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Tour virtual no prédio Bosco Centrale (GT Building), em Curitiba, realizado pela Fyr Studio.

Tecnologias de imersão virtual

Pandemia tornou digitalização do mercado imobiliário questão vital

Mariana Ceccon, especial para o GazzConecta
25/08/2020 18:22
O desejo de comprar um novo imóvel não foi suprimido pela pandemia do novo coronavírus. A Datastore Series de julho, uma das mais importantes análises de dados do mercado imobiliário, mostrou que cerca de 11 milhões de famílias brasileiras pretendem comprar um imóvel nos próximos 24 meses. Outro relevante dado deste segmento foi levantado pelo portal de vendas OLX, que entrevistou seus usuários no início de julho e constatou que, para 60% deles, a vontade de achar um novo imóvel permaneceu igual ou aumentou durante a pandemia.
Para atender esta demanda de forma rápida e prática e ao mesmo tempo diminuir os riscos de exposição à Covid-19, imobiliárias, incorporadoras e construtoras estão apostando corrida em busca de tecnologias de imersão e apresentação digital de imóveis novos, usados e até mesmo aqueles que ainda estão na planta.
O Grupo ZAP foi um dos pioneiros a analisar a influência da Covid-19 no mercado imobiliário e em uma ampla pesquisa conduzida em junho mostrou que os profissionais deste setor passaram a adotar com mais intensidade medidas para auxiliar a busca por parte do consumidor. As três medidas mais buscadas foram: em primeiro lugar, utilização de fotos profissionais dos imóveis nos anúncios em sites e portais (56%), seguida de contato com o corretor via vídeo (51%) e por fim a transmissão de visitas aos imóveis via ferramentas de vídeo (47%).
Para especialistas deste segmento, o futuro está em experiências imersivas dentro desses imóveis, em especial as ferramentas de tour virtual. A tecnologia permite que, através da captura de imagens em 360° de imóveis prontos e de projetos, clientes possam observar todos os detalhes de um espaço, substituindo visitas presenciais.
“Estamos falando de um mercado de quase oito milhões de imóveis prontos anunciados no Brasil, e menos de 1% deles usa tours virtuais. Para os que estão na planta, diria que metade já adotou essa tecnologia”, explica Francisco Toledo, CEO e fundador da iTeleport, uma das 29 startups brasileiras que estão trabalhando para oferecer ferramentas digitais de imersão para este mercado, que incluem visualizações de imóveis tanto em desktop, quanto em smartphones e também com o auxílio de óculos de realidade aumentada.
Somente a iTeleport viu seu faturamento crescer em 48% do primeiro para o segundo trimestre deste ano, em razão de novos negócios fechados no segmento de imóveis prontos.
“Não apenas pela vantagem da segurança e de não precisar deixar o imóvel preparado sempre para visitas. É questão de qualidade de vida para os consumidores. Em questão de uma hora, com os tours é possível visitar 15 imóveis. Quanto mais opções puderem ser avaliadas, melhor escolhas serão feitas”, resume Toledo. “É uma tendência e não só para imóveis residenciais. Recentemente fizemos um projeto para a Pinacoteca de São Paulo. Antes da pandemia, o número de visitas online a este tour era de menos de mil pessoas por mês. Desde o fim de março esta média saltou para 25 mil”, relata.

Mudando a forma de fazernegócios

Se para os clientes entrar virtualmente dentro de imóveis ajuda a sanar a maior parte das dúvidas iniciais e até mesmo fechar negócio, para os corretores e profissionais da área investir em um sistema de tour virtual pode significar economia e um ponto fundamental na estratégia de marketing.
Em geral, custear este tipo de ferramenta pode ser feito através de planos mensais, com valores partindo de R$ 1 por mês para cada imóvel tratado dentro destes tipos de plataforma, até a criação de um sistema próprio completo, com valores que podem atingir R$ 50 mil, dependendo dos recursos demandados. As possibilidades abrem-se também para a migração dos plantões de vendas e imóveis decorados, com projetos de imersão virtual diversos, adaptados a diferentes estilos de clientes. A tendência é que este tipo de tecnologia também seja levada a feiras de imóveis e encontros de empresários do setor.
“Até pouco tempo o tour era visto como um desejo, quase supérfluo, por quem vende imóveis. Com a pandemia, isso virou necessidade e nos próximos meses, não tenho dúvida que será praticamente uma obrigação para fazer negócios”, diz Renato Rodrigues, CEO da Banib Conecta, plataforma especializada em tours virtuais.
A startup teve alta de 95% no número de visitas para tours dentro da plataforma, alcançando mais de 412 mil acessos no primeiro semestre de 2020. “É preciso desmistificar que um tour é algo chamativo, para ficar imagens rodando. É uma ferramenta complexa de vendas. É possível analisar quanto tempo cada visitante fica em cada cômodo, por exemplo. Antes da pandemia, a área de churrasqueira era campeã no tempo de visualização. Hoje, sacadas e jardins viraram prioridade. As pessoas querem visualizar online a vizinhança e a paisagem”, aponta.
Para Rodrigues, a adoção destes sistemas fará parte da rotina de corretores, em curto prazo. “Alguns levantamentos dão conta de que um corretor chega a tirar do próprio bolso R$ 40 mil por ano em custos com visitas. Por vezes é necessário levar duas, três vezes a mesma família ao mesmo imóvel para dúvidas que poderiam ser sanadas com as imagens em 360°”, pontua.
Para conquistar o público e converter visitas em vendas, não basta apenas utilizar uma ferramenta digital imersiva. É preciso encaixá-la numa estratégia coerente de vendas e marketing. É o que aconselha Robison Calaça, CEO do Fyr Studio, startup curitibana que também desenvolve essas tecnologias de interação. “Há cinco anos essas ferramentas passaram a ser mais largamente usadas no Brasil, a pandemia no entanto as tornou vitais”, explica o profissional.
“É importante entender que a ferramenta isoladamente não resolve os problemas. É preciso estruturar uma campanha para aproveitá-la ao máximo. Somente disponibilizar um link em um site é diferente de você conectar um corretor em uma vídeochamada, organizando uma visita virtual guiada por esse imóvel. Isso é uma forma de tornar a tecnologia poderosa e potencializadora de resultados”, resume Calaça
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