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O CEO Tiago Dalvi falou ao GazzConecta sobre os planos da empresa para 2022.

Planos após o aporte

Após se tornar unicórnio, Olist quer ser ecossistema completo para comerciantes

GazzConecta
21/02/2022 18:33
O Olist mostrou na prática o potencial do varejo eletrônico, especialmente em tempos de pandemia e digitalização acelerada do comércio. A startup fundada há menos de uma década em Curitiba estabeleceu, pouco a pouco, o seu nome no cenário nacional de inovação com proposta de firmar pequenas e médias empresas que desejam ter alguma parte no aquecido mercado de e-commerce nacional.
O mais recente capítulo dessa jornada de crescimento aconteceu em dezembro de 2021, quando o Olist se tornou o mais novo unicórnio brasileiro, após o aporte dos fundos de venture capital SoftBank e Valor Capital Group, além do private equity americano Wellington Management.
O cheque de mais de R$ 1 bilhão alçou o valuation a US$ 1,5 bilhão, mas também incitou a empresa a alçar voos internacionais já em 2022. A ideia agora é criar uma operação no México, empreitada apoiada pelos investidores e, em boa medida, resultante de um desempenho fora da curva nos últimos anos. Com mais dinheiro no caixa, o Olist já fala em se tornar um ecossistema completo para pequenos comerciantes que desejam prosperar no digital. Em outra frente, o título de unicórnio insere o Olist em uma restrita lista de empresas brasileiras que atingiram tal feito, ao lado das também curitibanas EBANX e MadeiraMadeira.
Em entrevista ao GazzConecta, o CEO do unicórnio do e-commerce, Tiago Dalvi, falou sobre os planos do Olist em 2022.
O Olist antecipou planos de internacionalização para 2022. Por que este ano é, de fato, o melhor momento para se arriscar no exterior?
Internacionalizar um negócio não é algo trivial, é preciso entender o contexto do país em que você pretende expandir seu negócio e ajustar tudo o que for necessário. É o que fizemos no México. Em 2022 faz sentido acelerar esse plano, muito porque a musculatura do Olist está preparada. Se tivéssemos feito isso antes, é possível que não tivéssemos estrutura para sustentar essa expansão. Agora, isso faz sentido. O México é nosso primeiro passo, e estamos focados em fazer essa experiência dar certo.
A empresa pretende abrir novas rodadas de captação neste ano? Se isso acontecer, o novo capital deve ser usado de forma ágil para abrir espaço para uma nova rodada em breve?
Nós sempre consideramos novas rodadas, desde que alguns requisitos do cenário façam sentido para que o capital seja usado para o crescimento da companhia. Quando captamos, o dinheiro sempre foi usado para antecipar resultados que viriam no futuro. Por enquanto, como acabamos de levantar essa rodada, o foco total é executar o plano atual, e entregar o que prometemos nessa rodada.
Temos visto uma movimentação entre startups brasileiras escolhendo o mercado mexicano para internacionalização. O que pode explicar esse interesse? O que torna o mercado mexicano tão proeminente?
É um mercado que tem suas peculiaridades, assim como no Brasil. É um país de dimensões relevantes, com segmentos de tamanho significativo. O e-commerce é grande lá, com características que, mesmo diferentes do Brasil, nos fizeram entender que nosso modelo de negócio faz sentido, mesmo que com vários ajustes e adaptações e construções.
Com o título de unicórnio, algo muda na prática?
Nada muda na prática. Continuamos focando no produto, em trazer novas pessoas e novos clientes para criar uma solução fantástica. Sempre focamos em servir mais e melhor o lojista, é nossa missão, independente do título que o mercado escolher. Ao mesmo tempo, esse reconhecimento traz muita visibilidade para a empresa. Em uma empresa de alto crescimento, o principal ativo são as pessoas, e poder trazer mais pessoas boas e que conheceram o Olist pelo bom momento do negócio é algo positivo.
O termo “marketplace” virou popular nos últimos dois anos, como consequência direta da pandemia e da digitalização do comércio. Nesse cenário, que oportunidades vocês enxergam para pequenos lojistas?
