Marketing em alta
Em alta, startups de marketing paranaenses atraíram US$ 60 milhões em investimentos em 2020
O mercado de marketing já é tradicional no Brasil, mas vem ganhando relevância com a digitalização dos negócios. Prova disso é que as martechs — apelido para startups de marketing, relacionamento com cliente, automação e web analytics — paranaenses captaram, juntas, US$ 60 milhões em investimentos em 2020.
Em valor investido, o estado fica atrás apenas de Minas Gerais. O estado é sede da Take Blip, empresa que em uma única rodada recebeu US$ 100 milhões em um dos maiores aportes da história do setor no Brasil. O valor representa 50% do total recebido pelas 728 martechs brasileiras em 2020. Juntas, elas acumularam US$ 200 milhões em investimentos. Os dados são do levantamento Martech Report 2021, realizado pela empresa de inovação aberta Distrito.
No panorama do setor, São Paulo concentra a maioria das martechs, somando 356. Na sequência aparecem os estados de Minas Gerais (86), Santa Catarina (62), Rio Grande do Sul (61) e Paraná (54).
As startups de marketing foram um dos primeiros segmentos de startups que surgiram no Brasil, em meados de 2011. Mesmo em um mercado tradicional, a digitalização provocada pela pandemia e a mudança na forma de consumo, agora mais digital, impulsionaram o setor, conforme explica Lilian Natal, head do Distrito.
"No último ano, houve claramente uma necessidade maior de digitalização no mundo inteiro, e a pandemia deixou o marketing mais evidente. Agora observamos diversas iniciativas, como a explosão de influenciadores e outros canais de atuação de startups fora dos tradicionais”, destaca Lilian.
Segundo a especialista, o Paraná aparece entre os cinco principais estados principalmente por conta do número de indústrias e grandes empresas que veem nas martechs uma oportunidade de gestão mais ágil de suas campanhas.
“Percebemos que este cenário está concentrado no sudeste e sul pela concentração de empresas com técnicas de inovação. O Paraná abriga grandes indústrias que consequentemente buscam mais inovação, fomentando o mercado de startups”, explica.
Cases exemplares
Entre os exemplos de sucesso do estado está a aquisição da paranaense Duopana pela martech Squid, em abril de 2020. A Squid atua no segmento de marketing de influência para marcas como Hellmann’s, Consul e 99, conectando anunciantes a influenciadores digitais desde 2014, ano de sua fundação.
A expertise da Duopana em gestão de comunidades digitais chamou atenção da Squid. A empresa foi adquirida para ofertar aos clientes a possibilidade de administração de comunidades, que na visão de Felipe Oliva, CEO da Squid, pode representar o futuro do marketing de influência.
“Estávamos acompanhando a Duopana há quase dois anos para atacar o mercado de marketing de comunidade, que é uma adjacência do marketing de influência. A Duopana consegue aproximar uma comunidade colaborativa em torno de uma discussão que é relevante para determinada marca. Este é o futuro do marketing digital”, revela.
A digitalização também impactou positivamente a Squid, que apresentou crescimento de 107% em faturamento de 2019 para 2020, saltando de 60 para 133 funcionários neste ano.
Para Felipe, a pandemia impulsionou a mudança na jornada do consumidor. Com o crescimento da relevância de negócios digitais, as martechs foram beneficiadas. “Um fato é que as pessoas começaram a usar muito mais as redes sociais e entramos em uma briga pela atenção dos usuários. Neste cenário a vertical de consumo foi impactada positivamente pela pandemia, como um segmento que cresceu”, conta Felipe.
Dados são o futuro do marketing
Entre as tendências para o futuro das martechs, segundo Lilian Natal, está a utilização de dados na composição sobre o que é efetivo em estratégias de marketing digital, analisando o comportamento do consumidor, através de inteligência artificial e modelos de previsão.
Se prever os desejos do consumidor e definir campanhas mais assertivas são o futuro das martechs, a startup curitibana Stardust está no caminho certo. Com foco em análise de performance do marketing a agência fundou em junho de 2020 a SmartData, uma unidade especializada em dados e Bussiness Intelligence (BI). A nova unidade de negócios comandada pelos sócios Cezar Choptian, Fernando Faiad Soni e Carlos Henrique Bonfim conta com 19 clientes.
A análise da SmartData organiza e estrutura as informações internas da empresa para realizar o processo de monitoramento de dados, identificação de problemas e extração de informações relevantes que respondem as necessidades do cliente.
O produto final é um dashboard personalizado que mostra, por exemplo, a porcentagem de convergência das estratégias digitais e possibilidade de atração de novos clientes e indicadores de tomadas decisões de marketing mais assertivas.
Segundo Carlos Bonfim, um dos fundadores da Stardust, o diferencial da startup é a união de conhecimentos de marketing e negócios aplicados a tecnologia. “Desenvolvemos soluções de analise de dados específicas para a solução de cada cliente, conforme a real necessidade, diferente de outras ferramentas. Primeiro entendemos qual é a necessidade. Se o cliente deseja vender mais precisamos analisar taxas de conversão, dias de maiores engajamento, qual seu publico alvo, para verificar qual a real necessidade e possibilidade de solução de marketing para o problema do cliente", finaliza Carlos.
