“O brasileiro tem tudo a ver com o TikTok”, diz head do app ao explicar sucesso

Vídeos curtos, leves e divertidos, com foco em entretenimento fizeram do TikTok um dos aplicativos de mídia mais baixados do ano, no mundo e um dos refúgios dos brasileiros neste período de isolamento social, por conta da crise do coronavírus.

Segundo o site especializado DataReportal, o aplicativo se aproxima de 1 bilhão de usuários no mundo. Em março, foram 115 milhões de downloads únicos pelo Google Play e App Store, quase o dobro do mesmo mês de 2019, segundo o Sensor Tower, outro site do segmento. O Brasil corresponde a 9,4% desses downloads. A título de comparação, o WhatsApp teve 76 milhões de downloads no mundo — mas seu pico foi anterior ao TikTok.

Em entrevista ao GazzConecta, Henrique Fares Leite, head of music industry relations latin america do Tik Tok (responsável pela parte musical do TikTok na América Latina), disse que o aplicativo se tornou um “companheiro” dos usuários nesta quarentena e destacou que o Brasil é um dos cinco maiores mercados do mundo para a empresa.

Confira bate-papo exclusivo com o executivo abaixo:

O TikTok é muito inovador. O aplicativo traz uma leveza muito grande e está focado em novidades, principalmente em entretenimento. Nessa quarentena, ele acabou sendo um grande pool de conteúdo, em que o usuário tenta se engajar. É quase como um companheiro, que traz uma proposta de experiência sem preconceito, sem bullying.

A relevância cultural do Brasil também tem muita importância, principalmente pelos artistas que não têm espaço para divulgação de seus trabalhos. Essa proposta de valor que junta entretenimento, criatividade, leveza e positividade é muito relevante. As pessoas gostam muito. Traz ao dia a dia. Os vídeos têm essa dinâmica de gerar gargalhadas descompromissadas.

Como é um aplicativo, o TikTok é usado mais por millenials e pela geração Z [21,1% desse público utiliza o aplicativo, segundo dados da Squid], mas há usuários de todas idades. Fiquei sabendo de um senhor que assiste a vídeos de pássaros e, no início, não sabia que estava usando o TikTok. Os jovens, contudo, têm mais desenvoltura que os adultos para produzir conteúdo e, por este motivo, representam o principal público do aplicativo.

Há uma diversidade grandes de vídeos até porque produtores de conteúdo estão interessados na plataforma. Há bastante conteúdo de culinária porque as receitas são curtas e rápidas. Também há muitos vídeos de comédia por tudo que o humor vem representando neste período. Gostamos dessa desenvoltura leve dos formadores de opinião. Dança, beleza, moda, faça você mesmo, jardinagem, mecânica e esporte também fazem parte da plataforma.

Também é importante perguntar às pessoas o que elas gostam e o que o TikTok as oferece. Para cada perfil, é proposto um conteúdo diferente. Temos uma tendência de achar que o app é centrado no conteúdo que vemos, mas ele é focado em cada perfil. Há uma diversidade de assuntos.

A plataforma sugere o que é surpreendente e relevante para você, não o que as pessoas que os usuários seguem gostam. O TikTok não é um app de consumo passivo. Ele quebra a barreira de conforto do usuário e faz ele consumir o que não conhece.

É surpreendente a quantidade de pessoas que tenta produzir conteúdo pela primeira vez no aplicativo. Quem tem um TikTok na mão é um potencial estudante de audiovisual. Há vários criadores de conteúdo, que se dedicaram a testar e criar ferramentas com uma marca, que estão sendo convidados para trabalhar com essas empresas. Estamos em uma comunidade que valoriza quem é criativo e coloca a cara no sol. As marcas também estão se aproximando de criadores para gerar conteúdo. Os jovens entendem a plataforma como ninguém e são uma ponte para as companhias entenderem as plataformas.

Ainda não abrimos a parte comercial do TikTok no Brasil, então só é possível se promover de forma orgânica. Algumas vezes criamos parcerias, como a que fizemos como o Guaraná Antarctica, Havaianas e BBB.

De qualquer forma, não existe interferência monetária no sucesso dos usuários na plataforma no exterior. Não queremos que o interesse comercial se sobreponha às pessoas, tampouco empurrar conteúdo aos usuários, a não ser quer seja em um espaço comercial.

Em geral, todas as marcas estão atentas ao TikTok. Elas também estão aprendendo a lidar com o aplicativo e sua audiência. O TikTok tem uma linguagem propositiva, não é tão dura. Estamos tendo cuidado cuidado com a aproximação do mercado brasileiro. Tudo é uma curva de aprendizado.

O Brasil é foco total da empresa, não escapa de estar entre os cinco maiores mercados do mundo. Quanto mais o brasileiro usa a plataforma a seu favor, mais ele ganha relevância no número global de usuários e em engajamento. O brasileiro tem tudo a ver com o TikTok.

Área de efeitos e filtros está sempre sendo atualizada e recentemente atualizamos a questão da família. Passamos que permitir que os pais personalizem as configurações pessoais dos adolescentes no aplicativo, bloqueando algumas configurações, por exemplo.