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Venture capital

Mercado de venture capital desaquece no Brasil com crise do novo coronavírus

Patrícia Basilio, especial para GazzConecta
08/04/2020 21:43
Após registrar números animadores em 2019, o mercado de venture capital no Brasil deve registrar uma forte desaceleração no primeiro semestre deste ano, comprometendo os resultados de 2020 como um todo. O valor investido em negócios de estágio inicial em março foi metade do registrado no mês anterior (fevereiro) e metade do mesmo mês de 2019, segundo levantamento global realizado com 139 investidores pela 500 Startups e obtido com exclusividade pelo GazzConecta.
“Começamos janeiro e fevereiro com fôlego, mas em março houve uma desaceleração e todo mundo colocou na conta da pandemia. Apesar do cenário negativo, as startups devem aproveitar oportunidades para se aproximar de grandes empresas, já que elas estão reconsiderando investir em tecnologia”, ponderou Flávio Dias, sócio da 500 Startups no Brasil, fundo de venture capital sediado no Vale do Silício, nos EUA.
De acordo com a pesquisa, intitulada "O impacto da COVID-19 no clima de investimento em estágio inicial", a pandemia vai afetar os planos de investimento de 83,45% das empresas, sendo que 31,65% delas ainda não sabem como a alocação de recursos vai mudar em decorrência da doença. Em meio a incertezas, 62,6% das companhias acreditam que o mercado de inovação vá se recuperar entre um e dois anos, enquanto 20% delas são mais otimistas e enxergam melhoras em até um ano.
“Na 500 Startups, há ótimas oportunidades de negócios. Não vamos enxugar o valor de investimento, mas seremos mais seletivos [ao investir em startups] porque precisamos nos preparar para um cenário que pode se estender por mais tempo”, explicou o executivo.
Na avaliação de Gustavo Gierun, cofundador do Distrito, empresa de inovação aberta, o mau desempenho de março é preocupante para o setor de venture capital porque marca o início do exercício fiscal no Brasil — após as festas e o feriado de Carnaval. “Chegamos em março com uma queda de 80% em valor de investimento realizados em relação ao ano passado. As grandes rodadas de investimento ainda não aconteceram”, contabilizou.
Estudo do Distrito corrobora a afirmação de Gierun: ao longo dos três primeiros meses do ano, 57 rodadas de investimento investimentos foram realizados no Brasil, número 3,4% inferior ao mesmo período do ano passado e 20,8% inferior a 2018.

Fôlego para 2020

Apesar do cenário desanimador, o executivo comemora os investimentos realizados em startups brasileiras nesta semana: o da Petlove e o da CargoX. “A boa notícia é que há várias negociações em transação e tudo que estava prometido será honrado. Teremos anúncios de investimentos interessantes neste mês e no próximo, mas vamos passar de três a seis meses com redução de aportes”, ponderou o administrador.
Outra mudança que deve ocorrer por conta da crise do novo coronavírus está relacionada ao valuation (valoração) das empresas, que “vai sofrer reajuste por conta da revisão dos planos de crescimento das startups”, analisou Lucas de Lima, cofundador da Caravela Capital, fundo de venture capital curitibano, que em breve deve investir R$ 6 milhões em três startups (não reveladas).
Para o investidor, fundos estrangeiros serão mais conservadores a partir de agora. Desta forma, os empreendedores devem ter cautela com os gastos e criar um plano para retenção de talentos. “O cenário de investimentos futuros ainda está nebuloso, embora fundos captados a menos tempo, como a Caravela, devam continuar selecionando empresas”, conclui.

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