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Caetano Vargas, de 25 anos, começou a surfar por causa de uma bronquite alérgica. Agora é uma das apostas do esporte | Marcio David/Divulgação
Caetano Vargas, de 25 anos, começou a surfar por causa de uma bronquite alérgica. Agora é uma das apostas do esporte| Foto: Marcio David/Divulgação

Crise

Desoganização e falta de representatividade arruínam surfe local

Com apenas três atletas posicionados entre os 100 melhores do Brasil, a crise no surfe do Paraná vem de longa data. O estado passou 2009, 2010 e 2011 sem possuir um circuito profissional, desorganização que é a melhor explicação para a baixa representatividade paranaense no cenário nacional.

"Infelizmente o surfe paranaense enfrentou muitos problemas de gestão. Eu, por exemplo, assumi a federação quase como uma intervenção. E estamos começando um trabalho de reestruturação", comenta Jorge Batista, atual presidente da Federação Paranaense de Surf (FPS).

Neste ano o estado voltou a ter um circuito profissional. E a promessa é de que sejam disputados 25 eventos em 2013. "Estamos aos poucos recuperando a credibilidade. Já temos empresas nos procurando, buscando apoio junto ao governo e as prefeituras", afirma Batista.

Maior surfista de todos os tempos do Paraná, Peterson Rosa reclama da situação atual. "É triste ver a molecada nova não conseguir viajar para circuito, sem apoio. Eu vejo que há algumas pessoas bem intencionadas, mas falta o incentivo de empresas do setor e também do poder público", diz o tricampeão brasileiro, natural de Matinhos.

Batista concorda que o momento atual é ruim. "Nossa representatividade é muito pequena se considerarmos as potências que são Matinhos e Guaratuba. E temos mais de 20 mil surfistas no estado", finaliza.

Caetano Vargas fechou 2012 como o melhor paranaense no ranking do circuito nacional da Associação Brasileira de Surf Profissional (Abrasp). Após 12 etapas disputadas ao longo de toda a temporada, o esportista integra o top 10 da modalidade, ocupando a 9.ª colocação.

Uma escalada vertiginosa considerando seu último resultado. No ranking de 2011, Caetano terminou somente na 73.ª posição. "Foi um ano muito positivo. Consegui ser bem consistente e alcançar o melhor desempenho da minha carreira", avalia o atleta de 25 anos.

Resultado ainda mais expressivo diante da situação ruim do surfe no Paraná. Além de Caetano, o estado conta com apenas mais dois representantes entre os 100 melhores. Jihad Kohdr aparece em 37.º, e Peterson Rosa, praticamente afastado das competições profissionais aos 38 anos, é o 57.º.

O caso de Caetano, aliás, retrada melhos ainda atual fase do surfe paranaense. Embora represente o estado onde nasceu – ele é de Rolândia – o surfista mora e treina em Itapoá-SC.

Caetano mudou-se para lá aos 10 anos de idade, junto com os pais. Mas, não fosse por isso, escolheria o estado vizinho para viver do esporte. "O circuito catarinense é muito competitivo, talvez o mais forte do país. Tem o apoio de muitas marcas de surfwear, boas premiações, vale a pena ficar por aqui", explica.

Ele chegou a correr os campeonatos na terra natal e frequentar a Ilha do Mel e Matinhos, os dois principais pontos do surfe paranaense. Mas, assim como os demais conterrâneos, nunca teve incentivo suficiente para permanecer por aqui.

E foi justamente em Santa Catarina que ele obteve o seu grande resultado em 2012, ao sagrar-se campeão da segunda etapa do Campeonato Catarinense, na praia de São Francisco. Para tanto, teve de superar 128 competidores de 13 estados brasileiros.

Bom momento que Caetano quer ver repetido mais vezes em 2012. "Agora que consegui ficar entre os 10 melhores, quero terminar a temporada entre os cinco. É a meta que eu tracei. E acredito que tenho boas chances de conseguir", comenta.

Seria a consolidação no cenário nacional de alguém que começou a surfar quase por acaso. Por causa de uma bronquite alérgica, o paranaense foi instruído a praticar natação, ainda em Rolândia. Já em Itapoá, acabou trocando as piscinas pelo mar.

"Era tudo uma brincadeira. Até que comecei a ficar em pé em uma prancha de bodyboard. Minha família viu que eu levava jeito para o esporte e eu ganhei uma prancha de surfe mesmo.

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