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Comércio precisa se digitalizar para poder buscar novos caminhos após a crise do novo coronavírus.

Hack pelo Futuro

Digitalização é a chave para a reinvenção do comércio pós-Covid

Daliane Nogueira
Daliane Nogueira
21/04/2020 00:55
Encontrar
respostas para o pós-crise, estando no meio da crise. Não é fácil,
mas o momento pede e os empreendedores e inovadores estão com a
energia canalizada para isso em todas as áreas. No comércio de bens
e serviços, não é diferente.
Na
noite desta segunda-feira (20) Robson Privado, da MadeiraMadeira;
Beto Madalosso, da Tutano Gastronomia e proprietário de diversos
restaurantes; e Andrea Sorgenfrei, head de conteúdo da Pinó, da
Gazeta do Povo, debateram como a crise do novo coronavírus tem
afetado o consumo e mudado os hábitos das pessoas.
Essa foi a primeira palestra motivacional do Hack Pelo Futuro, um hackaton proposto pelo Governo do Estado do Paraná que busca soluções inovadoras. O evento teve a mediação de Henrique Domakoski, superintendente de Inovação do Paraná e conta como apoio do Gazz Conecta e da Gazeta do Povo.
Entre os três convidados, um consenso: a certeza de que o mercado consumidor será outro, o consumo de experiências deve mudar e os negócios precisam aproveitar esse período de fechamento e quarentena para se reinventar. E a chave da mudança está na digitalização dos negócios, procurando formas simples de atender no mundo online.
“A gente pensa que é preciso ter um pensamento de crise o tempo todo, para se provocar, pensar diferente. Com a crise concreta, nosso pensamento é focar naquilo que a gente controla. Não sabemos quando isso vai acabar. Então estamos observando o que é possível reduzir em custos fixos e variáveis e buscando uma adaptação rápida, preservando sempre a saúde nossa, dos colaboradores e clientes”, apontou Privado, que é co-fundador do marketplace que atualmente é o maior player de móveis online, com 1,2 milhão de itens no site.
Para
Madalosso, será inevitável a necessidade de simplificar o serviço
nos restaurantes, reduzindo carta de vinhos e outros itens que podem
encarecer a operação. “As pessoas voltarão a consumir, a ir para
o restaurante, a querer esse contato social, mas o ritmo será menor,
pelo menos na retomada, até porque teremos uma crise econômica.”
Crise
que deve afetar diversos negócios. Andrea, ponderou o papel da
comunicação neste processo. “Estamos diante de uma série de
questionamentos, pensando se faz sentido alguns projetos que temos em
vista. É hora de entendermos como a comunicação vai ajudar tando o
novo consumidor, como os empresários de vários ramos de atividade.”
Nessa esteira, as plataformas que fazem parte da Pinó, lançaram um série de projetos que buscam atender essas novas necessidades. É o caso do Seja Bom, um programa de comercialização de vouchers para restaurantes; o Redescubra a Cozinha, que busca ampliar a relação das pessoas com o preparo dos alimentos; e o Manifesto HAUS, que apresenta formas simples de as pessoas ressignificarem suas casas durante a quarentena.
Como um dos fundadores de um negócio que nasceu no mundo digital, Robson fez uma importante ponderação sobre a digitalização dos negócios. "As pessoas acham que a digitalização do negócio é muito complexa, mas até as padarias mais simples, dos bairros estão se adaptando, conversando com clientes por aplicativos de mensagens. A crise vai acabar, pense que a digitalização de um negócio é uma coisa simples. Há muito conteúdo gratuito, há muita gente querendo ajudar. "

Empreender na crise?

Os dois jovens empreendedores gozam de experiências bem-sucedidas no comércio de bens e serviços. Ao serem perguntados sobre se este seria um bom momento para empreender, ambos classificam como sendo um bom desafio a ser encarado. “Empreenda do tamanho que você consegue empreender. No setor da gastronomia há muitos casos assim, com pouco recursos e muito trabalho. Quem empreende agora, nasce para um futuro promissor”, coloca Beto. Robson foca sua fala para os que já têm negócios.
“Pense em como reinventar o seu negócio agora, fechado. Não tenha ansiedade para reabrir. Há muitas iniciativas possíveis. Procure o que outros restaurantes ou outros negócios estão fazendo mundo afora. Não pense em tentar controlar o que vai acontecer, trabalhe com a realidade que você tem na sua mão. Use as facilidades do mundo digital. Olhe o problema e tente se mover mais rápido. Não tem ideia errada agora.”

