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No clima de malhação geral que assola o futebol brasileiro, é revigorante poder elogiar a conquista antecipada do Fluminense, um campeão inteiro. Foi o time que mais venceu jogos, o que menos perdeu, o que mais gols marcou, o que menos gols sofreu e ainda por cima conta com Fred, o artilheiro do campeonato.

Historicamente, desde a implantação da fórmula de disputa por pontos corridos, a equipe que mais se aproximou da bela campanha do Fluminense foi o São Paulo, em sua trajetória do título também antecipado de 2006, porém sem ter o goleador do certame.

Que a maioria dos times brasileiros é tecnicamente carente, não resta dúvida, afinal os melhores jogadores foram embora para o exterior e o volume de revelações nas categorias de base está aquém da necessidade e, sobretudo, da quantidade exigida pelo mercado interno. Os garotos são muito mal preparados nas divisões de formação. Tem muito time disputando muitos campeonatos ao mesmo tempo e não contamos com tanto jogadores capacitados para atender a demanda.

Seria uma covardia criticar o Fluminense porque não realizou apresentações espetaculares que chegassem a empolgar as plateias. Mas é inegável a eficiência do esquema de jogo armado pelo técnico Abel Braga, que só alcançou o título graças ao esforço da diretoria e do seu principal parceiro – a Unimed Rio –, que rechearam o elenco de jogadores com características adaptáveis para suportar o ritmo intenso de uma competição longa, desgastante e extremamente equilibrada.

As contratações foram bem feitas, revelando que além de conhecer futebol, os dirigentes do Tricolor carioca amam o clube e não perderam tempo com jogadorzinhos ou promessas ofertadas pelos empresários da bola. Até mesmo o veterano Deco, com problemas musculares, foi importante em suas participações especiais, como acontecia com Ronaldo na vitoriosa passagem pelo Corinthians.

É fundamental contar com alguns craques e jogadores experientes mesclados aos operários em um elenco que se propõe a disputar o título. O trabalho desenvolvido pela comissão técnica foi semelhante àquele comandado por Muricy no título anterior, extraindo o máximo de uma defesa sólida e de jogadores habilidosos do meio para frente. A aplicação foi a chave do sucesso do Fluminense.

E não adianta ter dinheiro se os dirigentes não gostarem de futebol e não respeitarem o sentimento do torcedor. Aí está o Palmeiras, que queimou uma grana preta contratando Luxemburgo, Muricy e Felipão, mas errou na busca de bons jogadores e se prepara para novo e humilhante rebaixamento.

Dinheiro não é tudo, afinal Internacional e Cruzeiro também gastaram bastante e nem sequer conseguiram vaga na Libertadores. Grêmio, Atlético Mineiro e São Paulo, mesmo com algumas patinadas no curso da disputa, merecem a classificação para o torneio continental.

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