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MasterClass Governança & Nova Economia

Liderança e cultura são essenciais para manter a viabilidade e a eficácia da empresa

Murilo Basso, especial para Gazeta do Povo
14/02/2020 22:22
“Cultura” é a palavra da moda no mundo corporativo há anos e promover a construção de uma cultura organizacional, com iniciativas pela simplificação e compartilhamento de boas práticas, é um passo importante: liderança e cultura são dois lados da mesma moeda para manter a viabilidade e a eficácia da empresa.
Fomentar a cultura organizacional é ainda mais importante no contexto da alta gestão: delinear um conjunto de valores e crenças que define o perfil da organização é, antes de tudo, uma estratégia de liderança, pois define um padrão de comportamento dos colaboradores, suas decisões, processos e impacto na operação.
E se, por um lado, a liderança oferece uma lógica formal para os objetivos da empresa e orienta as pessoas para esses objetivos, a cultura expressa objetivos por meio de valores e crenças e guia a atividade da empresa e das pessoas por meio de códigos e compreensões compartilhadas pelo grupo, conforme definição do professor de Administração de Empresas da Harvard Business School, Boris Groysberg.
“O que é cultura organizacional e por que isso importa?”, questiona Marina Beraz, MomPreneur (empreendedora e mãe), como se autodefine, na JUPTER, plataforma de ecossistema de inicialização e sistema operacional para ajudar empreendedores a levar seus negócios da ideia à adequação do produto ao mercado.
Marina, uma das professoras do curso MasterClass Governança & Nova Economia, destaca que cultura organizacional é mais que regras e métodos de operação de uma empresa; é o modo de vida da empresa, influenciada por diversos fatores, como o país em que está inserida, além da cultura dos founders e dos colaboradores que constroem a empresa na sua trajetória.
“Cultura, Liderança e Transformação” foram os temas centrais da segunda semana do curso MasterClass em Governança & Nova Economia. Apenas em 2019 o programa organizado pela GoNew.co, edutech focada em alta gestão, a partir das movimentações da Comunidade Governança & Nova Economia, formou 150 profissionais dos mais variados perfis, de empresários a conselheiros, passando ainda por investidores e inovadores. Esses debates nasceram em São Paulo, mas estão sendo realizados em Curitiba ao longo de fevereiro - e as inscrições para uma nova turma, com início previsto para abril, já estão abertas. Confira aqui também a cobertura da primeira semana.

Cultura e felicidade

Cultura organizacional também está ligada à felicidade - tanto dos empresários quanto funcionários e todas as pessoas envolvidas na organização. A ligação entre felicidade e produtividade dos funcionários é evidente em estatísticas que mostram que a cultura de uma empresa afeta diretamente a rotatividade de funcionários, o que afeta a produtividade e, portanto, o sucesso do negócio.
Foto: Divulgação
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Um estudo da Universidade de Columbia mostra que a probabilidade de rotatividade de empregos em uma organização com alta cultura empresarial é de apenas 13,9%, enquanto a probabilidade de rotatividade de empregos em culturas baixas é de 48,4%. “Muitos ambientes corporativos são ambientes de miséria humana”, aponta Guilherme Krauss, fundador da Humans at Work e cofundador da Grande Escola. Segundo ele, a felicidade no trabalho é o sonho de muitos brasileiros no mercado de trabalho: 18,7 milhões de empregados brasileiros (57%) estão insatisfeitos e trocariam de emprego na busca de mais alegria no trabalho, segundo pesquisa do Instituto Locomotiva.
“Gente feliz trabalha melhor e gera melhores resultados”, ressalta Krauss. Análise publicada na Business Harvard School destaca que funcionários leais e apaixonados trazem benefícios à empresa, incluindo clientes leais e apaixonados. Eles ficam mais tempo no emprego, trabalham mais, são mais criativos e encontram maneiras de produzir mais. Além disso, espalham ainda mais felicidade - para outros funcionários, clientes e acionistas.
Já uma pesquisa do Departamento de Economia da Universidade de Warwick descobriu que os trabalhadores felizes são 12% mais produtivos do que os demais, e trabalhadores infelizes são 10% menos produtivos. Por outro lado, baixo engajamento dos funcionários resulta em uma diminuição de 33% no lucro operacional e em 11% no crescimento dos lucros, enquanto as empresas com alto engajamento têm um aumento de 19% no lucro operacional e um aumento de 28% no crescimento dos lucros.

