Dois casos em São Paulo ainda são aguardados
Após a decisão de hoje, a Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) ficará na expectativa do que pode ser um novo baque à modalidade. Mais dois casos de doping foram detectados na Volta de São Paulo, disputada em agosto.
Por causa do sigilo exigido pela Federação Internacional de Ciclismo, responsável por fazer o comunicado a respeito de dopagem, os nomes ainda não foram divulgados, bem como a substância proibida encontrada.
"Não sabemos ainda se são atletas brasileiros ou não. A prova contava com 36 estrangeiros inscritos e por isso estamos no aguardo para saber quais providências serão tomadas", disse o presidente da CBC, José Luís Vasconcellos.
Se as amostras positivas pertencerem a atletas do país serão sete casos (incluindo os dois de Alcides Vieira) descobertos em menos de um mês.
A Comissão Disciplinar da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) se reúne hoje, às 10 horas, em Curitiba, para julgar os quatro atletas flagrados no exame antidoping realizado durante a Volta de Santa Catarina, em abril. Além do vencedor da prova, o pernambucano Alex Diniz, o curitibano Alex Arseno e os cascavelenses Cléberson Weber e Alcides Vieira tiveram amostras positivas para a substância eritropoietina (EPO). O trio paranaense compete pela equipe Dataro, de Cordeirópolis (SP). A pena mínima é de dois anos e pode chegar ao banimento do esporte.
O resultado dos exames foi anunciado dia 18 de outubro e nenhum dos ciclistas se manifestou com o pedido de contraprova. A CBC entendeu o silêncio como admissão de culpa e os suspendeu automaticamente até o julgamento desta sexta.
A sessão será comandada pelo procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Paulo Schmitt, e por Alexandre Quadros, do pleno da entidade. O outro integrante da comissão, o médico Eduardo De Rose, membro da Agência Mundial Antidoping (Wada, em inglês) não deve comparecer.
Nem mesmo os atletas são esperados. "Nenhum deles se manifestou e nem sei se irão aparecer", disse Schmitt. Ele avalia a substância detectada como uma das mais graves no esporte. "Não há circunstância que indique involuntariedade no uso", comentou o procurador.
A eritropoetina é utilizada geralmente por atletas de provas de fundo, como atletismo, esqui e ciclismo. Seu efeito é aumentar o número de glóbulos vermelhos no sangue, melhorando a troca de oxigênio e a resistência física. O corpo humano possui quantidades de EPO produzidas pelos rins. Mas a detecção de taxas mais elevadas indicam o doping. A substância foi a mesma encontrada no maior escândalo do esporte brasileiro quando seis atletas foram flagrados antes do Mundial de Atletismo de Berlim, no início de agosto.
"É uma situação lamentável, mas vejo também que a CBC está fazendo um trabalho positivo e de credibilidade para punir todos que estejam utilizando substâncias proibidas. Essa é uma questão do esporte mundial que precisa ser combatida", disse o presidente da confederação, José Luís Vasconcellos.
Contaminação
Único dos atletas envolvidos que aceitou falar sobre o caso, Alcides Vieira foi flagrado também em exames realizados na Volta do Paraná, em junho e cujo resultado foi divulgado há duas semanas. Ele nega o uso de EPO e atribui a amostra positiva à contaminação com suplementos ingeridos durante um tratamento de saúde.
"Não fiz nada. Estou tranquilo. Não pedi a contraprova porque é muito caro. Acho que deveriam generalizar os exames. Nós fomos a equipes mais testada", disse ontem por telefone à reportagem. Vieira ainda afirmou desconhecer dados sobre o julgamento. "Recebi um fax mas não vi direito. Nem sei se vou. Não tenho advogado", comentou.
O técnico da Dataro, o paranaense Hernandez Quadri Júnior, torce para um desfecho positivo, apesar de reconhecer a gravidade da acusação. Com 14 atletas, ele admite que a equipe pode sofrer um abalo, mas descarta o encerramento das atividades caso os três ciclistas sejam condenados.
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