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Mapeamento de Comunidades

A cada dez startups brasileiras, sete nunca receberam investimentos

Maria Clara Dias, especial para o GazzConecta
20/11/2020 14:21
Mais de 70% das startups do Brasil nunca receberam nenhum tipo de investimento ao longo de sua existência, segundo um levantamento da Associação Brasileira de Startups (Abstartups). Chamado de “Mapeamento de Comunidades”, o estudo mostrou, a partir da média de todas regiões do país, que 73,2% das startups nunca tiveram acesso a capitalização, desde investimentos-anjo até o fomento através de rodadas de investimento e aceleração.
Realizada entre maio e setembro, a pesquisa contou com respostas de mais de três mil startups em diferentes estágios de mercado. Segundo o estudo, 72,9% das startups do Sudeste nunca receberam investimento, e quase metade delas (48,1%) nunca foram aceleradas ou incubadas.
No Sul, 71,8% das startups nunca receberam investimentos. No Centro-oeste, esse número é de 73,7% e no Nordeste e Norte, a porcentagem é de 77,1% e 79,7%, respectivamente.
“Durante a pandemia, vimos que os investidores não fizeram novos investimentos, mas focaram em manter e ajudar as startups que já faziam parte do portfólio”, diz Amure Pinho, diretor da AbStartups. Com a retomada da economia, os investimentos, aportes e fusões voltam ao normal. “Essa retomada se refletiu em um trimestre recorde para as startups, com investimentos, aportes e fusões de grande porte”, complementa.
De acordo com o especialista, o cenário de investimentos no Brasil é positivo. Apesar de a grande maioria das startups não receberem aportes, isso não é necessariamente sinônimo de desaceleração.
“O baixo nível de novos investimentos é uma coisa natural do nossos mercado. A maioria das startups não os recebe pois o investidor brasileiro procura startups já maduras e que geram receita. Diferente de mercados como o dos Estados Unidos, por exemplo”, explica Pinho.
Para Pinho, o primeiro passo para reverter esse cenário é um amadurecimento dos fundadores de startups, para entender que existe um momento certo para buscar um investimento. “O dono de startup hoje precisa entender que é mais fácil ter um investidor que acredite na ideia e injete capital quando de fato já há um negócio em andamento”, explica. “Hoje, como temos muitas startups gerando receita, e por isso a competitividade por um investidor é até maior que entre os empreendedores em si", pontua.
Além de mapear o contexto dos investimentos em startups no país, o estudo também buscou analisar o perfil dos fundadores das startups de todas as regiões do Brasil, diversidade nas empresas, e os impactos causados pelo Covid-19. Veja outros insights do mapeamento:
Faturamento
A pesquisa evidencia o grande número de startups que operam sem faturamento. No Sul do país, região conhecida por possuir um dos principais ecossistemas de inovação em expansão, 34,8% das startups têm faturamento zero. No Centro-Oeste, esse número é de 41,7% e no Sudeste 40,8% não faturam.
Diversidade
De acordo com o mapeamento, mais da metade das startups do Brasil (50,5%) não contam com nenhuma mulher nos times.  Na região Sul, quando falamos em diversidade dos times, apenas 6,8% possui metade ou mais do time composto por mulheres, enquanto 67% não possui nenhuma pessoa negra na equipe e 73,4% não possui nenhuma pessoa acima dos 50 anos de idade. Apesar dos dados mapeados, 87% das startups da região afirmaram que apoiam a diversidade.

Bê-a-bá dos investimentos

Para transformar o cenário de desinformação e expandir os investimentos em startups no Brasil, a Endeavor criou o "Mapa de Acesso a Capital", material que pretende  ajudar empreendedores que nunca receberam investimentos a sanar dúvidas sobre os diferentes tipos de acesso a capital no Brasil.
“Fizemos um levantamento de quais são as principais dúvidas, as boas práticas que temos hoje no mercado e as recomendações de mentores da nossa rede para empresas que estão pensando em buscar investimento”, explica Renata Mendes, gerente de políticas públicas da Endeavor.
“Percebemos que 40% das empresas aceleradas pela Endeavor não cresciam de forma orgânica, e quase metade delas acessavam capital apenas por meio de equity”, diz Karina Almeida, especialista em acesso a capital da Endeavor. “E mesmo entre as empresas que cresciam de forma orgânica, exista a pretensão de buscar equity em até 6 meses. Por isso, quisemos explicar ao empreendedor qual é o momento certo para cada coisa”, explica.
O levantamento mapeou nove diferentes tipos de recursos: investimento anjo, seed, série A/B, growth capital, private equity, capital de giro, linhas de crédito, debêntures e venture debt. “Nosso mapa foi feito feito para empreendedores e ajuda a tomar decisões e entender o que deve ser feito, o que é recomendado, e o que empresas que estão no mesmo momento e deu certo”, pontua Mendes.
“Todos os empreendedores, mesmo em diferentes estágios de crescimento, tinham uma dúvida em comum: entender qual é o melhor momento para uma rodada de investimento, buscar crédito, e os riscos atrelados a cada uma dessas operações”, explica.
O conteúdo ficará disponível por tempo indeterminado e pode ser acessado de forma gratuita pelo link.
“Empreender geralmente é uma jornada solitária. Com esse conteúdo, buscamos simplificar a vida do empreendedor, centralizando informações e ajudando a tomar melhores decisões de acesso à capital, a partir de um ponto de partida para quem está no começo dessa jornada”, explica Mendes.

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