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Bruno Diniz, autos do livro “O fenômeno fintech” e cofundador da Spiralem.

Entrevista com o autor

Livro retrata expansão das fintechs e transformação dos bancos no Brasil

Patrícia Basilio, especial para Gazeta do Povo
04/02/2020 21:22
Existem cerca de mil fintechs no Brasil. Juntas, elas devem gerar até US$ 24 bilhões nos próximos dez anos, segundo relatório do Goldman Sachs. Apesar de grande, esse mercado deve crescer ainda mais — pelo menos enquanto houver investimentos, afirmou Bruno Diniz, cofundador da Spiralem, consultoria especializada em inovação.
O administrador de empresas, que atuou por sete anos no mercado financeiro, trocou o silêncio dos bancos pela turbulência da área de inovação quando viajou ao exterior para participar de mentorias e eventos de startups. Além de administrar a própria consultoria, ele dá aulas sobre fintechs na FGV (Fundação Getulio Vargas) e na USP (Universidade de São Paulo).
A obra retrata a transformação do mercado financeiro. Foto: Divulgação
A obra retrata a transformação do mercado financeiro. Foto: Divulgação
Em janeiro, ele lançou o livro “O Fenômeno Fintech” pela editora Alta Books. A obra retrata a transformação do mercado financeiro e o crescimento das startups do setor. “Enquanto houver apetite de investidor, vão nascer fintechs no Brasil. O mercado está se abrindo. Os bancos tradicionais, por sua vez, vão se transformar e explorar outros segmentos”, explicou o autor, em bate-papo exclusivo com o GazzConecta.
Confira
entrevista completa abaixo:
Há um limite para crescimento de fintechs no Brasil?
A regulamentação brasileira está abrindo precedentes para abertura de fintechs no Brasil. No Vale do Silício (EUA), por exemplo, não falam em limite para o número de startups. Enquanto houver apetite de investidor, vão nascer fintechs no Brasil. Por outro lado, não devemos esquecer que as startups também quebram — é a lei de mercado. O número de empresas, em geral, tende a subir ainda mais.
O número de bancos digitais também está crescendo muito. É uma tendência?
É uma tendência global. A demanda pelo serviço é muito grande. E não são só as fintechs que oferecem contas digitais, como também as varejistas, como Via Varejo e Magazine Luiza. Chamamos esse movimento de “fintequização” do mercado de serviços. Todo mundo quer ter um braço em fintech. O bom é que as redes varejistas têm outro core business e acabam não dependendo desse negócio. Ou seja, se a conta digital não der retorno, a varejista pode dar um passo para trás. As fintechs, por outro lado, devem oferecer soluções que atendam a necessidade do público. Caso contrário, vão se consolidar com os grandes bancos digitais.
Em seu livro, você afirma que os bancos tradicionais não vão acabar. Como, então, eles vão se adaptar?
Os bancos
tradicionais vão se transformar e explorar outros segmentos. O próprio
Santander está criando fintechs para concorrer com ele mesmo e, desta maneira,
medir o novo perfil dos clientes e a mudança do mercado.
Em quais segmentos as fintechs têm mais potencial para crescer?
Há setores que já estão bastante
saturados, como o de pagamentos. O de crédito, por outro lado, está crescendo
muito, principalmente o de microcrédito e o de crédito para pequenas e médias
empresas. Com a taxa de juros mais baixa, as startups tendem a puxar os
encargos ainda mais para baixo e oferecer serviços melhores.
As fintechs realmente promovem a bancarização dos brasileiros? 
Sim. A
bancarização envolve desde a oferta de serviços básicos, como transferência de
dinheiro de uma conta para outra, a produtos mais completos, como crédito.
Temos muita coisa a fazer no Brasil para promover a educação financeira e
acesso a produtos, mas já estamos avançando. Uma coisa básica, por exemplo, é a
pessoa imprimir um extrato simples e entender. A indústria tradicional não fez
muito esforço para tornar as coisas claras, mas as startups estão ocupando esse
papel.
No livro, você citou que o microcrédito criado por Humammad Yunus não teve aderência do público. Como as fintechs fizeram o modelo dar certo agora?
O microcrédito virou uma oportunidade de negócio por si só e passou a ofertado diretamente das fintechs aos clientes — sem ser terceirizado pelos bancos, como era antigamente. Ou seja, agora as startups estão focadas no serviço, dando atenção integral ao produto e entendendo a dinâmica do setor.

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