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Bruna Soares, Kauane Albonico e Mariana Deger, entregadoras da Única Entrega.

Empreendedorismo

Empreendedoras expandem vendas com auxílio do Clube da Alice

Stephanie D'Ornelas, especial para o GazzConecta
20/11/2020 14:48
No início de 2020, a empresária do setor de eventos Gislaine Queiroz se viu no mesmo dilema enfrentado por milhares de outros gestores e funcionários do ramo: desde o último mês de março, com a drástica redução de eventos presenciais, seus negócios paralisaram. Em meio à crise, aproveitou sua paixão por motociclismo para se reinventar em uma área até então inédita para ela, e começou a fazer entregas de moto. A procura começou a crescer, especialmente por outras mulheres que confiavam em seu serviço. Surgiu daí uma ideia de negócio que se transformou, em maio, na Única Entrega, uma empresa que realiza entregas agendadas com uma equipe 100% feminina. A principal maneira de divulgação são as postagens feitas pela empresária no Clube da Alice, grupo no Facebook que reúne mais de meio milhão de mulheres — a grande maioria de Curitiba e região —, e que oferece um canal gratuito de publicações que incentivam o empreendedorismo feminino.

Clube da Alice entra em ação

“No início, mais de 80% das nossas clientes eram 'Alices'”, conta Gislaine, referindo-se ao modo como são conhecidas as participantes do grupo. E grande parte das entregadoras também vieram de lá. “Hoje já temos quase 30 mulheres trabalhando na empresa. Muitas delas começaram com a gente quando estavam desempregadas, por isso acabamos ajudando muito”, conta.
 Gislaine Queiroz e sua sócia Elicéia Dalprá (à direita). Empresárias pretendem aumentar o time de entregadoras até o final do ano.
Gislaine Queiroz e sua sócia Elicéia Dalprá (à direita). Empresárias pretendem aumentar o time de entregadoras até o final do ano.
Outro negócio acelerado pelo Clube da Alice em meio à pandemia foi o da Angelica Dambros, proprietária de uma empresa de delivery de pijamas criada em 2016. Com o isolamento social, cresceu a procura por roupas mais confortáveis para ficar em casa, e enquanto os shoppings e lojas físicas estavam fechados, Angelica viu suas vendas multiplicarem-se. “Abril e maio foram os melhores meses de vendas desde o início da marca. Vendi cerca de 400% a mais do que a média mensal anterior”, celebra. Ela conta que o Clube da Alice é a principal vitrine do seu negócio. “A grande maioria das minhas clientes me conheceram por meio do grupo”, relata a empreendedora.

Expandindo comunidades

A força das conexões formadas pela rede de Alices foi reconhecida pelo próprio Facebook. Em julho, a rede social anunciou a seleção de 12 comunidades brasileiras para seu programa de aceleração — e o Clube da Alice foi uma das escolhidas. O projeto oferece a líderes de grupos e comunidades um programa de seis meses de duração com mentorias, treinamentos e investimento em crescimento. Criado em 2014 por Monica Berlitz, o Clube da Alice destacou-se pelo incentivo ao empreendedorismo feminino e pelas vidas que são transformadas financeiramente por meio das publicações no grupo. Junto com o time de parcerias para comunidades do Facebook, Monica decidiu que a expansão seria feita por meio de uma sucursal em outra cidade. A escolhida foi Maringá, a terceira maior do Paraná.
 Monica Berlitz em Maringá, cidade que recebe nova comunidade do Clube da Alice.
Monica Berlitz em Maringá, cidade que recebe nova comunidade do Clube da Alice.
“Pensamos em criar um Clube da Alice em outra capital, que é um pedido muito frequente, principalmente por mulheres que se mudam de Curitiba. Avaliamos várias possibilidades e, após o contato com lideranças de grupos de mulheres paranaenses, percebemos que o empreendedorismo feminino é muito forte em Maringá. Decidimos fortalecer e expandir o clube no estado, para então partir para outras grandes cidades brasileiras”, revela Monica.
 Apresentação do Clube da Alice na Associação Comercial e Empresarial de Maringá (ACIM).
Apresentação do Clube da Alice na Associação Comercial e Empresarial de Maringá (ACIM).
Apenas 15 dias após a criação do Clube da Alice Maringá, ele já somava quase 4 mil participantes. De acordo com a criadora da comunidade, o fato de as mulheres estarem próximas territorialmente é um dos principais motores para os negócios fechados entre elas. “Muitas começaram a optar pelo delivery pela facilidade, além de fomentar os negócios locais”, diz.

Crescimento do consumo online

Quase 60% das Alices fizeram compras por meio de redes sociais entre fevereiro e abril deste ano, período que contempla o início das restrições sanitárias decorrentes do coronavírus. Cerca de 54% delas também compraram por aplicativos de mensagens como o WhatsApp e 53% por sites de compra — como a Amazon, Americanas e Magazine Luiza — nesse mesmo período, de acordo com pesquisa realizada pela Ask Market Research no último mês de maio. Essas taxas superam o número médio de participantes do grupo que compraram em lojas de rua no período (50%) e em shoppings (26%). Entre as participantes do estudo, no qual foram analisadas entrevistas de mais de 2 mil mulheres, 70% revelaram ter aumentado as compras pela internet durante o período de pandemia. Mais de metade delas fez pelo menos uma compra no Clube da Alice no mês de abril.
Para Monica, o Facebook é a rede social com os melhores recursos para permitir essas conexões que geram negócios. “No Clube da Alice, nós não temos seguidoras, como em outras redes sociais. O grupo não é sobre o conteúdo da Monica. Cada participante gera seu próprio conteúdo, e pode alcançar um impacto que seria muito mais difícil de conseguir em outras redes sociais”, afirma. Para quem compra, as opções dentro do Clube são tão ou mais variadas quanto a de um grande shopping. Todos os dias são postadas, em média, três mil publicações, que são analisadas e aprovadas individualmente por 18 administradoras. É fácil entender a grande quantidade de conteúdo diário, já que o Clube da Alice tem mais de 551 mil membras.

Foco na qualidade

Monica não pensa apenas em números, a prioridade é manter a essência da comunidade. “O grupo poderia estar muito maior. Mais de 259 mil perfis pediram para entrar, mas estão pendentes. Aceitamos apenas perfis pessoais de mulheres, e agora apenas quem nos pede diretamente pode fazer parte”, revela. Para solicitar o acesso ao grupo, é necessário enviar um email para falecom@clubedaalice.com.br ou uma mensagem para o WhatsApp (41) 99773-5777.

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