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Lucas Ceschin, CEO do James Delivery: “Passamos de um setor com potencial para um setor que, de uma hora para outra, virou um serviço essencial para a sociedade”.

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James Delivery completa 4 anos com aumento de 800% em pedidos no 1° tri de 2020

Aléxia Saraiva
03/06/2020 23:13
A agilidade na integração entre lojas e entrega foi uma aposta do GPA quando, em dezembro de 2018, adquiriu o aplicativo James Delivery. O superapp realiza a entrega de categorias diversas, de supermercados a pet shops. Para as bandeiras do GPA, como Pão de Açúcar e Extra, essa integração foi uma aposta para se fortalecer no setor de entregas.
Essa aposta se provou ser de ouro durante a pandemia do novo coronavírus, durante a qual os pedidos se multiplicaram abruptamente e forçaram as lojas a se adaptar ao modelo de entrega. Só no setor de supermercados, o número de pedidos mais que duplicou durante a pandemia com relação aos meses anteriores.
Hoje presente em 25 cidades, o app curitibano completou quatro anos em maio em meio a uma atualização de metas e planos de expansão. No primeiro trimestre de deste ano, a empresa aumentou o ticket médio em 130% e os pedidos totais em 800%, com relação ao mesmo período do ano passado.
"Durante a pandemia, a gente viu que houve um afunilamento do gap que existia entre um produto de nicho e a sua adoção massiva. Passou de um setor potencial para um setor que, de uma hora para outra, virou um serviço essencial para a sociedade", afirma Lucas Ceschin, CEO e cofundador do James Delivery.
Em uma conversa exclusiva com o GazzConecta, Ceschin relembrou a trajetória da empresa nesses quatro anos, comentou a adaptação ao fluxo intenso de pedidos durante a pandemia e traçou perspectivas para a adaptação de lojas para o delivery no futuro. Confira abaixo a entrevista completa.
Como nasceu o James Delivery?
Nós somos quatro fundadores de Curitiba, mas nossa história começou no Vale do Silício. A gente estava fazendo um curso [de administração de negócios] na Universidade da Califórnia em Berkeley para observar o mercado.
Um dia, a gente estava cozinhando e precisava voltar ao supermercado para comprar pimenta e sal. E nós pensamos: por que não tem alguém para fazer essa compra pra mim? Já tinha delivery de pizza, já tinha Uber. Por que eu tinha que pegar um Uber e ir até lá?
Pensamos que o negócio poderia ir muito além: qualquer produto encontrado em uma loja poderia ser objeto de delivery. Nossa ideia era conectar a cidade como um todo, e que o usuário do James tivesse acesso a pet shops, farmácias, armazéns, açougues da cidade em que ele mora na palma da mão dele. No final de 2015, voltamos para Curitiba e em 2016 iniciamos a empresa.
Como era o modelo de negócios no início da empresa?
A gente começou com modelo de negócios parecido com o que tem hoje, sempre multicategorias e entregando todo o processo em um único aplicativo. O que mudou muito foi o nome: foi de "delivery de tudo" para "superapp".
Como foi a expansão em Curitiba?
Quando a gente lançou o aplicativo, enviamos um pequeno texto no WhatsApp para família e amigos, e só depois do primeiro mês começamos a receber pedidos de outras pessoas. Nosso principal veículo de difusão era o boca a boca. A gente brincava que ou você operava o call center, vendo pedidos entrarem no painel de controle ou fazendo entregas. Não tinha muito hora pra começar e hora pra acabar, e todo o dia a gente estava lá. O James certamente foi uma das primeiras empresas a fazer entrega de bicicleta em larga escala.
Quando a gente veio dos EUA, já tínhamos um investidor americano que desenvolveu a primeira versão do app, e em Curitiba passamos por duas rodadas de investimento com a Curitiba Angels.
Fomos para Balneário Camboriú e para São Paulo, mas era uma expansão bem orgânica. Nosso time tinha 18 pessoas, e ficamos dessa forma por dois anos e meio, com uma experiência de mão na massa.
O que mudou com a compra pelo GPA?
No final de 2018, o GPA estava buscando um app para lidar com o cliente final. Foi uma guinada pra nós entender que nossa empresa poderia crescer muito mais se estivesse aliada a um grande parceiro. Foi um casamento entre as duas empresas.
Em 2019, fechamos o ano com 15 vezes de crescimento. Hoje estamos em 25 cidades, passamos de 18 para centenas de funcionários. O GPA catapultou o crescimento do James, que se deve 100% à parceria estratégia com o grupo.
Como a pandemia do novo coronavírus mudou o segmento de delivery?
Durante a pandemia, a gente viu que houve um afunilamento do gap que existia entre um produto de nicho e a sua adoção massiva. Passou de um setor potencial para um setor que, de uma hora para outra, virou um serviço essencial para a sociedade.
Olhando para exemplos da China e dos Estados Unidos, o Brasil ainda está aquém da infraestrutura de delivery, com diversos desafios de logística para serem resolvidos.
Como foi a adaptação do serviço com esse aumento abrupto no número de usuários?
Esse gap que existia entre Amazon, Ali Baba e Hema, está diminuindo com relação ao Brasil com uma velocidade intensa. A próxima geração das lojas já começa a ser projetada tendo o delivery como uma fonte de receita importante. Elas começam a ser pensadas também para esse tipo de cliente, e isso impacta operacionalmente, com espaços dedicados à operação de delivery até a categorização de lojas, integração de softwares para ter produtos aparecendo em tempo real para o cliente, é uma mudança bastante grande.
Como nós somos do GPA e temos bandeiras muito fortes, como Pão de Açúcar e Extra,  nossa empresa tem uma capilaridade muito grande, com supermercados espalhados pelo Brasil inteiro, mas concentrados em São Paulo e Rio de Janeiro.
O número de supermercados em que opera quintuplicou durante a pandemia, e dobrou o número de shoppers. Esse apoio por parte das bandeiras para o modelo de negócios foi fundamental para que a gente conseguisse crescer.
Então essa integração era necessária para que essa logística se afinasse de uma forma mais ágil?
Integração é a palavra que traduz nosso momento de pandemia.
E, nesse cenário de aumento de fluxo, quais foram os cuidados que vocês tomaram para a proteção dos entregadores com relação ao novo coronavírus?
O primeiro ponto foi cuidar dos supermercados, seguindo as recomendações de cada cidade para a higienização, distribuímos máscaras tanto para entregadores e shoppers e fizemos o delivery sem contato, reduzindo o contato pessoal entre entregador e cliente.
Mas uma ação que deu muito certo foi a gorjeta em dobro: toda vez que um cliente dá gorjeta para o entregador, o James faz o mesmo depósito para ele, dobrando esse valor inicial.
Como vocês enxergam o futuro nesse cenário em que a pandemia absolutamente mudou o dia a dia de vocês?
No nosso negócio houve uma aceleração muito grande na aceleração das metas do ano inteiro. São metas muito mais ousadas.
É lógico que grande parte dos clientes vão deixar a base ou diminuir a frequência de uso depois da pandemia termine, mas a adoção do hábito veio pra ficar. A gente não usa a palavra oportunidade em nenhum momento. O que a gente vê é um aumento de pedidos por conta de uma decisão racional dos clientes com relação a essa situação de calamidade pública mundial.
Mas grande parte da população descobriu um novo modelo de negócio, e acaba tendo mais tempo para poder fazer outras coisas.

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