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Tendências de mercado

Lista dos 10 maiores superapps do Brasil tem corrida entre fintechs e varejo

Mariana Ceccon, especial para o GazzConecta
30/09/2020 21:16
Um dos mais relevantes prêmios brasileiros do mundo da internet, o iBest voltou à ativa após 12 anos de intervalo e revelou, na última semana, quais são os principais concorrentes em mais de 50 categorias ligadas a iniciativas digitais. Um dos rankings mais esperados do prêmio foi o de superapps, que elencou dez plataformas nacionais que têm investido na estratégia de diversificar a oferta de produtos e serviços em suas plataformas com o objetivo de concentrar diferentes soluções em um único lugar.
De pagamentos a programas de recompensas e baseados no modelo do chinês WeChat — um dos superapps mais famosos do mundo justamente por concentrar serviços de comunicação, de pagamentos e de compras — os superapps selecionados pelo iBest mostram que a corrida pela preferência do público brasileiro concentra-se em dois principais mercados: o de fintechs e retailtechs (empresas de tecnologias ligadas ao varejo).
Concorrem ao prêmio, cujo resultado deve ser divulgado no dia 8 de dezembro, as seguintes plataformas: Ame Digital, Banco Inter, Cielo Pay, MagaluPay, Mercado Pago, Next, PagBank, PicPay, Rappipay e RecargaPay.
Para chegar ao ranking dos dez maiores superapps do Brasil, os organizadores levaram em consideração parâmetros como alcance e engajamento dos sites, apps e redes sociais das marcas e profundidade de conteúdo, além de crescimento e importância da iniciativa.
A lista conta com aplicativos desenvolvidos por gigantes do varejo como Magazine Luiza e B2W (grupo que engloba as empresas Americanas, Submarino, Shoptime e Sou Barato), mas também desponta com plataformas de outros segmentos, como as financeiras digitais e a de "delivery de tudo", Rappi — que na última sexta-feira (25) recebeu um aporte de mais de US$ 300 milhões para fortalecer sua expansão em toda América Latina.

Fusão de fintechs e retailtechs

Para os especialistas no setor, a tendência é que fintechs e retailtechs passem a se fundir no mercado de superapps através de aquisições de soluções dos dois segmentos nos próximos anos, aumentando a eficácia das operações e a atratividade para os usuários.
"Partindo do princípio de que as fintechs comumente são adquiridas por conglomerados maiores — por motivos como o fornecimento de soluções tecnológicas já estruturadas para recebimento de valores, incorporação da carteira financeira de determinada fintech ou para oferta de produtos e serviços exclusivos para usuários de algum aplicativo em específico — é natural esperar um interesse de aquisição entre essas plataformas", explica Rodrigo Bandeira, vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm).
Para Bandeira, as fusões entre gigantes dos dois maiores segmentos de tecnologia do Brasil não representam uma ameaça aos pequenos e médios empreendedores, que iniciaram a sua jornada de transformação digital recentemente. "Em 2020, um levantamento da ABComm mostrou que tivemos quatro milhões de brasileiros que fizeram uma compra de produto ou serviço online pela primeira vez. Desde o começo do ano, foram 150 mil novas lojas digitais abertas", conta.
"O cenário de fusões entre grandes empresas mais ajuda do que atrapalha os iniciantes do mercado eletrônico, justamente porque elas operam em um modelo de marketplace em que estes novos empresários podem oferecer seus produtos e serviços como parceiros de uma forma que eles não teriam fôlego financeiro para fazer se tivessem que montar uma operação sozinhos", pontua.

Adaptação cultural

Mesmo que as fusões entre retaitechs e fintechs resultem em aplicativos mais completos e com capacidade de abocanhar um número maior de usuários, dificilmente o Brasil terá um superaplicativo dominante, como é o caso da China, mesmo que ferramentas como o WhatsApp, seu concorrente ocidental, consigam viabilizar as transferências de dinheiro e compras nos próximos meses.
O desenho brasileiro deve ser mais próximo da alternância de popularidade dos aplicativos por regiões, a inclusão de desbancarizados nos sistemas financeiros e uma concentração menor de utilidades em um único dispositivo eletrônico, devido ao alto índice de furtos e roubos de smartphones.
"A experiência brasileira deve ser um pouco diferente, principalmente porque na China existe um duopólio de superapps mediados pelo governo. No Brasil, o poder público não opera fintechs e nem aplicativos de varejo, o que torna o nosso mercado mais competitivo", explica Diego Perez, diretor executivo da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs).
"No entanto, a competição acirrada também pode fazer com que um aplicativo se sobreponha ao outro em determinadas regiões e faça com que a evolução no número de usuários seja mais lenta. O WhatsApp entra nessa equação como um elo de ligação entre esses superapps, fazendo com que os usuários transitem de um para o outro utilizando os recursos de comunicação e de transferência de pagamentos, por exemplo. O WhatsApp ganha mais monetizando essa infraestrutura de pagamento e comunicação do que desenvolvendo um grande operador de oferta de produtos e serviços", resume Perez.

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