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| Foto: Bodgan Cristel/Reuters

Personagem

Armstrong se despede do Tour

Mesmo sem brigar pelo pódio, o norte-americano Lance Armstrong, 38 anos, roubou mais uma vez a cena na Volta da França. Afinal, o heptacampeão (venceu de 1999 a 2005) termina hoje sua última edição da prova. Ele anunciou que não vai mais disputar a corrida que o consagrou.

Há quem diga que a popularidade de Armstrong ficou maior que a da própria competição. Não para menos: sua biografia tem tantas reviravoltas que seria digna de roteiro. Em 1996, aos 25 anos e já campeão mundial da modalidade, descobriu um câncer nos testículos.

Em tratamento, foi dispensado pela sua equipe na época. Dois anos mais tarde, voltou a competir. E a vencer. Em 1999, ganhou pela primeira vez a Volta da França. Também casou, teve três filhos, separou-se, namorou a cantora Sheryl Crow, e venceu mais seis vezes. Ainda gerou muita polêmica ao ser acusado de doping, em 2005. Foi absolvido.

Em maio deste ano, nova denúncia, do ex-colega de equipe Floyd Landis. Armostrong negou e, na próxima sexta-feira será ouvido pela corte de Los Angeles para se defender das acusações. Para 2011, quer disputar o Ironman – prova de triatlo de largas distâncias: 3,8 km de natação, 180 km de bicicleta e 42 km de corrida. (AB)

Virtual campeão

O espanhol Alberto Contador praticamente assegurou ontem o título da edição 2010 da Volta da França. É a terceira vitória do espanhol nos quatro últimos anos da mais tradicional prova do ciclismo mundial – Contador foi campeão em 2007 e 2009. A 20ª e última etapa da Volta, até a Champs Elysées, em Paris, acontece hoje, mas tradicionalmente é somente uma exibição para o público. Na edição do ano passado, o espanhol chegou até a brindar com champanhe com seus colegas de equipe durante o percurso final. "Foi um Tour muito difícil e estou muito feliz’’, afirmou Contador, que chorou muito após a conquista. "Acho que foi o Tour que mais me emocionou. Você não imagina o quanto’’, completou ele.

Na manhã de hoje, será definido se o título da 97.ª Volta da França fica com o espanhol Alberto Contator ou com o luxemburguês Andy Schleck, na última das 20 etapas da principal competição do ciclismo de estrada do mundo.

No Brasil, porém, o evento esportivo anual mais assistido pelo planeta ainda tem um público pequeno. A falta de representantes do país na prova é um dos fatores que fazem com que a Volta da França não ganhe mais popularidade por aqui.

Na opinião do ciclista pa­­ranaense Luciano Pa­­gliarini, um dos poucos brasileiros a disputá-la (em 2001, 2002 e 2005), a prova que reúne os melhores entre os melhores ainda está longe de ter uma equipe brasileira entre as 22 participantes.

"O funil é muito grande. Não há uma que cumpra todos os requisitos para estar lá. Um exemplo é a equipe em que estou, de São José dos Campos: tem boa credencial profissional, que está sendo perdida especialmente por causa do técnico José Carlos Monteiro [o Car­­li­­nhos]. Ele enrola todo mundo, não paga os salários. Sus­­peita-se até que ele fica com o dinheiro que recebe dos patrocinadores", desabafa.

Criada em 2004, a Scott/Marcondes Cesar/São José dos Campos é um dos melhores times de ciclismo do país: ocupa o 3.º lugar no ranking nacional e o 4.º lugar entre os melhores times das Amé­­ricas. O investimento anual no grupo é de R$ 2,5 milhões.

Procurado pela Gazeta do Povo, Carlinhos afirmou que os pagamentos estão em dia e que as dívidas foram atraso de repasse de um patrocinador. "Estamos negociando com outro", disse.

Pagliarini afirma que chegou a ficar sem receber três salários. O pagamento de um deles só foi efetuado quando o ciclista decidiu protestar publicamente, ao não disputar o Campeonato Brasileiro, no fim de junho. "E entrei com um processo na UCI (União Internacional de Ciclis­­mo)", conta.

O sócio-proprietário da construtora Marcondes Filho, patrocinadora majoritária da equipe, Frederico Marcondes Filho, afirmou na última quinta-feira que no dia anterior Carlinhos pediu, por telefone, a antecipação de pagamentos.

"Não concordei. Ele me disse que estava numa situação difícil, tinha pego um dinheiro emprestado. O que tenho de re­­passar está em dia e é ele quem gerencia a equipe", afirmou. O empresário diz-se preocupado com a vinculação das dívidas ao nome da empresa. "Estou numa posição de pensar se vale a pena manter o investimento", completa.

Um dos mecânicos do time e da seleção brasileira, Evandro de Oliveira, conta que tem dois salários em atraso, situação que vem desde o início do seu contrato (nunca assinado, destaca), no final de 2009. "Achei que tinha recebido uma boa proposta, mas foi só enrolação. Estou trabalhando por conta, faço uns carretos, trabalho para outras equipes", fala o me­­cânico, responsável pelos ajustes de bicicletas de atletas brasileiros nas Olimpíadas de 1996, 2004 e 2008.

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