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Microsoft conclui que reuniões virtuais de duas horas levam equipe ao estresse

Patrícia Basilio, especial para o GazzConecta
12/08/2020 21:52
Bastam 30 minutos de reuniões virtual para que o cérebro registre sinais de fadiga. Mais do que duas horas em videoconferência é suficiente para levar o trabalhador ao estado de estresse. Essas duas conclusões são resultado de um estudo realizado pela Microsoft batizado de "O Futuro do Trabalho", uma pesquisa realizada em maio com mais de dois mil profissionais dos EUA, Reino Unido, Alemanha, Itália, México e China.
O objetivo do levantamento era entender, através de entrevistas e estudos do cérebro humano, a experiência dos trabalhadores remotos neste período de quarentena. De acordo com a Microsoft, vários fatores levam à sensação de cansaço e, posteriormente, ao estresse em reuniões longas: ter de focar continuamente na tela para extrair informações relevantes e permanecer engajado; ter de traduzir expressões não verbais; saber de quem é a vez de falar; ter pouca visão das pessoas com quem você está interagindo e a própria luminosidade da tela.
“Presencialmente, a gente consegue fazer a leitura da reunião de outra forma. O nível de concentração exigido em uma videoconferência é maior porque há várias abas para a gente prestar atenção, como chat, imagens das pessoas e a própria apresentação exibida na reunião”, explica Mariana Hatsumura, diretora de trabalho moderno da Microsoft.
Mariana Hatsumura, diretora de trabalho moderno da Microsoft.
Mariana Hatsumura, diretora de trabalho moderno da Microsoft.
Para amenizar o cansaço das reuniões virtuais, o estudo sugere realizar encontros de, no máximo, 30 minutos ou estabelecer pausas para um café, por exemplo, se houver necessidade de estender a conversa por mais tempo. “Também vale incluir um conteúdo que dê uma relaxada na mente dos profissionais, como case ou vídeo interessante que não tenha necessariamente a ver com o trabalho. A ideia é exigir menos processamento do cérebro da equipe”, exemplificou a executiva.
Na avaliação de Tatiana Iwai, professora de comportamento organizacional e liderança do Insper, é comum os gestores agendarem reuniões excessivas que, muitas vezes, não são necessárias e poderiam ser substituídas por emails ou mensagens individuais. “É preciso adaptar o canal ao tipo de mensagem. Ou seja, não enviar qualquer tipo de conteúdo por WhatsApp ou passar todas as mensagens de uma vez durante a videoconferência”, alertou.

Relógio desconfigurado

A pesquisa da Microsoft destaca também que a pandemia terá um impacto duradouro no trabalho. O dia útil de trabalho 9h às 17h pode estar desaparecendo de vez, uma vez que a jornada profissional tende a ser ainda mais flexível, porém sem hora certa para acabar — haja visto o excesso de tecnologia existente para os profissionais estarem à disposição da empresa.
Não à toa, mais da metade (54%) dos funcionários entrevistados que também são pais disseram que está difícil equilibrar as demandas domésticas enquanto trabalham em casa. Essa reclamação é ainda mais comum entre os millennials (profissionais abaixo dos 40 anos), que têm filhos mais novos ou compartilham o escritório com seus relacionamentos ou colegas.
Joana Story, professora de gestão de pessoas da FGV.
Joana Story, professora de gestão de pessoas da FGV.
“Não podemos comparar esse momento com nenhum anterior. Esse não é um home office normal. Tem gente que tem uma ideia errada do que é trabalho remoto e isso terá de ser discutido”, disse Joana Story, professora de gestão de pessoas da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Como este momento de pandemia é atípico e atinge desde a liderança executiva aos funcionários de cargo operacional, 62% das trabalhadores pesquisados se tornaram mais empáticos em relação ao cotidiano de trabalho em casa, apontou a Microsoft. Esse sentimento foi verificado principalmente na China e no México, onde 91% e 65% dos entrevistados afirmaram ter mais afeição aos colegas, respectivamente.
“As culturas são diferentes, mas a China foi o primeiro país a vivenciar a Covid-19 e o primeiro a se recuperar. Por este motivo, eles devem ter uma leitura diferente dos efeitos da pandemia. E esse sentimento necessário para as próprias equipes produzirem. Se não tivermos um lado mais empático, não vamos conseguir trabalhar”, afirmou Mariana.
Tatiana, do Insper, concorda com a diretora da Microsoft e acrescenta que, quando as dificuldades são sentidas na pele por toda equipe, a condição fica mais evidente — principalmente aos líderes. “As respostas que estamos dando hoje para a crise serão incorporadas depois da pandemia, como o home office, que deve se tornar híbrido. Com todos os desafios que vivemos, conseguimos quebrar barreiras que demoraríamos mais em modo normal”, sugeriu ela.

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