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Manoel Lemos: a Redpoint se tornou um dos fundos de venture capital mais valorizados no Brasil.

2020

Onde um dos maiores fundos de investimento do mundo espera ganhar dinheiro no Brasil

Patrícia Basilio, especial para Gazeta do Povo
30/01/2020 19:06
O ecossistema brasileiro de startups registrou US$ 2,7 bilhões de investimentos em 2019 — volume recorde, que representa um crescimento de 80%, em relação a 2018, quando o total foi de US$ 1,5 bilhão. Segundo a consultoria Distrito, foram realizadas 260 rodadas, sendo que as mais conhecidas foram lideradas pelo conglomerado japonês Softbank.
No Brasil, a Redpoint eventures se tornou um dos fundos de venture capital nacionais mais valorizados do mercado por ter em seu portfólio startups como o unicórnio Gympass (com valor de mercado acima de US$ 1 bilhão), Creditas, Rappi e Pipefy. Além disso, a gestora foi uma das responsáveis pela criação do Cubo Itaú, maior hub de empreendedorismo da América Latina, em parceria com o Itaú Unibanco.
Na avaliação de Manoel Lemos, managing partner da Redpoint, 2019 foi um ano de bons resultados também para a gestora, e 2020 pode ser ainda melhor.  Ele alerta, contudo, que a “fartura” de dinheiro para novos negócios não é sinônimo de falta de critério por parte dos investidores. Em entrevista exclusiva ao GazzConecta, o engenheiro da computação explica como o fundo avalia novos projetos e garante: “Não queremos que a empresa vire um bonsai: bonitinha, mas sem condições de crescer. Negócios assim podem ser bons, mas não para receber venture capital.”
Quais os
planos da Redpoint eventures para este ano?
A gente
segue a mesma estratégia do ano passado de ser abrangente e agnóstico. Não
começamos o ano falando que vamos fazer isso ou aquilo. No entanto, há setores
em que fazemos uma busca mais ativa, como finanças, educação, software e
varejo.  As legaltech (jurídicas) e proptechs (imobiliárias) também estão
em alta.
Ano passado foi positivo em
termos de investimentos para startups. Qual sua previsão para 2020?
Acredito
que será parecido com 2019, até porque há novos fundos sendo levantados. As
startups que estão sendo criadas são muito boas e, se a economia melhorar, o
cenário será ainda mais interessante. A gente sempre quer ajudar as empresas a
se tornarem unicórnios. Várias startups estão registrando crescimento acelerado
e, em breve, devemos ter boas notícias.
Qual o
foco dos investimentos realizados pela Redpoint?
Sempre
falamos com startups da etapa inicial até o estágio C (fase de crescimento). O
capital é importante e os empreendedores geralmente conseguem. O importante, no
entanto, é que eles avaliem a origem do dinheiro. Por isso, trazemos toda a
expertise dos sócios para ajudar a empresa a ter mais do que só o dinheiro para
atacar os desafios que os founders vão enfrentar. O empreendedor pode receber
dinheiro de investidor que não conhece os mecanismos de investimentos e acabar
com um contrato não favorável, por exemplo. Isso pode custar caro ao negócio.
Um sócio que não ajuda, só atrapalha.
O que vocês avaliam em uma
startup antes de investir nela?
Há muitas
incertezas entre startups iniciantes, como precificação e produto. Por este
motivo, nós, investidores, temos que verificar primeiramente se a dinâmica da
equipe é boa. Também analisamos se o mercado em que a startup atua é grande o
suficiente para o crescimento dela. Não queremos que a empresa vire um bonsai:
bonitinha, mas sem condições de crescer. Negócios assim podem ser bons, mas não
para receber venture capital.
Há muitas startups jovens
recebendo grandes investimentos. Essa expansão precoce é boa para elas?
O que
precisa ser visto é a maturidade de negócio. A startup precisa receber a
quantia adequada para o momento em que está. Ela não pode ficar sem dinheiro,
mas também não pode receber muito dinheiro de uma vez só. Os empreendedores
sabem quanto precisam para tocar o negócio durante um determinado momento,
enquanto os investidores querem equity (capital). É uma negociação mais
light do que ciências exatas.
Fundos
brasileiros são mais adequados para startups nacionais?
Tudo depende do momento e do desafio. Se a empresa precisar de ajuda dentro do Brasil, um fundo nacional ajudará muito. Por este motivo, startups early stages (iniciantes) costumam receber investimento de fundos locais. Se o desafio, por sua vez, for internacionalizar, um fundo de fora poderá ser uma opção melhor. No entanto, grande parte das startups recebe aporte composto: nosso e de fundos do Vale do Silício, por exemplo.

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