Thumbnail

Andrea Kohlrausch, presidente da Calçados Bibi: como fazer os 60 franqueados registrarem algum faturamento neste período de crise sem que as unidades fossem abertas?

Varejo

Franquias transferem lojas para ambiente digital para driblar crise do coronavírus

Patrícia Basilio, especial para GazzConecta
29/04/2020 22:15
O fechamento de comércio e serviços não essenciais impactou diretamente as franquias, que representam, em média, 40% de todas as lojas de shoppings. Sem acesso direto ao público, as unidades registraram queda nas vendas em março e acúmulo de produtos em estoque. Em meio a um labirinto de difícil solução, algumas franquias decidiram levar suas lojas para as casas dos consumidores virtualmente, colocando em prática o bordão: “Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai à Maomé”.
Com 120 lojas de portas fechadas por conta da quarentena, Andrea Kohlrausch, presidente da Calçados Bibi, se viu diante de um questionamento: como fazer os 60 franqueados registrarem algum faturamento neste período de crise sem que as unidades fossem abertas?
A solução ao desafio veio em acelerar o projeto de transformação digital que a franquia estava colocando em prática desde 2018: digitalizar cada loja física da marca, em um modelo chamado LFO (Loja Física Online).
“Nosso e-commerce não é mais uma rede, é nossa frente de loja. Estamos testando também um modelo de entrega expressa [em até três horas] com dez lojas e queremos estar com as 120 unidades cadastradas até início de maio”, explicou ela, que negocia parceria com startups de logística como a Loggi.
Segundo a empresária, o diferencial deste modelo para um e-commerce tradicional é que cada loja terá uma espécie de “mini-centro de distribuição” e será responsável por administrar seu próprio estoque fisicamente e virtualmente — de forma que o cliente compre apenas produtos disponíveis no estabelecimento escolhido.
“Nossas vendas online representavam cerca de 5% do faturamento e agora esperamos que cheguem a 10%. Não vamos mais ter o normal de antes, teremos um novo normal”, calculou Andrea.

Redução de lojas físicas

Na avaliação de André Friedheim, presidente da ABF (Associação Brasileira de Franchising), cerca de 10% das franquias serão afetadas pela crise e, como consequência, reduzirão a quantidade de lojas físicas. As dificuldades, pelo menos, unificaram a comunicação das empresas (omnicanalidade). “Franquias não são imunes à crise”, argumentou.
Decidido a fugir das estatísticas negativas do varejo, Rafael Moura, CEO da I Wanna Sleep, migrou suas 11 lojas franqueadas para a internet para chegar, enfim, à casa dos clientes — por meio da LFO. Com o modelo, cada franqueado da marca fica responsável por gerenciar seu e-commerce (dentro do site da franquia) e estoque virtual para continuar vendendo mesmo com a unidade física fechada.
“Ganhamos velocidade e vendemos produtos como se fosse uma pizza. Com a estratégia, os lojistas deixaram um faturamento zerado para ganhar 30% da média anterior à crise do coronavírus. Pretendemos manter e impulsionar essa mudança. Se conseguimos bons resultados agora, podemos aumentá-los após a crise”, avaliou Moura.

Enquete

Estes são os temas mais procurados em relação a cursos sobre inteligência artificial no momento. Se você tivesse que escolher um deles, qual seria sua opção?

Newsletter

Receba todas as melhores matérias em primeira mão