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 | Imagens da matéria : Facebook das torcidas/
| Foto: Imagens da matéria : Facebook das torcidas/

Nas arquibancadas da Vila Capanema e do Couto Pereira, futebol e política se misturam. Pelo menos para dois grupos de torcedores alinhados à esquerda do espectro político. A paranista Gralha Marx e a coxa-branca Coritiba Antifascista marcam presença nos jogos de Paraná e Coritiba, respectivamente, ao mesmo tempo em que promovem militâncias políticas.

Fundada em 2013, a Gralha Marx se autodenomina de esquerda. Já a Coritiba Antifascista, criada em 2017, diz possuir membros de “diversas correntes e tendências”, ao mesmo tempo em que traça como objetivo “superar o estigma que o termo antifascismo carrega no senso comum”. Vale lembrar, no entanto, que historicamente o movimento antifascista é ligado à esquerda.

Em comum, ambos os grupos preferem não identificar seus membros individualmente. “Nossa luta e difusão dos ideais pregados por nós é mais importante que termos nossos nomes publicados em um jornal que fazemos diversas críticas”, defendem os cerca de 30 “camaradas” paranistas que compõem a Gralha Marx, como se autodenominam.

Já os coxas-brancas afirmam que “procuram não individualizar as coisas. A construção da nossa torcida se dá coletivamente e é preferível que sejamos identificados enquanto grupo e não como indivíduos isolados”. Ambas as torcidas aceitaram responder às perguntas da reportagem apenas por escrito.

Doutorando em Comunicação na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e autor do livro Clientes versus Rebeldes – novas culturas torcedores nas arenas do futebol moderno, Irlan Simões pesquisa a relação histórica entre futebol e política e acredita que a opção pelo anonimato é comum nestas torcidas.

“Por motivos de segurança. Seja diante dos órgãos estatais, seja por parte de adversários de extrema-direita”, analisa Simões. “O anonimato é muito comum em outras contraculturas que viveram esse tipo de polarização entre fascistas e antifascistas, com histórico de confrontos físicos sérios”, reforça.

O movimento encontrado no futebol paranaense é, na verdade, um reflexo nacional. Atualmente, pelo menos 30 clubes brasileiros possuem torcidas antifascistas, de esquerda. Dentre eles, Atlético-MG, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Santos, São Paulo e Vasco.

Militância

As duas torcidas não devem ser confundidas com as tradicionais organizadas. São, na verdade, agrupamentos de torcedores com um mesmo viés político.

A Gralha Marx garante ser “contra o racismo, homofobia, machismo e demais preconceitos”. Além disso, se define como “torcedores do Paraná com posições políticas de esquerda: histórica, luta de classes, socialismo, anti-imperialista e anticapitalista”.

Já a Coritiba Antifascista repudia a “hostilidade do meio do futebol contra diversos grupos sociais e identitários, como mulheres, negros e homossexuais”, com o objetivo de “resgatar a característica popular do futebol, livre de opressões e preconceitos, especialmente contra as minorias”.

Em comum, ambas militam contra o que consideram ser o elitista futebol moderno, movimento que se intensificou após a introdução das novas arenas ao redor do mundo.

Reação dos demais torcedores

Tanto os paranistas, como os coxas-brancas de esquerda, garantem que os demais torcedores aceitam bem seus posicionamentos políticos nos estádios.

“Mesmo que de vez em quando apareça um ser achando absurdo, sob a alegação de que futebol e política não se misturam, cinco minutos depois o mesmo ser faz uma publicação com ódio ao futebol moderno. Futebol e política têm relação muito estreita”, defende a Gralha Marx.

“Até o momento, só recebemos manifestações de apoio, inclusive de outros grupos de torcedores. Sabemos que enfrentaremos algum tipo de resistência, em sua grande maioria por questão de desconhecimento em relação àquilo que defendemos”, assegura a Coritiba Antifascista.

Histórico

Segundo o pesquisador Simões, o uso das arquibancadas para a propagação de ideais políticos é antigo. “Desde os anos 1920, os torcedores ingleses já se organizam em associações ‘de classe’ para contestar o valor dos ingressos ou horários de jogos. No Brasil, já temos registros diversos desde a década de 1960”, explica.

Já os grupos antifascistas surgiram na Itália dos anos 60/70, explica Simões. “Suas primeiras experiências partiram de jovens estudantes universitários”, complementa o pesquisador. Ele ainda afirma que outros tipos de “militância torcedora” estão se proliferando no país.

“São movimentos que pautam a democratização dos clubes, redução dos preços de ingressos e o direito de fazer a festa nos estádios, por exemplo”, finaliza.

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