Cultura como estratégia

A relevância de discutir cultura nas empresas está ligada também a estratégia: assim como funcionários satisfeitos trazem melhores resultados, um empresa com uma cultura organizacional fortalecida modifica as abordagens de gestão e investimentos.
“Discussões sobre modelos e estratégias de negócio passam por duas premissas básicas: gestão e cultura”, afirma Diego Barreto, CFO da iFood. Da mesma forma, a relação com os investidores também é permeada pela cultura organizacional, sobretudo nas empresas voltadas para inovação: para aproveitar o potencial inovador de uma startup, o investidor não deve cercear a liberdade dos fundadores e seu time, crava Maria Bofill, sócia corporativo e de M&A na TozziniFreire Advogados. “Não há aproveitamento da inovação se não houver transformação cultural”, ressalta Maria.
Foto: Divulgação
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Essa relação com investidores, aliás, é tópico central para o sucesso de empresas, sobretudo startups. “Milhões de startups estão morrendo enquanto milhares de investidores estão procurando startups para investir”, destaca Bruno Dequech Ceschin, empreendedor, investidor e assessor de investimentos.
Apesar do papel central da cultura no sucesso da empresa, ainda é palavra cercada de misticismo e até medo por empresários e funcionários. Por isso, é necessário desmistificar o conceito e apresentar sua importância de forma explícita, apontam os professores do MasterClass. “Cultura não é uma maldição; ela direciona nosso comportamento e cada ação que decidimos ou não fazer a retroalimenta”, afirma o empresário, consultor, educador e investidor Thiago Ayres.
Dessa forma, a cultura da empresa não se encerra em conceitos e diretrizes: ela se solidifica na prática, conforme aponta o professor Sandro Magaldi, especialista em Gestão Estratégica e Vendas coautor do bestseller “Gestão do Amanhã” e cofundador da plataforma de empreendedorismo meuSucesso.com.
“É a cultura que alavanca todo o processo de ‘metamorfose’ dos modelos de gestão e desenvolvimento”, afirma Magaldi. Por isso, segundo ele, uma revisão estratégica da cultura precisa ser um processo dinâmico. É necessário um processo estruturado, mas que esteja aberto para reflexões constantes e diárias”, conclui.

Cultura na era da velocidade

A discussão faz ainda mais sentido em um contexto de mudanças aceleradas na era da transformação digital, como ressalta Milena Seabra, ex-diretora corporativa do Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCOM). “A transformação digital traz uma renovação no modelo de negócios”, destaca. Segundo ela, só é possível encontrar as melhores formas de lidar com as transformações quando há clareza do porquê das coisas estarem acontecendo.
Da mesma forma, uma cultura organizacional sólida é a forma mais eficaz de atrair a melhor mão de obra para enfrentar os desafios da Nova Economia, conforme destacam as discussões levantadas no MasterClass Governança e Nova Economia e conduzidas por Milena Seabra, André Caldeira, sócio-fundador e CEO da Proposito Capital Humano e coordenador geral do IBGC no Paraná, e Diego Godoy, headhunter e sócio da Easy2Recruit – RecrutamentoFacil.com, todos professores do MasterClass.
Além deles, Marcos Araújo Fernandes, CEO da Valore Investimentos e Michael Fukuda, CTO & Partner da Benkyou, também participaram de bate-papos com os alunos: “O que temos aprendido com as empresas da chamada Nova Economia é que não faremos empresas dessa nova onda econômica com pessoas treinadas para a economia tradicional, criada na Revolução Industrial no final do século XIX”, crava Fukuda.

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