recursos sejam esgotados”. Ou seja: o recurso pode ser suspensivo.

Desta forma, um atleta russo pode ser autorizado de forma provisória a disputar os Jogos do Rio, correndo o risco de perder uma eventual medalha “depois dos Jogos” se o recurso for negado no futuro, explicou à AFP Jean-Christophe Rolland, presidente da Federação Internacional de Remo.

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