Livro

“O futuro é smart”: André Telles relança obra para 30 países; leia entrevista

Mariana Ceccon, especial para o GazzConecta
06/08/2020 13:37
O futuro é agora. É nesta máxima que acredita o especialista em inovação e governos inteligentes André Telles. Autor do livro "O Futuro É Smart", publicado em dezembro de 2018, Telles agora anuncia o relançamento da obra em 30 diferentes países com uma versão digital em inglês. A versão traduzida promete atingir um público internacional conceituando como a inovação pode ser usada a favor da criação de políticas sociais e geração de valores para a população.
"Está mais atual do que nunca", diz Telles ao comentar o relançamento diante da pandemia do novo coronavírus. "Reaprender e remodelar são conceitos abordados no livro, é dessa forma que se trabalha de um jeito smart", relata.
Prometendo discutir questões como o trabalho na nova era, a ascensão das carreiras criativas, o futuro da privacidade e como as cidades e gestão pública podem melhorar por meio da inovação, o livro foi rebatizado como “Re-designing the smart future: how new technologies are transforming businesses and the 2020 world we live in”. Traduzido pela PUC Idiomas e lançado pela PucPress, a obra está disponível em inglês e em português nas lojas da Amazon, Apple Books, Google Books e Kobo.
O autor falou com exclusividade ao GazzConecta sobre como a pandemia do novo coronavírus trouxe a discussão sobre um futuro smart muito mais próximo de nossa realidade. Confira!
A versão em português do livro foi lançada em 2018, quando sequer imaginávamos uma pandemia global. O que mudou na sua visão de lá para cá?
O livro nunca esteve tão atual quanto hoje. A única coisa que temos certeza é que o futuro é incerto, e isso é abordado no livro através do acrônimo VUCA (traduzido do inglês, volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade).
A pandemia nos coloca diante deste cenário de forma acelerada, mostrando que tanto as empresas quanto a sociedade em geral precisam ter um planejamento estratégico para lidar com essa insegurança. É necessário focar em um planejamento vivo e flexível, que possa ser alterado com a agilidade que as crises demandam. E uma das coisas que a Covid-19 fez foi nos colocar nesse cenário de forma acelerada, onde o futuro confunde-se com o presente.
Você acredita que esse é um marco histórico para a
inovação?
No século 20 tivemos grandes inovadores, como Tesla ou Edison, que tinham grandes ideias, mas muitas vezes não as conseguiam viabilizar por falta de tecnologia.
Nós, ao contrário, temos à nossa disposição tecnologias como blockchain, big data, inteligência artificial. Nosso desafio é dar vazão a essas tecnologias tentando resolver desafios sociais. Pela primeira vez em quase 100 anos, temos uma visão de futuro na qual é possível tornar algo plausível ainda no nosso presente.
A maioria das pessoas enxerga de maneira clara os pontos negativos do momento que estamos vivendo, os mesmos pontos que acabam embaçando o aspecto fantástico que é olhar para frente e perceber que o futuro é executável, smart e temos a chance de desenhá-lo agora.
Com tanta tecnologia haverá espaço para o trabalho humano?
Eu acredito que as relações de trabalho são pautadas não apenas pela tecnologia, mas também pelos avanços sociais em geral. A própria concepção do trabalho mudará e estará mais ligada à ideia de propósito e realização, do que a de sustento.
Sem dúvidas, com a possibilidade do trabalho remoto, as competências múltiplas, a robotização e a inteligência virtual, incentiva-se o crescimento do capital intelectual em detrimento do capital motor. Isto gerará uma guerra por talentos entre cidades e países. Era algo que já vinha ocorrendo, mas com o novo coronavírus essa tendência foi antecipada de forma drástica. Tendo a ver isso de forma bastante otimista, que impactará positivamente a relação entre empregadores e trabalhadores.
Usando sua experiência na
gestão da inovação no Paraná, como o “smart” será aplicado no Brasil em médio
prazo?
Tanto em esfera municipal quanto na estadual e federal eu vejo o conceito do smart sendo melhor desenvolvido na administração pública em prol da transformação digital dos serviços prestados.
No Paraná, por exemplo, aplicativos como Paraná Solidário foram desenvolvidos para conectar doadores e instituições beneficentes. Em poucos meses, mais de 10 mil itens entre alimentos, vestuários e eletroeletrônicos foram doados através da plataforma. Campanhas como a do agasalho estão sendo promovidas digitalmente. Então da porta para dentro da administração eu vejo a tecnologia sendo usada para ampliar o capital social, o que nos aproxima muito do modelo de inovação da Estônia.
Já da porta para fora, o Brasil tende a estimular o sistema de inovação como um todo, de indústrias a startups, de forma similar ao que Israel fez. É o conceito de smart nation, um trabalho de capacitação de base e incentivo ao empreendedorismo para a exportação de ativos tecnológicos.
Nas próprias bibliotecas públicas do Paraná, poucos meses antes da pandemia, estávamos implementando óculos produzidos em Israel, capazes de digitalizar todo o conteúdo escrito e reproduzir em áudio para que pessoas cegas ou com baixa visão pudessem acessar o acervo. Então incentivar a inovação através do empreendedorismo é o futuro da própria economia.

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