Novas formas de trabalhar

Tanto
Beto Madalosso quanto Robson Privado acreditam que o momento de crise
é o ideal para a reinvenção dos negócios, por mais batida que
essa máxima pareça, ela se revela especialmente necessária agora.
“Eu
tinha certeza de que precisava ir além do delivery. Lançamos então
pizzas e massas congeladas. Não é um produto novo no mercado, mas é
novo para o nosso negócio. No Madá (pizzaria que leva a assinatura
do chef) vendemos 30 pizzas para uma mesma pessoa, algo pouco
provável no serviço tradicional. Tenho certeza que isso será um
novo negócio para nós”, contou Madalosso.
A
preocupação dele com o delivery também se estende ao bem-estar dos
entregadores, que estão entre os profissionais expostos à
contaminação por coronavírus. “Buscamos ter a responsabilidade
social de proteger esses entregadores, ampliando a segurança para
eles.”
Robson Privado conta que o trabalho nas últimas semanas têm sido intenso. “Sentimos que todos estão muito engajados, dando o seu máximo. Agora precisamos entender como será esse novo normal do mundo do trabalho. A crise encurtou a revolução digital, coisas que aconteceriam em cinco anos, acontecerão em seis meses, no máximo.” Para o empreendedor esse “novo normal” se dará em até 18 meses depois do fim da pandemia. “Esse será um prazo para entendermos como as pessoas vão se comportar.”
O profissional da MadeiraMadeira, apontou que algumas pessoas vão perder seus empregos e haverá receio de consumo imediato. "As empresas precisarão entender esse novo mercado. Será um desafio manter a conexão com o cliente, estar perto das pessoas", comenta afirmando que a marca segue com a perspectiva de investimento em lojas físicas [a primeira foi inaugurada no início de 2020, em Curitiba], mas aguardarão a segurança sanitária necessária.
Robson faz ainda outra consideração sobre o futuro. "A verdade é que sairemos dessa crise mais pobres. É hora de responsabilidade social, de ajudar famílias vulneráveis. É preciso essa reflexão, para sairmos dessa crise mais rápido. Vamos olhar e pensar em dividir mais, abrir-se mais para a solidariedade", finaliza.

Hack pelo Futuro

O projeto foi lançado no dia 16 de abril pelo Governo do Estado do Paraná e busca selecionar ideias que possam minimizar os impactos da da Covid-19 em diversas áreas, como a saúde, economia, comércio, serviços.
Para
motivar e inspirar os interessados, haverá palestras online até o
dia 24 de abril com insights sobre o enfrentamento a períodos de
crise. As palestras acontecerão sempre às 19 horqas no site do
hackathon. É preciso fazer inscrição prévia gratuitamente.
Os
bate-papos são abertos ao público e os conteúdos poderão ajudar
os participantes do hackaton a compreenderem seus desafios para que
possam propor soluções criativas e inovadoras durante a competição
online.
“O
hackaton vai permitir ter pessoas que possam ver se o seu negócio é
viável, se é o momento de lançá-lo. É uma grande oportunidade
para quem quer empreender.
Próximos eventos: cronograma e convidados
Dia 21/04
MOBILIDADE URBANA PÓS PANDEMIA
Mediadora: Marcela Lachowski, Dev. de Negócios & Relação Corporativa em JUPTER
Flávio Tavares | Welcome Tomorrow Mobility Conference
As cidades do futuro. Novos modelos de deslocamento.
Silvia Barcik | Renault do Brasil
As empresas automobilísticas do futuro. Um novo relacionamento com o transporte.
Bruno Montejorge | Ifood
O novo delivery de experiências. Negócios se aderindo ao mercado de entregas.
Dia 22/04
FUTURO DA SAÚDE PÓS-CORONAVÍRUS
Mediador: Nestor Werner Junior, diretor-geral da Secretaria de Estado da Saúde/PR
Marcus Figueredo | Hi Technologies
A relação entre saúde e tecnologia. O futuro da pandemia.
Caroline Cavet | Caroline Cavet Advocacia
A base jurídica da telemedicina. Um novo relacionamento entre médico e paciente.
Dia 23/04
FUTURO DO ENTRETENIMENTO PÓS-CORONAVÍRUS
Mediadora: Ilana Lerner, diretora da Biblioteca Pública do Paraná
Giovana Alcântara | Kantar Ibope Media
Os impactos e as mudanças no comportamento da sociedade.
Felipe Guerra | Jaime Lerner Arquitetos Associados
Preparando as cidades. Reconfiguração dos espaços e áreas públicas.
Leandro Knopfholz | Diretor de Ação Cultural da Fundação Cultural de Curitiba
Culturas emergentes em novos formatos. Novas expressões da cultura digital.
Dia 24/04
TENDÊNCIAS DO MERCADO
Mediador: Gian Rocco, assessor de Inovação da Celepar
Luana Toniolo | TROC
O consumo consciente. Novas oportunidades de emprego.
Michel Costa | Diretor Founder Institute
Investimentos em novos negócios. Empresas e startups do futuro.
Fabio Araujo | Brain Inteligência Estratégica
Tendências do mercado de bens de consumo. Um novo consumidor com novas necessidades.

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