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Segundo levantamento do Distrito, existem mais de 700 startups de Inteligência Artificial no Brasil, que já atraíram mais de US$ 839 milhões em aportes.

Mais de 700 startups no Brasil

De novidade a tecnologia indispensável, inteligência artificial marca futuro da inovação no Brasil

Maria Clara Dias, especial para o GazzConecta
19/02/2021 21:07
O avanço tecnológico tem permitido a empresas o acesso a uma tecnologia ágil, inovadora e promissora: a inteligência artificial (IA). Hoje, o recurso já não é mais tão alheio ao mercado quanto se pode imaginar: já são mais de 700 startups de IA no país, sejam elas voltadas a produtos ou serviços, segundo um levantamento do Distrito, empresa de inovação aberta.
Mas no que consiste essa tecnologia? A IA é um campo da ciência da computação que cria máquinas capazes de pensar e aprender através de recursos como machine learning (ou aprendizado de máquina) e o processo de linguagem, área da IA que “traduz” a linguagem humana de gestos, textos e áudios.
Para a elaboração do estudo, o Distrito levou em conta startups que oferecem IA como produto ou serviço para setores específicos, e também as startups que utilizam do IA em sua atuação, sem necessariamente ofertar a tecnologia em forma de produto para o mercado.
O relatório mostra que o ano de 2020 ajudou a popularizar o uso de inteligência artificial em setores macro e de extrema importância para a economia nacional. Hoje, o grande destaque está no setor de saúde  e biotecnologia, com 60 startups no total. Ele é seguido pelas categorias de RH e gestão de pessoal (48), indústria 4.0 (46), agricultura e comida (46) e serviços financeiros (45).
O setor agro, por exemplo, investe cada vez mais em digitalização e se alia à inteligência artificial para mapear riscos, fazer predições e aumentar a produtividade no campo. “Grandes setores e de movimentação financeira bilionária ajudam a democratizar a IA para todos os players do Brasil e tão breve será uma tecnologia ainda mais acessível”, explica Tiago Ávila, head de dataminer do Distrito.

Um paraíso financeiro

Mais do que um leque de oportunidades, as startups que fazem uso de inteligência artificial são um prato cheio para investidores. Segundo o Distrito, nos últimos nove anos, elas já atraíram, juntas, o montante de US$ 839 milhões em aportes. Pouco menos do que a metade desse valor (US$ 365 milhões) foi captado apenas em 2020, ano em que as startups de IA tiveram o melhor desempenho de toda a sua história.
A tecnologia embarcada também passou a ser um critério para análise de investimentos. Nesse cenário, as empresas que apostam em recursos inteligentes, soluções baseadas em machine learning e respostas automatizadas para solucionar dores comuns a diferentes setores passaram a reter olhares atentos do mercado.
Segundo João Kepler, diretor da Bossa Nova Investimentos, um dos principais fundos de venture capital do Brasil e colunista do GazzConecta, as startups de IA, bem como todas as empresas que priorizam a tecnologia, têm um diferencial competitivo que não pode ser ignorado.
“Sempre buscamos empresas que entendam que a tecnologia é, na maioria das vezes, a solução para grande parte dos problemas, e reconhecem que esse diferencial as impulsiona em relação às demais”, relata
A Bossa Nova é também o segundo principal fundo investidor de startups de IA nacionalmente, seja em número de participação em rodadas, seja em número de startups investidas. O fundo participou de 10 rodadas de investimento em empresas do setor, e concluiu aportes em 10 startups.
A estratégia do fundo consiste basicamente em investir em startups early stage, ou seja, empresas iniciantes que precisam de injeção de capital para promover sua ascensão. “Preferimos dar R$ 1 milhão para duas ou três empresas do que para uma empresa só”, explica Kepler. Desde 2015, a Bossa Nova já investiu em 740 startups. A meta é chegar a mil investidas até o final do próximo ano.

O futuro da IA

Em um futuro próximo, as startups de IA deixarão de existir completamente, e isso será algo positivo. Ao assumir que a tecnologia passará a ser cada vez mais comum, será difícil identificar empresas específicas do setor, tendo em vista que IA fará parte do dia a dia de grande parte das operações - e em todos os setores.
“IA será algo tão comum quanto a internet foi nos anos 2000. Não será mais uma surpresa que empresas utilizem processos de IA, mas será um retrocesso aquelas que não a usarem”, diz Ávila.
Enquanto essa progressão acontece, porém, será possível destacar alguns setores mais desenvolvidos em soluções de IA, como o de serviços financeiros, por exemplo.
“Por ser um setor que movimenta muito dinheiro, esperamos que haja muito espaço para novas soluções ali”, diz. No longo prazo, setores ainda não tão familiarizados com IA, como o setor imobiliário, por exemplo, têm grandes chances de “ganharem vantagem competitiva ao abraçar soluções mais tecnológicas”, afirma.
Uma tendência importante será a preocupação crescente com o uso de dados. Nesse cenário, fazer com que a inteligência artificial seja capaz de garantir a privacidade e prevenir o mau uso de informações será uma oportunidade de negócio inegável para startups, segundo Ávila.
Do ponto de vista do mercado financeiro, de acordo com Kepler, o recomendado é a avaliação de startups que já investem em tecnologia desde já. “Essas empresas compreendem que, assim como a inteligência artificial, tecnologias que são subestimadas em um momento costumam explodir em um futuro próximo”, pontua.
A mesma recomendação serve para empresas que ainda não incluem tecnologia em seus planos de ação. "Investir hoje em tecnologia é algo vital, e com certeza os aportes são uma maneira de acelerar isso", afirma Kepler.

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