Thumbnail

E-commerce

Quatro estratégias logísticas para minimizar os impactos da greve nos Correios

Mariana Ceccon, especial para o GazzConecta
26/08/2020 21:53
Deflagrada no último dia 17, a greve nos Correios contra a privatização da estatal segue sem previsão de encerramento. De acordo com um levantamento feito pela plataforma de criação de e-commerces Loja Integrada, oito em cada dez pequenos e médios empresários brasileiros dependem dos serviços postais dos Correios para realizar a entrega de encomendas e estão sendo impactados pela paralisação.
No último balanço divulgado oficialmente pelos Correios na semana passada, 83% dos trabalhadores estavam em seus postos. Apesar das baixas, a estatal reforça em seus comunicados à imprensa que desde o início da pandemia do novo coronavírus reforçou a contratação de mão de obra e passou a autorizar a realização de horas extras, além de locar mais transportes de carga para atender a demanda crescente dos comércios eletrônicos.
Com o impasse entre a gestão da estatal e os trabalhadores, além do aumento da demanda causada pela pandemia e digitalização do setor de vendas de grandes redes, a saída, de acordo com especialistas na área, é repensar a logística de entregas e diversificar as formas como os produtos são entregues aos clientes.
Para o GazzConecta, Fernando Sartori, fundador Uello — startup de logística que usa tecnologia para mapear as melhores rotas ao frete urbano — elencou quatro saídas operacionais para reduzir os impactos da greve nos negócios e manter o caixa ativo. Confira!

Comunicação

Primeira solução a ser tomada por qualquer comércio eletrônico, a comunicação de que os prazos de entrega dos produtos comprados online podem ser alterados por conta da paralisação nos Correios é imperativa.
Para Sartori, esse aviso deve ser dado no momento de fechamento da compra. “Sou a favor da ‘hipertransparência’ com os clientes. É preciso deixar claro que a greve é temporária, mas atrasos poderão ocorrer”, pontua. “O melhor momento é no pagamento do carrinho de compras. Colocar no topo do site, logo no início da jornada, pode soar como uma promoção da greve”, explica o empresário.
A clareza das informações também deve ser estendida as políticas de troca, que precisam ser atualizadas com novos prazos, além de estabelecer um canal de atendimento ágil para retirar as dúvidas dos clientes e fornecer informações sobre o processo de entrega, aumentando a credibilidade online da loja.

Terceirizar entregas

Após atualizar as informações na loja virtual, inicia-se um processo de busca por parceiros terceirizados para entrega, em geral startups e outras redes de tecnologia logística.
“A dica aqui é comparar não só o preço, mas também o que pode ser um diferencial premium para o cliente. Se o custo do frete vai subir um pouco, é preciso selecionar empresas que façam o envio rápido, algumas até no mesmo dia e que disponibilizem o rastreio em tempo real de onde o produto está naquele momento”, pontua Sartori.
Utilizar mecanismos de busca, veículos especializados e ranking de startups são as fontes indicadas pelo empresário para selecionar empresas logísticas em cada região do país. “Isto vale para o pós-greve e pandemia também. Ter outras opções de entrega para os clientes, um plano mais econômico e outro premium enriquece a experiência do usuário”.

Operar em marketplace

Ter uma operação de vendas e entregas próprias muitas vezes garante uma rentabilidade maior para os negócios. No entanto, unir as vendas a grandes redes que operam como marketplaces significa atingir um público maior e também usufruir de uma rede de entregas que não depende necessariamente dos Correios. É o que aconselha o fundador da Uello.
A decisão deve ser tomada pesquisando as taxas de adesão as grandes redes, mas também é necessário certificar-se de que o parceiro possui uma cadeia de entregas privada. “O marketplace amplia a visibilidade do seu negócio e a maior parte deles já possui uma solução logística própria. Outros ainda apoiam parte de suas operações nos Correios, apesar disto já estar mudando. Pesquisar isto é fundamental para não acabar dependendo igualmente da malha da estatal”, resume.

Habilitar retiradas pelo consumidor

Outra opção complementar seria estruturar uma operação que
permita que os clientes façam a retirada dos produtos diretamente nas lojas, em
lockers urbanos, pequenos pontos comerciais e até mesmo com drive-thru. “Algumas
grandes redes varejistas já adotaram esse modelo, inclusive em parceria com
pequenos comerciantes regionais, transformando estes espaços em pontos de
retirada, tanto de entrega como para a logística reversa, fazendo com que o
consumidor não precise ir necessariamente até uma agência dos Correios para
devolver um produto”, explica Sartori.
O perfil do público deve ser levado em consideração antes da tomada desta decisão, entendendo se o consumidor está disposto a se locomover para buscar o produto, se há espaço físico no ponto de venda para estruturar uma retirada presencial ou até mesmo as possibilidades de entrega em pontos de ônibus, metrôs e outros modais.“Existe público para todas essas opções e é preciso entender que com o crescimento do e-commerce, aparece a necessidade de ter diferentes abordagens de entrega. A logística não pode ser um entrave para o desenvolvimento do comércio online”, pontua.

Enquete

Estes são os temas mais procurados em relação a cursos sobre inteligência artificial no momento. Se você tivesse que escolher um deles, qual seria sua opção?

Newsletter

Receba todas as melhores matérias em primeira mão