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Ação Inovadora

Para manter e atrair alunos, escolas privadas deverão se aprimorar no ensino híbrido

Vivian Faria, especial para GazzConecta
14/09/2020 12:18
Enquanto as aulas presenciais não são oficialmente liberadas no Paraná - exceto pelas atividades extracurriculares, autorizadas desde 9 de setembro -, as escolas da rede privada já vêm pensando em como promover o início da retomada econômica do setor, considerando os protocolos necessários para o atendimento de estudantes com segurança, os impactos pedagógicos e psicológicos do período de aulas remotas, e ainda as dificuldades financeiras das famílias. Entre tantas dúvidas, há pelo menos uma certeza: será preciso investir no ensino híbrido, que é o formato que vai possibilitar a alternância de atividades presenciais e online.
“O híbrido em 2021 é certo, não teremos a ‘escola normal’. Não dá para imaginar que todos vão estar vacinados no dia 1º de fevereiro, que é quando as aulas começam”, afirma a presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Paraná (Sinepe/PR), Esther Cristina Pereira.
Isso significa que as instituições de ensino deverão melhorar o serviço oferecido, que foi, em boa parte dos casos, estabelecido às pressas e com pouco tempo de treinamento para os professores - e deverão se comunicar bem com os pais para mostrar as melhorias. “Não basta adquirir ou fazer uma plataforma educativa, ela tem que ser agradável, bem desenhada, fácil de manusear. E, para os professores, não basta abrir um aplicativo se eu não souber utilizá-lo de forma adequada. Não podemos pensar a aula remota como uma aula presencial. É preciso saber lidar com a tecnologia e pensar numa dinâmica diferente, senão os alunos vão desligar vídeo e áudio, como temos visto”, afirma o diretor de inovação acadêmica da UniCesumar e de inovação e redes do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), Fábio Reis.
No centro universitário de Maringá, o foco para a retomada é a qualificação das aulas remotas, principalmente a partir do treinamento dos professores. Além disso, a instituição tem um acordo para transferência de conhecimento, tecnologia e experiência com o Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Monterrey, no México, que é referência em inovação.
Uma das medidas que podem ser adotadas a partir deste acordo é o uso do modelo de ensino chamado hy-flex, que consiste na realização de aulas presenciais para parte da turma, com transmissão ao vivo para outra parte - como já vem sendo feito em escolas de Foz de Iguaçu, onde algumas turmas do ensino médio puderam retornar às salas de aula. Apesar de exigir um investimento em equipamentos para que os dois grupos de alunos tenham uma aula de qualidade simultaneamente, o modelo pode permitir que a faculdade adote o novo formato de ensino sem aumentar o seu quadro de funcionários - o que não vai acontecer em todos os casos, principalmente nos segmentos que atendem estudantes mais novos.
“Vamos ter o presencial e o online, ou seja, vou ter que contratar um professor para dar aula para os que estão online. E isso tem um custo para a escola”, explica Esther, que também é diretora de uma escola de educação infantil e ensino fundamental. Conforme ela, quem trabalha com os primeiros anos da educação talvez também tenha que pensar em reduzir o número de vagas para 2021. Nesse caso, sai na frente quem já optava por trabalhar com menos alunos em sala de aula do que o permitido pelo ministério da Educação.
É o caso da escola Creative Learning Center, de Ponta Grossa. Microescola com foco no ensino personalizado, a instituição entende que a proposta de trabalhar com turmas menores e mais professores por aluno, adotada desde sua inauguração, em 2015, não só garantirá a segurança dos alunos, mas também servirá para o acolhimento adequado das crianças e famílias depois deste distanciamento do ambiente escolar. “Acredito que os pais, podendo investir numa escola que tenha turmas reduzidas, vai fazer isso, pensando na saúde do seu filho e também na assistência que a escola pode dar para que essa lacuna do ensino seja minimizada”, diz a diretora pedagógica da Creative Learning, Alessandra Acosta Santos.

Atenção às necessidades individuais

Outro ponto que deve contribuir para a retomada, conforme quem trabalha no setor, é estar atento às necessidades individuais de cada família - algo que muitas escolas começaram a fazer ainda no início da pandemia para evitar que o impacto financeiro da situação levasse as famílias a procurarem escolas mais baratas ou a transferirem os filhos para o ensino público.
“Eu não fiz nenhuma atuação geral na escola, nenhuma política de descontos coletiva. Conversei pai por pai para compreender a demanda de cada família, porque para alguns é o desconto e para outros é deixar a criança mais tempo na escola [quando as aulas voltarem]”, conta o diretor do Colégio Conexão COC, Ademilson Vedovato Cavalcanti. A escola de Campo Mourão perdeu aproximadamente 40% dos alunos durante a pandemia, quase todos da educação infantil, segmento mais afetado no período - nos ensinos fundamental e médio, a evasão foi quase nula devido a uma série de ações, incluindo a atenção individualizada às famílias.
Embora defenda que sejam criados critérios para que os pais não se sintam lesados com as negociações, principalmente as que tratam de descontos, Alessandra também aposta nesta estratégia - tanto que também teve conversas individuais com os pais dos alunos da educação infantil. “Chamamos um por um para negociar, já pensando em 2021, e acabamos fidelizando, pois abrimos uma margem justa de negociação. Hoje, dos 55 alunos que eu tinha, conseguimos manter 25, ou seja, embora [as crianças estejam afastadas e] eles não estejam pagando mensalidade agora, a matrícula para o ano que vem está feita”, conta.
Ela lembra ainda que, apesar de as negociações individuais tratarem principalmente de valores, parcelas e prazos, há uma série de pequenas atitudes que a escola pode tomar para acolher a família - e fazê-la querer ficar naquele ambiente. Um exemplo é o fornecimento de materiais específicos, caso os pais não tenham condições de pagar por eles. Outro é o atendimento individualizado de alunos não só para sanar dificuldades de aprendizado específicas, mas também outros problemas. “Se o pai diz: ‘meu filho não está bem, precisa de uma psicóloga, mas não temos condições’, oferecermos a nossa psicóloga, mesmo que ela não seja contratada para fazer psicologia clínica, porque não vamos deixar a criança sofrendo”, diz.

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