CEO da Creditas: “Estamos mais saudáveis do que nunca”

Principal fintech que oferece empréstimo a juros atrativos com garantia do país, a Creditas é cogitada com uma das próximas startups a entrar no clube do US$ 1 bilhão e se tornar um unicórnio. Com faturamento triplicando a cada ano, a empresa garante enfrentar a crise do coronavírus de forma estratégica, sem precisar reduzir receita e cortar funcionários.

Em março, contudo, a empresa demitiu profissionais de algumas áreas e creditou a decisão à gestão de performance, não às dificuldades do período. “Queremos recuperar nosso crescimento de 6% ao mês para 10% ao mês o mais rápido possível”, afirmou Sergio Furio, fundador e CEO da fintech.

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Além do crédito a juros atrativos, a startup ampliou seu escopo e lançou em fevereiro um loja online onde é possível fazer compras com crédito consignado privado — por enquanto, apenas modelos de iPhone são vendidos.

Segundo o executivo, é essa receita recorrente que oferece resiliência à fintech. “Estamos saindo fortalecidos da crise. O sucesso está na qualidade do crédito, feito com garantia de imóvel e carro. O cliente pode deixar de pagar uma conta, mas ele vai pagar o empréstimo porque depende dos bens, e os juros são atrativos.”

Confira bate-papo exclusivo do GazzConecta com Sergio Furio abaixo:

Quando sentimos que a crise do coronavírus estava chegando ao Brasil, fizemos uma redução em marketing. Com isso, trouxemos menos clientes para casa. Para crescer aceleradamente em maio e junho, reduzimos também nossa capacidade operacional e oferecemos férias escalonadas à equipe. Usamos os recursos que o Ministério do Trabalho nos deu para administrar nossos profissionais. Não fizemos corte, fizemos gestão de performance.  Crescemos 6% de 15 de março a 15 de abril, sendo que a taxa média de crescimento mensal é de 10%.

Há quatro anos, saímos de um modelo de marketplace em que recebíamos comissão. Se ficássemos nisso, estaríamos sofrendo hoje. Criamos um portfólio nosso e isso gera receita recorrente. Algumas startups estão com dificuldades financeiras porque não têm receita recorrente e resiliente como a nossa. Elas continuam pagando salário, mas a receita virou pó.

Os profissionais que deixarem a empresa terão extensão de plano de saúde. Além disso, resolvemos problemas de infraestrutura da equipe para home office — enviamos cadeiras confortáveis e wi-fi de qualidade, por exemplo. Em termos de recrutamento, a gente estava contratando 100 pessoas por mês e agora seremos mais comedidos, passando para 70 pessoas ao mês. No início de abril, tivemos um onboarding [processo de imersão] remoto teste de 20 pessoas. Queremos voltar a fazer recrutamento presencial no final de maio. Ou seja, vamos continuar contratando para recuperar nosso crescimento de 6% ao mês para 10% ao mês o mais rápido possível.

Nosso comitê de 11 executivos [c-levels, vice-presidentes e presidente] terá redução de salário por dois ou três meses para a criação de um bolsão para ajudar os funcionários nessa época de pandemia. Alguns exemplos são complemento de comissão para consultores que perderam honorários, extensão de plano de saúde para profissionais demitidos por performance e incremento de infraestrutura para a equipe que está em home office. O líder tem que ser um exemplo em época de crise. Ninguém é perfeito, mas estamos aqui para ajudar a equipe.

Queremos ser a maior empresa de crédito do mundo. Triplicamos nosso valuation: recebemos US$ 250 milhões em investimentos em 2018 e US$ 750 milhões em 2019. Se crescemos três vezes ao ano, não tenho dúvidas que vamos mandar bem e seremos uma empresa de sucesso.

Estamos saindo fortalecidos da crise, sem realizar demissões e reduzir receita. Se viraremos unicórnio ou não, depende de nossa próxima rodada de investimento. Não precisamos de dinheiro agora. Geramos caixa em março e esperamos gerar caixa nos próximos meses. Além disso, temos um colchão enorme de liquidez. Nossa operação é saudável e tenho certeza que vamos fazer uma nova rodada de investimento. Estamos mais saudáveis hoje do que nunca na história da Creditas.