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Sueli Tortura em ação. | Valterci Santos/Gazeta do Povo
Sueli Tortura em ação.| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo

Primeira mulher paranaense a fazer parte do quadro de árbitros da Federação Internacional de Futebol (Fifa), a ex-árbtira Sueli Tortura é personagem simbólica na história das mulheres no apito nacional.

Sueli, que se aposentou profissionalmente em 2007, mas ainda apita competições amadoras, compara as dificuldades enfrentadas no passado com o cenário de hoje e ainda analisa a falta de representatividade feminina no quadro da Federação Paranaense de Futebol (FPF).

Confira a entrevista.

Como era a questão do preconceito na sua época?

Bem no início, em 1995, quando iniciei no futebol profissional, teve preconceito. Mas, graças a Deus, de 1998 em diante, não aconteceu mais. A não ser quando o Afonso Vítor de Oliveira assumiu a Comissão de Arbitragem da FPF. Ele não gosta de mulher na arbitragem.

Por que você diz isso?

Temos uma árbitra Fifa no estado [Edina Alves Batista], que trabalhou em Série D e no Estadual não a colocam para trabalhar. Se você pegar no Brasileiro, temos a participação de muitas mulheres. Aqui no Paraná, eu vejo o problema do Afonso. Enquanto ele estiver, as mulheres não terão espaço. Ele diz que lugar de mulher não é em campo de futebol. [Afonso Victor se defendeu dizendo que o problema é a falta de interesse das mulheres]

Como você conseguiu superar as dificuldades no início de carreira?

Foi o respeito que conquistei, que consegui ganhar, e que até hoje é muito grande. Foi o respeito que conquistei de todos no meio do futebol. A mulher na arbitragem tem de matar um leão por dia.

Como você compara o cenário atual com os seus anos de arbitragem?

Hoje as coisas mudaram bastante. Especialmente quanto ao respeito de dirigentes, atletas. As portas estão bem abertas. A mentalidade das federações e até da CBF mudou muito. Estão colocando mais mulheres na arbitragem. Eu queria ter 23 anos hoje, começando a carreira, seria mais fácil. Com a minha estatura [1,70 m], eu teria chances de apitar uma final de Brasileiro [risos].

O que fazer para mudar o cenário local?

O primeiro trabalho é o da imprensa, da opinião pública, de mudar a visão que é reproduzida sobre as mulheres na arbitragem. O segundo, mudar a mentalidade do seu Afonso Victor de Oliveira, porque tem um monte de mulheres por aí querendo trabalhar. Muitas estão migrando para o futsal, porque no futebol não têm espaço.

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