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Crise do coronavírus

Com crise, fintechs revisam taxa de risco e se planejam para aumento de inadimplência

Patrícia Basilio, especial para Gazeta do Povo
20/03/2020 22:04
Lojas e empresas fechadas, eventos cancelados e espaços de entretenimento proibidos de operar em todo país. Os efeitos do coronavírus no Brasil vão além da saúde pública e afetam diretamente a economia. Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), a pandemia pode minar 25 milhões de empregos no mundo. Por aqui, as fintechs de crédito estão revisando a taxa de risco para cima e criando projetos para barrar um aumento desenfreado na inadimplência.
De acordo com Fábio Neufeld, líder da vertical de crédito da ABFintechs (Associação Brasileira de Fintechs), as startups estão apreensivas com a crise, principalmente as que oferecem crédito para pequenas e médias empresas, principais afetadas pela queda da produtividade do país. “Algumas dessas fintechs estão restringindo o crédito, acompanhando de perto os aumentos de limites e recalibrando os custos de operações frente ao novo risco de inadimplência”, explicou ele.
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Com o aumento da demanda por crédito, o tempo para análise financeira dos clientes de pessoa jurídica também se tornou maior. “Os grandes bancos tiveram uma retração muito maior na concessão de novas operações, favorecendo as fintechs”, acrescentou Neufeld.
Esse é o caso do Uffa, portal de negociação de dívidas lançado há três meses em São Paulo. Para atender a um público ainda maior nas últimas semanas (por conta da crise), o marketplace teve de oferecer também atendimento por telefone, uma vez que o público acima de 50 anos costuma ter mais dificuldade para navegar na internet. “As pessoas também não querem falar com chatbots, principalmente quando estão enclausuradas em casa”, analisou Ana Paula Pisaneschi, sócia-executiva da fintech.
Com o maior risco de inadimplência, o Uffa passou a oferecer 20% a mais de desconto na negociação de dívidas e postergou em 20 dias o prazo para pagamento do acordo. “Não temos a força de um grande banco, mas somos flexíveis e rápidos. E é esse nosso diferencial para o cliente”, destacou Ana Paula, que oferece crédito em parceria com 10 instituições, como Creditas, Noverde e Banco Digio.

Menor apetite de investidores

Intermediadora de crédito, a Juros Baixos também está se preparando para um cenário com menor liquidez, devido à queda na Bolsa de Valores, e para um provável menor apetite de investidores. “Todas as fintechs têm de olhar menos para expansão do negócio e mais para o produto. Todo mundo está fazendo as contas porque outra rodada de capital vai ser bem mais difícil”, afirmou Guilherme Nasser, CEO da fintech, que intermediou R$ 25 milhões desde 2016 —  R$ 5 milhões em fevereiro deste ano.
Segundo o economista, os 20 parceiros da startup, entre eles BV, BCredi e Rebel, estão se preparando para aumento de demanda de crédito e, em sequência, de inadimplência. “Antes da inadimplência aumentar, a tomada de crédito aumenta. Depois disso, [a concessão de crédito] cai porque as pessoas pagam menos. Navega bem [nessa situação] a fintech que souber achar o ponto ótimo. Ou seja, quem souber emprestar para quem realmente for pagar”, detalhou.
Concorrente do Nubank, a Trigg, conhecida por oferecer cartões de crédito com cashback, também está implantando medidas para lidar com o maior risco de inadimplência, como intensificar ofertas de parcelamento de fatura e reduzir juros. Para quem já está com dívidas, a fintech aumentou a quantidade de parcelas em até 24 vezes, elevou o percentual de desconto nos acordos e também passou a negociar limites de acordo com o comportamento de consumo do cliente.
"Também aumentamos o retorno em compras online para estimular os clientes a ficarem em suas casas e dobramos o cashback para clientes com mais de 60 anos para compras de até R$ 150 pela internet e em farmácias. Acima desse valor, a Trigg dará R$ 20 de retorno para ajudar no frete”, destacou Wellington Alves, CEO da fintech.

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