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As chances de o Morumbi ter o jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014 parecem cada vez mais remotas. Nesta quarta-feira, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, disse no Rio de Janeiro que o projeto do estádio apresentou apenas 'soluções paliativas' e está longe de cumprir as exigências da FIFA para o jogo de abertura do Mundial.

"Faço questão de dizer que o problema é com o estádio, não com a cidade. Eles mandaram uma nova proposta e ela novamente não se enquadra no projeto que a Fifa exige. A impressão que dá é que estão fazendo coisas paliativas".

Teixeira disse que as exigências para abertura e final do Mundial são maiores:

"Na conceituação, os estádios que vão fazer abertura e encerramento são completamente diferentes. Por isso, a preocupação. A gente precisa, nesse prazo de até 03 de maio, realmente acelerar esse problema com o Morumbi porque ele não tem atendido os reclames da Fifa".

Ele foi mais longe:

"Para pretensão de abertura de Copa do Mundo, as necessidades que a Fifa exige são muito superiores àquelas que estão sendo propostas. O importante é que o Morumbi se adeque. Não adianta paliativamente você vir com ideias que não se enquadram no projeto. A Fifa é muito normatizada. O estádio tem que ter tais características. Ou cumpre a característica, ou você não pode fazer a abertura".

Perguntado qual era o tamanho da distância atual entre o projeto do Morumbi e as exigências da Fifa, o dirigente foi claro:

"Está muito grande. Se por um acaso ele não se enquadrar para abertura, se enquadra para oitavas de final, se enquadra para as outras fases do campeonato. Agora, eu volto a dizer, para abertura e para fechamento, as exigências da Fifa são muito mais sérias e muito maiores".

Entenda o caso

Foco da maior polêmica sobre as sedes, o local foi considerado, desde o início, como problemático pela Fifa. A frase do presidente da CBF é algo supreendente pois o projeto de reforma do estádio finalmente parecia ter sido aceito pela Fifa. Depois de uma longa temporada de críticas, o secretário-geral da entidade, Jérome Valcke, elogiou, neste mês, as mudanças previstas pelo clube tricolor para sua arena.

"Os planos de reforma do Morumbi eram um problema, mas o projeto que recebemos recentemente nos deixou satisfeitos. O que foi pedido está sendo atendido", disse, em entrevista coletiva na sede da Fifa, em Zurique, no último dia 19.

A polêmica em torno do estádio começou pouco depois de a cidade ter sido escolhida como uma das 12 sedes do Mundial. No dia 2 de junho de 2009, um mês depois do anúncio oficial das cidades, Jérome Valcke disse que o projeto do Morumbi era o pior de todos.

As principais críticas diziam respeito à área reservada para a imprensa (estúdios em quantidade insuficiente, falta de espaço para equipamentos de geração da transmissão de TV, falta de área para o trabalho da imprensa, incluindo aí zona mista de entrevistas) e à reduzida área para estacionamento aliada à dificuldade de acesso ao estádio. Segundo publicou o jornal 'O Globo' na época, a Fifa iria inclusive recomendar a redução da capacidade do Morumbi de 62 mil pessoas para 46 mil.

"Uma das principais discussões com a cidade de São Paulo é sobre o estádio. Necessitamos encontrar uma solução para este estádio ou para a construção de um novo estádio. Mas, definitivamente, o Morumbi não atende a todos os requisitos que necessitamos nos 12 estádios da Copa do Mundo", disse Jérome Valcke.

O clube afirmou que atenderia as exigências e que sua arena estaria pronta para a Copa. Em setembro de 2009, diante de mais críticas de Valcke, o São Paulo se defendeu. O Tricolor divulgou comunicado oficial. Nele, dizia ter enviado um novo projeto que com certeza ainda não havia sido avaliado pela entidade.

"O São Paulo Futebol Clube acredita que as declarações atribuídas ao Sr. Jerome Valcke conforme veiculadas teriam sido feitas sem que o mesmo tivesse tido tempo para conhecer e bem avaliar aspectos fundamentais do Projeto atual do Estádio do Morumbi e do seu entorno. O São Paulo Futebol Clube está absolutamente seguro de que o projeto apresentado em 4 de setembro atende a todas as exigências oficialmente formuladas pela Fifa"

Porém, Jérome Valcke continuou a criticar e a pôr em dúvida a realização de algum jogo importante no local. Em fevereiro deste ano, em evento na África do Sul, ele voltou a bater na tecla. Disse que o estádio precisava passar por uma reforma ou, se fosse o caso, que construíssem outro na capital paulista.

"Não é uma questão pessoal contra a cidade de São Paulo, dizer isso é besteira. Simplesmente temos uma lista de exigências para cada fase da Copa. Por enquanto o Morumbi não está preparado para sediar nada além de partidas da primeira fase e de oitavas de final. Se quiserem mais devem oferecer o que precisamos. É necessário que São Paulo reforme seu estádio ou então que construa outro".

Na ocasião, também ressaltou que a Fifa não se envolveria na questão sobre a verba para adequar o estádio.

"Ou há um compromisso de pôr dinheiro em um projeto ou a maior cidade do Brasil não terá jogos grandes. Se for investimento público ou privado não cabe à Fifa decidir".

Agora, com a declaração de Ricardo Teixeira, a capital paulista precisa correr contra o tempo. Afinal, a construção de um novo estádio parece ser a única solução para o problema. E o local precisa estar pronto para a Copa das Confederações, que será disputada em 2013. Além de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Brasília, Fortaleza, Salvador, Recife, Natal, Manaus e Cuiabá vão receber jogos da Copa de 2014.

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