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Diego Hypólito emocionado com a medalha de prata. | BEN STANSALL/AFP
Diego Hypólito emocionado com a medalha de prata.| Foto: BEN STANSALL/AFP

Em Pequim-2008, Diego Hypólito caiu de bunda em sua apresentação. Em Londres-2012, caiu de cara. Na Rio-2016, foi a vez de cair de pé e garantir a medalha de prata na prova do solo da ginástica artística. Outro brasileiro, Arthur Nory ainda levou o bronze neste domingo (14), garantindo uma dobradinha no pódio para o Brasil, o que não era registrado há 20 anos, desde os Jogos de Atlanta com o vôlei de praia feminino.

Diego, logo o segundo a se apresentar, foi impecável e somou 15.553 pontos. Nory, que nas classificatórias havia ficado apenas em oitavo lugar, surpreendeu e também não errou: 15.433 pontos. Depois foi só esperar. Um a um, ginastas mais cotados foram errando. A torcida local na Arena Olímpica pressionou os adversários com vaias e muita comemoração a cada acrobacia imprecisa dos estrangeiros. Diego não aguentou e passou mal.

“Dá uma ansiedade você ver todo mundo competindo. Minha pressão caiu. Fiquei tonto, tomei uma suplementação porque achei que ia desmaiar, dar um vexame”, lembrou aos risos.

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Deu tudo certo. Apenas o britânico Max Whitlock superou os brasileiros (15.633) e ficou com o ouro. A prata estava de ótimo tamanho para Hypólito. O ginasta garantiu a vaga de titular na seleção apenas na reta final de preparação olímpica. Mundial de Glasglow, no ano passado, por exemplo, foi reserva. O paulista estava feliz só por competir. Agora vai levar de ‘lembrança’ dos Jogos uma medalha.

“Eu não consigo acreditar que isso é real. Tive uma Olimpíada em que eu caí de bunda. Na outra, literalmente de cara. Aqui, caí de pé. Eu nem sou tão bom quanto eu fui nos outros Jogos, infinitamente pior e consegui uma medalha. A sensação é inexplicável. Parece que saiu um caminhão das minhas costas. É o momento mais emocionante da minha vida”, declarou.

Finalmente, ele conseguiu exorcizar os fantasmas das frustrações olímpicas anteriores. “Na hora em que fui para a última acrobacia, veio um filme na cabeça de Pequim. E nessa hora pensei: eu treinei, me dediquei, não posso deixar o trabalho ir por água abaixo por um pensamento negativo. Tenho que ir lá e fazer”, contou.

Fórmula do sucesso

O pódio tem influência direta do trabalho do técnico Marcos Goto, o mesmo de Arthur Zanetti – atual campeão olímpico nas argolas. O antigo treinador de Hypólito, Fernando Lopes, foi afastado da seleção masculina depois que o Ministério Público de São Paulo passou a investigá-lo por uma causação de abuso sexual contra um ginasta menor de idade. Há cerca de dois meses, Goto passou a comandar diretamente Diego.

“Marcos Goto é o merecedor dessa medalha. Ele acreditou em mim, quando ninguém fez isso. Quando treinadores falavam que eu não podia, que eu não ajudaria a equipe, ele falou o contrário”, exaltou.

O técnico foi direto ao falar sobre a fórmula que transformou Diego em um medalhista olímpico: mais humildade, mais treinos e o exemplo do agora medalhista de bronze Arthur Nory.

“Ele viu como o Arthur treina. O Arthur não reclama de nada, faz o que é planejado. O Diego seguiu a mesma linha. Ele ficou mais humilde, mais tranquilo, nos ouviu. Os treinos foram pesados e ele suportou mesmo cansado. Essas mudanças acabam culminando no resultado”, disse Goto.

“Isso mostra para o país que um atleta de 30 anos pode medalhar. Muitas vezes na ginástica se acha que já é alguém velho. Então o país pode repensar nos nossos ‘velhinhos’”, completou o treinador.

E Diego não que encerrar a história olímpica com seus 30 anos. Pretende aumentar o currículo com a participação nos jogos de Tóquio-2020. “Vou para minha quarta Olimpíada sim. Não vou parar. Eu amo demais o que eu faço”.

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