A popularização desse termo é porque hoje ele representa 80% do varejo online no Brasil, é algo relevante e expressivo. Praticamente todos os consumidores que já compraram online tiveram contato ou já compraram efetivamente dos marketplaces de grandes varejistas do Brasil. A grande oportunidade para o micro, pequeno ou médio lojista do setor é que o modelo é muito democrático. Todos podem acessar canais de grande visibilidade, com investimento reduzido quando comparado ao de uma operação proprietária. Os marketplaces funcionam muito bem com alguns produtos e categorias. Ao mesmo tempo, exige um planejamento e uma estrutura mínima para se ter algum resultado, como em qualquer outro canal online.
Na frente de aquisições, o que podemos esperar de Olist daqui para frente? Há novas empresas no radar? Negócios já em pé de conclusão? Quantas serão as aquisições em 2022?
Continuamos olhando para oportunidades de M&As. Sempre concluímos uma operação quando encontramos empresas e sócios alinhados com nossa visão de longo prazo, que é construir o melhor e maior ecossistema de suporte a pequenas empresas que queiram digitalizar o negócio. Não existe uma meta de número de empresas, nem de setores. A lógica é olhar para a estratégica das companhias, e setores que desejamos acelerar o crescimento.
Vocês já afirmaram que, neste ano, irão abrir pelo menos 300 vagas. Podemos esperar que o Olist se torne um grande empregador?
Sem dúvida. Já somos um empregador relevante não apenas em Curitiba, mas em todo o Sul do Brasil. Devemos contratar pelo menos 300 pessoas em 2022, mas em 2021 já demos um salto muito relevante. Saímos de quase 500 pessoas para 1,4 mil pessoas. Vamos continuar contratando, especialmente em cargos mais sênior e de alta complexidade e também seguimos investindo no crescimento de quem já está dentro da companhia.
Depois do México, para onde vai o Olist?
O México deve ser a nossa porta de entrada para a América Latina. Esperamos encontrar o product market fit em 2022 e acelerar naquele mercado para então dar os primeiros passos na região. Sem dúvida olhamos para Colômbia, Chile… eles fazem sentido, e devemos começar a explorar este mercado em breve.
Você já afirmou que Olist tem ambição de entrar em novos segmentos, como o financeiro. Que tipo de soluções podem estar disponíveis para lojistas nesta frente? E, de algum modo, a entrada neste segmento posicionaria Olist como um competidor direto das fintechs?
A proposta do Olist é empoderar o lojista em qualquer segmento, bairro, categoria ou região. O modelo de serviços financeiros faz sentido para nós porque também faz sentido para o lojista. Hoje uma das principais dores dos nossos clientes é a falta de capital para acelerar o negócio. E assim, olhamos para isso com um olhar mais aguçado. Esperamos neste ano trazer mais soluções, além da que já temos, como forma de tornar esse nosso ecossistema muito mais completo. Isso vai além de ser concorrente de fintechs. Copiar o que elas fazem nunca foi nossa intenção, em nenhum segmento de Olist. Vamos encontrar nossa veia no mercado, com um serviço que seja autoral e “nosso”.
O Olist está na dianteira, assim como os unicórnios VTEX e MadeiraMadeira quando o assunto é representar o potencial das startups regionais no ecossistema de inovação brasileiro. Para o Olist, o que esse DNA regional significa, e, nos bastidores, há conexões com outras startups que tentam seguir o mesmo feito?
Temos muito orgulho de ser uma empresa de Curitiba, e que contribui para o ecossistema local. Estamos muito engajados nesse ecossistema, seja com a Prefeitura ou com outras startups. De certa forma, toda a evolução do Olist e outras empresas que atingirem certo status no mercado, passam uma mensagem muito positiva. Mostramos que é possível chegar lá, e compartilhamos muito isso nos bastidores com empreendedores e executivos. Trocamos muita figurinha e isso ajuda muito. Essa conexão fortalece e ajuda muito todo o ecossistema.

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