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A startup Duolibras ensina Libras com foco no público ouvinte.

Inclusão

Startup curitibana democratiza ensino online de Libras e quer capacitar 100 mil alunos

GazzConecta, com colaboração de Millena Prado
09/02/2021 19:44
Como seria morar em um país onde quase ninguém compreende a sua língua? Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 10 milhões de pessoas no país têm algum grau de deficiência auditiva, de leve a severa. Foi para democratizar o ensino da Língua Brasileira de Sinais e promover a inclusão de surdos que Marcio Ballera e Manolo Torres fundaram, em 2018, a DuoLibras.
A startup curitibana oferece um curso online de Libras que mescla ensino e entretenimento, funcionando como um seriado com com 120 episódios. O curso tem duração de seis meses e certificado de conclusão. Em três anos de atuação, a startup já capacitou 2,4 mil alunos — e a meta dos empreendedores a longo prazo é chegar aos 100 mil.
Viver em um país em que poucas pessoas sabem se comunicar em Libras coloca barreiras para os surdos, que podem enfrentar isolamento social, afetivo e profissional.
Manolo Torres, também conhecido como Manolo Libras, percebeu muito cedo a existência dessa barreira, criando problemas de inclusão Quando criança, ele participou de um grupo de surdos na igreja em que frequentava. Conquistando rapidamente a fluência, passou a ajudar os colegas com deficiência em tarefas cotidianas como intérprete.
Márcio Ballera e Manolo Torres, fundadores da Duolibras.
Márcio Ballera e Manolo Torres, fundadores da Duolibras.
Mais maduro, ao desenvolver trabalhos em startups voltadas para a capacitação de deficientes na área de tecnologia, viu que o caminho mais democrático era o inverso: pessoas com habilidades auditivas plenas, sem deficiência, deveriam se adaptar para se comunicar também com surdos.
"O foco da DuoLibras é ensinar a língua de sinais para o ouvinte. O português não é a primeira língua dos surdos. Por isso, um dos nossos objetivos é disseminar o conhecimento sobre o idioma e sobre a cultura surda", descreve o confundador Marcio Ballera.

DuoLibras no Shark Tank

Os fundadores participaram, em dezembro, da quinta temporada do Shark Tank Brasil, reality show de investimentos em startups no qual investidores avaliam as empresas através da apresentação de um pitch.
Os empresários fizeram uma proposta nada comum aos investidores: 2% da empresa em troca de 15 minutos semanais de mentoria, ao longo de seis meses, com o objetivo de alavancar o crescimento da empresa. A proposta foi aceita pelos tubarões.
A participação rendeu bons frutos à curitibana. Até setembro de 2020, o faturamento da empresa havia chegado a R$ 80 mil. Após a exibição do episódio, a DuoLibras faturou metade desse valor em apenas um mês.
Para o futuro, a ideia da startup é expandir o mercado e atingir novos públicos. Atuando hoje no modelo B2C (Business to Consumer), direto ao consumidor, a ideia é expandir o serviço para vendê-lo para empresas como forma de treinamento para funcionários. “Focar também no B2B (Business to Business) é uma forma de escalar agressivamente e inserir a cultura da Libras dentro das empresas”, conta Ballera.
A DuoLibras também já testa a operação adaptada para franquias de ensino expandindo a atuação e o número de alunos. As duas novas frentes de atuação estão em negociação com futuros clientes. “Queremos ser referência e dar visibilidade à língua de sinais. Mostramos que é possível ter um negocio rentável e socialmente impactante”, finaliza Marcio.

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